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Mulheres Guarani Kaiowá do MS buscam seus direitos + Documento Final da II Kunã Aty Guasu

AJIndo - http://www.jovensindigenas.org.br
Autor: Elisa Maria Bisol
07 de Mai de 2012

Mulheres de todas as aldeias e acampamentos Guarani Kaiowá e Nhandeva do cone sul do Estado do Mato Grosso do Sul realizam sua II Kunã Aty Guasu - Grande assembleia de mulheres. Mais de 400 participantes, mulheres indígenas e lideranças, entre elas, parteiras, rezadoras, artesãs, agentes de saúde, professoras e outras lideranças marcam sua presença neste evento nos dias 25 a 29 de abril de 2012 na aldeia Jaguapiru - Dourados-MS.

Nem os ventos e a chuva torrencial, que destruiu parte das tendas na noite da chegada, nem o barro na vicinal da aldeia que dificultou o trânsito, impediram a voz destas mulheres em busca de seus direitos.
Uma grande reza tradicional Guarani Kaiowá e um grande mutirão de reconstrução das tendas deram abertura à grande reunião de mulheres.

Muitas histórias de luta e resistência trazidas por estas mulheres deixamos anonimato de seus tekoha para serem compartilhadas entre elas, e como numa grande rede que vai se tecendo assim vai se fortalecendo a organização e a consciência de seus direitos.

Histórias de luta e resistência no âmbito da saúde diferenciada para a mulher, da sutentabilidade, da segurança alimentar, do enfrentamento da violência doméstica à violência dos fazendeiros e da demarcação de seus territórios foram pauta de fortes falas e debates, testemunhos, denúncias e reivindicações do movimento de mulheres Guarani Kaiowa e Nhandeva.
No âmbito da saúde indígena as mulheres denunciam as inúmeras situações de extrema precariedade descaso no atendimento à população indigena do estado e reivindicam saúde diferenciada e de qualidade.

No âmbito das políticas públicas para a mulher, Bárbara Nicodemos do Programa Viva Mulher ao tratar do enfrentamento da violência contra a mulher esclarece que a violência contra a mulher é caso de saúde pública e deve ser tratado como tal.

A participação de Leia Bezerra- Wapixana, da coordenação de Genero e Assuntos Geracionais da FUNAI, destaca em sua fala que "Projetos que não contemplem a dimensão da mulher e seus direitos são considerados como discriminação da mulher".

Eliel-guarani, professor da aldeia indígena Te'y Kue de Caarapó contribui com sua experiência em sua escola na área da sustentabilidade afirmando a importância de manter viva a produção tradicional de alimentos em diálogo com as novas formas de produção agroecológica e sustentável.

"Não queremos os agrotóxicos em nossas plantações e em nossas aldeias."
Uma comissão de juízes, entre elas Dra. Kenarik Boujikrais Felippe, desembargadora do Tribunal de Justiça de Sao Paulo, emocionada com os relatos de luta e resistência de algumas mulheres, deixa sua mensagem de apoio e compromisso com as demandas das mulheres indígenas do estado.

Uma grande benção do DOCUMENTO FINAL com uma extensa, intensiva e vibrante reza com cantos e danças em roda tomou conta de todos os participantes da II Kunã Aty Guasu. A energia que circulou o ambiente foi se difundindo entre todos. Oxalá chegue às autoridades competentes.

"Nós, mulheres guarani Kaiowa vivíamos como uma lagarta, presa ao tronco das árvores. Durante muito tempo permanecemos caladas e sem voz. Mas hoje, vamos acordando nossa consciência para o caminho da transformação até chegar à leveza e liberdade da borboleta. E, como a borboleta, que se alimenta do néctar das flores, buscamos nos fortalecer para enfrentar o mundo e buscar nossos direitos". Dona Alda Silva -Nhandecy.

Foi com este espírito que a Comissão de Mulheres da Aty Guasu Guarani Kaiowa e Nhandeva reivindicou dentro do Conselho de Aty Guasu Guarani Kaiowa e Ñandeva a realização desta grande assembleia de mulheres indigenas, que com certeza deixa sua marca na trajetória de resistência destas mulheres guerreiras e de muita resistência que retornam para seus tekoha mais fortalecidas e animadas.

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