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Mulheres indígenas não se omitem na luta pelas terras da Raposa Serra do Sol

Agência Brasil - www.agenciabrasil.gov.br
Autor: Marco Antônio Soalheiro
10 de Dez de 2008

Boa Vista (RR) - As mães das famílias ligadas ao Conselho Indígena de Roraima (CIR) participam ativamente de todos os atos públicos e mobilizações em favor do uso exclusivo da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, área de 1,7 milhão de hectares no nordeste do estado. Elas estão representadas pela Associação da Mulheres Indígenas de Roraima (Amir) e não admitem se omitir da luta por um direito que consideram líquido e certo.

"É um questão de sobrevivência para os macuxi e wapichana que vivem nessa área. Mas nossa luta é pacífica, ao contrário dos arrozeiros que mandaram queimar casas e destruir escolas", ressalvou a presidente da Amir, Olga Macuxi. "Eles [os arrozeiros] são nocivos para nós, como se fossem uma praga que só destrói. Funcionários deles se envolvem com jovens indígenas e deixam muitas grávidas, sem assumir os filhos", acrescentou.

Sobre eventual saída da reserva de brancos casados com índias, caso se mantenha a demarcação em faixa contínua, Olga lembrou não se tratar de uma imposição. A permanência deles será autorizada desde que a família se mostre disposta a viver em comunidade. Na prática, abolir as cercas e deixar as áreas de uso comum.

"Se o branco quer viver na comunidade, pode ficar, mas vivendo conforme os costumes dela. Há casos de que a mulher indígena e o parceiro aceitaram a indenização e preferiram sair. Mas a comunidade não disse que eles tinham que sair de lá", argumentou Olga.

Quando o assunto é a expectativa quanto à decisão do Supremo Tribunal Federal, que retoma hoje (10) o julgamento sobre a demarcação da reserva em faixa contínua e a conseqüente permanência de não-índios em parte da área, Olga prefere manter o otimismo. Ela disse que mulheres que lidera nem cogitam uma sentença desfavorável.

No geral, entretanto, as comunidades indígenas se dividem em relação ao assunto. O CIR, que garante representar mais da metade da população indígena do estado - estimada em 70 mil - considerados os aldeiados e moradores das cidades - quer a demarcação contínua, mas a Sociedade dos Índios Unidos em Defesa de Roraima (Sodiu-RR) apóia a permanência dos arrozeiros.

A reportagem tentou contato com a associação, mas não obteve sucesso. Mulheres ligadas a Sodiu-RR também já fizeram manifestações públicas no estado em defesa de sua tese. Elas contam com o apoio da mulher do prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero, Erecina.

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