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MST contra barragens

CB, Brasil, p.17
06 de Mar de 2004

Movimento ataca política energética do PT, ao declarar que famílias
serão desalojadas. Sem-terra promovem invasões em três estados
MST contra barragens
SANDRO LIMA
DA EQUIPE DO CORREIO

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) abriu uma nova frente de protestos contra o governo. 0 alvo, desta vez, é a política energética. Para o MST, a construção de mais de 70 barragens - previstas no Plano Plurianual (PPA) - em todo o país, até 2007, desalojará centenas de famílias de agricultores. 0 movimento lançou ontem um documento com críticas à atuação do governo na área.
Além dos ataques à política energética, o MST realizou ontem protestos e invasões em três estados para pedir mais agilidade no processo de reforma agrária. Em Pernambuco, agricultores ligados ao Movimento Terra Livre (MTL) interditaram a BR-101 sul, no município de Escada. Eles reivindicam que o Incra agilize o processo de desapropriação de seis engenhos no município.
No Cabo de Santo Agostinho, litoral sul pernambucano, cerca de 150 famílias ligadas ao Movimento Terra e Liberdade (também MTL) bloquearam, por quatro horas, a BR-101, no quilômetro 114. Os manifestantes queimaram pneus e colocaram pedras e galhos de árvores na rodovia, provocando um engarrafamento de cinco quilômetros.
Em Alagoas, cerca de 300 sem-terra, ligados à Comissão Pastoral da Terra (CPT), ocuparam, ontem pela manhã, a sede do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que fica no centro de Maceió.
Os sem-terra exigem a desapropriação da fazenda Flor do Bosque, com cerca de 500 hectares, reivindicada por 70 famílias. Rosseto, que visitou ontem a capital alagoana, recebeu os sem-terra e disse que, em breve, atenderia às reivindicações.

Ameaças
Em Goiás, cem famílias ligadas ao MST ocuparam ontem parte da fazenda Esusa, localizada no município de Alto Paraíso, a 240 quilômetros do Distrito Federal. 0 objetivo da ocupação é denunciar a grilagem de terras que ocorre na região e dificulta o andamento da reforma agrária.
A área invadida pertence ao Incra desde 1993. O instituto move ação contra os grileiros, que ocuparam irregularmente a fazenda. A Justiça Federal declarou a área como propriedade da União, mas os ocupantes entraram com recursos.
A invasão gerou confronto e troca de acusações entre militantes do MST e fazendeiros. 0 MST acusou o major aposentado da Polícia Militar José Felipe dos Santos de ameaçar, com 17 jagunços armados, as famílias. Segundo o MST, o major teria dito que iria retirar as famílias do local à força.
Santos negou que tenha feito ameaças. Ele acusou os integrantes do MST de roubarem o gado e depredarem as dependências de sua propriedade. 0 Incra enviou um mediador de conflitos ao local e, ao final do dia, a situação ficou sob controle.

CB, 06/03/2004, p. 17

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