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MP aponta 190 envolvidos

CB, Brasil, p. 14
10 de Jul de 2005

MP aponta 190 envolvidos
Procurador oferece denúncia contra quadrilha suspeita de participar de esquema de extração ilegal de madeira em três estados da Amazônia

Considerada a maior ação da história da Polícia Federal (PF), com mais de 90 prisões em uma semana, a Operação Curupira, deflagrada no último dia 2 de junho, revelou a existência um esquema de extração irregular de madeira. Denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal indica que a quadrilha é maior do que se pensava: 190 pessoas estão envolvidas. O procurador da República Mário Lúcio Avelar, um dos autores da denúncia, explica que as investigações indicam a participação de madeireiros, contadores de empresas fantasmas e funcionários de órgãos do governo como Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Fundação de Engenharia do Meio Ambiente (Feema).
Entre os denunciados está o ex-gerente executivo do Ibama Hugo José de Werle, conselheiro fiscal afastado do diretório municipal do PT. No entanto, não está incluído o diretor de Florestas do Ibama, Antônio Carlos Hummel, detido na época, mas liberado por falta de provas. A prisão de Hummel provocou muita polêmica na época. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, saiu em defesa do diretor, garantindo não ter tido acesso a qualquer informação que depusesse contra ele. A PF reconhecia não ter indícios do envolvimento de Hummel, mas seguiu ordens de Avelar, que sustentava ter indícios de Hummel teria permitido que empresas extraíssem madeira irregularmente. Avelar informou que as investigações ainda não acabaram. Numa segunda etapa, ele pretende oferecer denúncias individuais.
Ao longo dos dois últimos anos, a Polícia Federal e o Ministério Público acompanharam os movimentos da quadrilha. O MP acredita que o esquema funcionava há dois anos. Com autorização da Justiça, a PF realizou escutas telefônicas e conseguiu a quebra do sigilo bancário dos servidores do Ibama, que em muitos casos tiveram movimentação superior à renda declarada.
De acordo com o procurador, o esquema funcionava por meio da emissão fraudulenta de Autorizações para Transporte de Produtos Florestais (ATPFs). Os documentos serviam para "esquentar" a madeira extraída ilegalmente de reservas indígenas do norte de Mato Grosso, Pará e Rondônia.
"Em uma semana uma única empresa conseguiu esquentar 170 mil metros cúbicos de madeira extraída no Pará. Não há um sistema de controle. O Ibama é uma peneira", disse Avelar, que contabiliza a abertura de pelo menos 500 empresas fantasmas que negociavam ATPFs com madeireiras clandestinas.
Analistas ambientais do Ibama avaliam que a União terá que arcar com R$ 108 milhões para promover a recomposição da área devastada. Parte desse dinheiro sairá do bolso dos próprios investigados, que deverão ter seus bens seqüestrados a pedido da Polícia Federal.
Foram derrubados pelo menos dois milhões de metros cúbicos de madeira, apenas em Mato Grosso.

CB, 10/07/2005, Brasil, p. 14

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