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Na Câmara, manobra para atrasar Lei da Copa

O Globo, O País, p. 10
21 de Mar de 2012

Na Câmara, manobra para atrasar Lei da Copa
Deputados rebeldes da base forçam para votar primeiro o Código Florestal, o que o governo tenta evitar a todo custo

Maria Lima, Chico de Gois e
Gerson Camarotti
opais@oglobo.com.br

BRASÍLIA. O governo se saiu bem no Senado, mas patinou na Câmara na estreia de seus líderes nas casas, Eduardo Braga (PMDB-AM) e Arlindo Chinaglia (PT-SP), respectivamente. No Senado, Braga conseguiu aprovar sem problemas a medida provisória 547/2011, que trancava a pauta e caducaria hoje. Já na Câmara, Chinaglia viu a Frente Parlamentar da Agricultura ganhar mais adesões, inclusive a do líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), empurrando a votação da Lei Geral da Copa para depois da apreciação do Código Florestal, o que o Planalto não quer.
Para explicitar a insatisfação do PMDB com o tratamento recebido da presidente Dilma Rousseff, o comando do partido decidiu fazer "corpo mole" na votação da Lei da Copa, incentivando rebeldes das bancadas evangélicas e ruralistas.
A vida de Braga foi facilitada por conta do tema da MP 547, que institui a Política Nacional de Defesa Civil e trata também do Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil e do Conselho Nacional de Proteção e Defesa Civil, de interesse de todos os estados. Braga visitou ontem o senador Blairo Maggi (MT), líder do PR no Senado. A bancada de senadores do PR se declarou independente, porque não conseguiu reaver o Ministério dos Transportes. Braga negocia a volta desses senadores à base.
Comando do PMDB se reuniu com Temer
Se a revolta peemedebista do Senado ainda não aparece publicamente, nos bastidores está ativa. Anteontem, integrantes do comando do PMDB se reuniram no Palácio do Jaburu, com o vice-presidente Michel Temer, para discutir estratégias diante da disposição da presidente de mudar a correlação de forças no Congresso. Na reunião, criticaram Dilma e Braga. Mas, segundo um dos presentes, o grupo ainda não decidiu como reagir. Lembraram que Dilma já comprou briga com o Judiciário, ao vetar o aumento dos magistrados no Orçamento da União, com os militares com a Comissão da Verdade e, agora, com o Legislativo, ao desafiar as cúpulas dos partidos aliados. Nas conversas, compararam o jeito de o ex-presidente Lula governar e o de Dilma, que teria ficado furiosa "por causa de uma coisa menor": a rejeição de Bernardo Figueiredo para a Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT).
Avaliaram que ainda não está na hora de dar um troco no Senado à troca de comando e à tentativa de enfraquecer o grupo do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). E já esperam por novas investidas da presidente:
- A próxima cartada da Dilma será tirar o ministro Edison Lobão da pasta de Minas e Energia, para disputar a presidência do Senado com o Renan - acredita outro.
Na Câmara, Chinaglia suou a camisa para evitar uma derrota. O líder do PTB, Jovair Arantes (GO), deixou claro o descontentamento com o governo.
- Acertamos (com a bancada ruralista) que só votamos a Lei Geral da Copa depois do Código Florestal. Dilma não quer, porque vai ter que se explicar lá na Rio+20. Mas isso não é problema nosso, não! O código é muito mais importante do que esse trem de Copa. E queremos manter o texto que aprovamos aqui na Câmara. Vai ser uma derrota para a presidente Dilma, mas uma vitória para o Brasil - disse Jovair Arantes.
Além da expressiva força da bancada ruralista, Chinaglia terá que acalmar líderes do PTB e do PSC, que hoje formam um bloco informal para votar desgarrado do governo. À falta de cargos na Esplanada, soma-se a queixa dos dois partidos ao comportamento da presidente. Jovair reclamou que na semana passada Dilma Rousseff foi a Goiás visitar as obras da Ferrovia Norte-Sul e desdenhou dos parlamentares goianos, não convidados para acompanhá-la.

O Globo, 21/03/2012, O País, p. 10

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