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Museu faz censo de espécies

OESP, Vida, p. A29
18 de Mai de 2012

Museu faz censo de espécies
Catálogo do Emílio Goeldi fará parte de mostra no armazém do cais do porto, na Rio +20

CLARISSA THOMÉ / RIO

O Museu Paraense Emílio Goeldi lança hoje, em Belém, o projeto Censo da Biodiversidade. A ideia é que institutos de pesquisa de todo o País mapeiem a biodiversidade da fauna e da flora brasileira e montem um banco de dados, atualizado anualmente. Além de animais e plantas já descritos, o censo recebe a contribuição de 130 espécies catalogadas recentemente pelos pesquisadores do Goeldi.
Elas farão parte da exposição A Amazônia Desconhecida, que o museu montará no armazém do cais do porto, no Rio de Janeiro, durante a conferência Rio+20.
As 130 espécies - 49 da fauna e 81 da flora - foram reunidas na publicação Espécies do Milênio, também lançada hoje no Pará. São insetos, aracnídeos, peixes, anfíbios, aves e mamíferos. Também há fungos, bromélias, orquídeas, arbustos e árvores.
O fato de terem sido descritos na última década não significa que sejam organismos recentes, alertam os pesquisadores. Descrever a nova espécie toma tempo e necessita que seja feito todo um rastreamento das espécies semelhantes.
Classificação. O estudo permitiu ainda corrigir informação a respeito de espécies catalogadas equivocadamente. Entre os mamíferos descritos, está o Mico rondoni, que estava registrado como pertencente a outra espécie. Para fazer a revisão da classificação taxonômica, os pesquisadores utilizaram novas tecnologias, como a biologia molecular.
Além das chamadas "espécies do milênio", o Censo da Biodiversidade também já conta com aquelas que compõem as coleções científicas do Museu Goeldi. São 3.813, pesquisadas desde o século XIX.
Pesquisadores, estudantes e curiosos da ciência terão acesso ao nome científico, à família em que a espécie está inserida e ainda se está ameaçada de extinção. Com a participação de outros centros de pesquisa do País, convidados a ingressar no projeto, a ideia é alcançar todos os biomas.
Exposição. A mostra Amazônia Desconhecida, no Cais do Porto, será dividida em oito painéis e terá uma área interativa, com jogos eletrônicos e de tabuleiro criados pelos pesquisadores. As novas espécies vão dividir espaço com as 770 ameaçadas de extinção.
"Vamos fazer uma retrospectiva desse período de 20 anos entre a Eco-92 e a Rio+20. Precisamos ter o conhecimento da nossa biodiversidade e entender também o que é a perda do habitat. Até 1992, a Amazônia havia perdido 300 mil km² de área. Até 2012, perdeu quase 700 mil hectares", afirma a pesquisadora e assessora da diretoria do Museu Goeldi, Ima Vieira.
Entre as espécies em risco de extinção está a árvore pau-cravo, uma das "drogas do sertão", como eram chamados produtos levados como especiarias da Amazônia para a Europa no período colonial. Tinha valor porque a casca da árvore apresenta sabor de cravo e aroma de canela.
Hoje são conhecidas apenas duas regiões com pequena concentração da árvore, que chega a alcançar 20 metros de altura - Juruti e Vitória do Xingu, em Belo Monte, no Estado do Pará.
Os pesquisadores do Museu Goeldi defendem a proposta de transformar Juruti em uma unidade de conservação e também garantir a criação de medidas de proteção para a região de Belo Monte.

OESP, 18/05/2012, Vida, p. A29

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,museu-faz-censo-de-especies…

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