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MPF/SE requer que União adquira terras para índios Fulkaxó

MPF - http://noticias.pgr.mpf.gov.br
11 de Jul de 2012

Mais de 70 famílias Fulkaxó vivem atualmente na terra indígena Kariri-Xocó. Relação entre as duas etnias é tensa

O Ministério Público Federal em Sergipe (MPF/SE) está processando novamente a União e a Fundação Nacional do Índio (Funai), requerendo a aquisição de terras em Sergipe para criação de mais um território indígena no Estado. Desta vez, o processo pretende beneficiar mais de 70 famílias da etnia fulkaxó que atualmente vivem na terra indígena Kariri-Xocó, em Porto Real do Colégio (AL).

Desde 2006, os fulkaxó vêm informando à Funai a existência de tensões na convivência entre as duas etnias e a impossibilidade de permanecer habitando a mesma terra indígena. Diante disso, eles solicitaram à Fundação que viabilizasse a compra de uma fazenda que fica a cerca de 60 km da comunidade onde moram atualmente.

No processo, a procuradora da República Lívia Nascimento Tinôco explica que os índios fulkaxó se sentem discriminados pelos kariri-xocós e afirmam terem sido excluídos na distribuição terras da comunidade.

Em 2007, a Funai afirmou que iria adotar as providências cabíveis para a compra das terras pretendidas pelos fulkaxós. Entretanto, em 2008, a própria Fundação informou que esta aquisição só seria realizada após comprovados "fatos de extraordinária gravidade" que justificassem a retirada dos fulkaxós da terra indígena Kariri-Xocó. Os fulkaxós, por sua vez, voltaram a afirmar a impossibilidade da convivência pacífica e necessidade de possuírem seu próprio território, onde possam plantar e realizar seus rituais e cultos.

Laudo - Diante do impasse, o MPF em Sergipe requisitou o auxílio da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF (órgão setorial de coordenação, integração e revisão nos temas relativos aos povos indígenas e outras minorias étnicas) para a realização de um laudo antropológico.

O laudo apontou a existência do conflito entre as etnias e tensões geradas pela escassez de terras, e afirma que o território ocupado pelas duas etnias é insuficiente para garantir uma vida digna a todas as famílias.

De acordo com o documento, as famílias fulkaxó não se sentem representadas pelas lideranças políticas kariri-xocó. Ademais, sentem-se excluídas dos processos decisórios e discriminados na distribuição dos parcos recursos assistenciais que chegam à comunidade.

Ficou demonstrado ainda que, o fato de índios da etnia kariri-xocó trabalharem nas unidades da Funai responsáveis por aquela região dificulta o reconhecimento, por parte dos fulkaxós, da Fundação como parte mediadora dos conflitos.

Para a procuradora Lívia Tinôco, ficou comprovada a existência de um conflito insolúvel entre as etnias. "A aquisição de terras para os indígenas que sofrem discriminação impedirá a desagregação desses índios em busca de melhores condições de vida e é medida que se impõe ao governo federal", afirma a procuradora Lívia Tinôco.

Fulkaxó - Os fulkaxó se reconhecem como descendentes das etnias kariri, xocó e fulniô. Todos as famílias dessa etnia fazem parte da comunidade kariri-xocó, mantendo-se ainda entre ambas as etnias importantes laços religiosos. A procuradora destaca, no processo, que é sabido que na comunidade kariri-xocó sempre conviveram outras linhagens indígenas que se reconheciam como um só povo.

Em relato ao MPF, os fulkaxó explicam que necessitam desmembrar a comunidade para que possam ter uma vida mais digna, com acesso a terra para plantio, e autonomia para dar continuidade à sua descendência, costumes, tradições e rituais religiosos.

"Ferir o direito ao território é, por consequência, atingir o direito indígena, constitucionalmente garantido, de os índios expressarem sua religiosidade, sua cultura e os seus costumes", lembra a procuradora Lívia Tinôco.

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