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MPF intermedia paz na aldeia Limão Verde

Dourados Agora-Dourados-MS
Autor: Vilson Nascimento
18 de Fev de 2005

Procurador Federal não consegue acabar com conflito na aldeia indígena de Amambai; índios cobram segurança

O Ministério Público Federal (MPF) continua tentando intermediar um acordo de paz na Aldeia Limão Verde, em Amambai, onde grupos rivais indígenas estão brigando pelo poder. Na tarde de anteontem, o procurador da República, Charles Estevão Mattos, se reuniu com os índios mas não conseguiu um acordo de paz. A aldeia, que abriga entre 800 e 1000 índios, vem sendo palco de muita violência por conta de disputas internas por lideranças entre dois grupos rivais, o que acabou provocando uma verdadeira guerra no último final de semana, acarretando em pelo menos cinco indígenas feridos.

A reunião de anteontem, que aconteceu no interior da própria aldeia e contou com a presença de lideranças dos dois grupos rivais, entre elas os dois indígenas que pleiteiam o cargo de líder da comunidade - o atual capitão Adolfinho Nelson e o seu oponente Mauro Barbosa - aconteceu sob um forte aparato policial, com a presença da Polícia Federal, das polícias Civil e Militar de Amambai e de uma guarnição da Polícia Militar Rodoviária Estadual.

O esquema foi montado para garantir a integridade física do procurador federal e buscar manter a ordem dentro da comunidade indígena, pelo menos durante o período que durasse a reunião, que também foi acompanhada pelo administrador regional da Funai em Amambai, Willian Rodrigues.

Durante a reunião os indígenas rejeitaram veementemente a tese defendida pelo procurador da república, que uma comunidade indígena pode conviver com mais de um líder e cada um toma conta de seu grupo. Um pequeno grupo ligado a Mauro Barbosa ainda chegou a apoiar a idéia apresentada por Charles Estevão, que causaria a divisão da aldeia, mas a maior parte foi contrária essa sugestão do procurador. A mesma tese foi defendida pelo antropólogo Fábio Mura, que acompanhava o representante do Ministério Público Federal.

Após quatro horas de negociação, a reunião foi encerrada sem que nenhum acordo fosse firmado, o que abriu margens para novos confrontos entre os grupos pela disputada do poder na aldeia. Pressionado pelos indígenas, o procurador da República foi obrigado a prometer que irá tomar uma decisão sobre o confronto ocorrido domingo passado, porém não explicou como isso vai ser feito, já que nem inquérito policial havia sido instaurado para apurar o caso até o final da tarde de quarta-feira, cinco dias após o confronto.

O procurador. Charles Estevão prometeu, também, que manteria uma patrulha policial permanente dentro da reserva indígena para evitar novos confrontos, mas não explicou quem faria esse trabalho, já que a Polícia Federal de Ponta Porã que atende a região e a Polícia Civil de Amambai não dispõe de efetivo para uma operação desta natureza. O comandante da 3ª Companhia de Polícia Militar de Amambai, tenente PM Francisco Damião, que acompanhava a reunião foi categórico em afirmar que a Polícia Militar não vai realizar esse trabalho por não estar dentro de suas atribuições e também enfrenta problemas com a falta de efetivo.

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