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Mozarildo diz que questionará na Justiça ampliação da serra da Moça

Folha de Boa Vista-RR
Autor: MARILENA FREITAS
18 de Fev de 2002

Senador afirma que quantidade de terras não vai melhorar a vida dos índios se não houver projetos auto-sustentáveis

O Senador Mozarildo Cavalcanti (PFL) afirmou sábado que questionará a ampliação dos limites da terra indígena serra da Moça, caso o laudo antropológico do grupo de trabalho da Funai (Fundação Nacional do Índio) indique que parte ou toda a fazenda dele esteja incluída no parecer técnico.
"Depois de notificado vou contratar um advogado e questionar o laudo antropológico porque naquela região onde está minha fazenda já há uma delimitação clara das áreas indígenas, principalmente da serra da Moça, com os marcos da Funai bem fincados", afirmou.
Segundo ele, aquela área já pertence a sua família há anos. O senador garante que naquela fazenda nunca morou índio nem existiu malocas. "Meu avô foi proprietário da fazenda. Ele vendeu para um outro proprietário, este vendeu para o meu pai, meu pai vendeu para um terceiro e eu comprei desse terceiro", contou.
A última transação comercial, conforme explicou, foi feita na Justiça porque a propriedade pertencia a herdeiros. "Vou questionar sim, começando pelo laudo antropológico. Cadê a base científica que justifique a expansão que atinja minha fazenda?", questiona.
"Não há nenhuma razão que justifique a inclusão de minha propriedade", reforçou. No entendimento dele, a Funai deveria estar entrando na segunda fase da demarcação, que é da assistência aos índios e investir em projetos auto-sustentáveis.
A justificativa para a ampliação de que os lençóis mananciais estão todos dentro das fazendas, impedindo, portanto, a sobrevivência física e cultural, não é suficiente para o senador. "Defendo a segunda etapa, que é a consolidação das comunidades dando assistência técnica para produção, transporte, educação e saúde", sugeriu, ao dizer que essas ações são feitas hoje pelo Governo do Estado.
Ele assegura que na fazenda dele existe lagoa porque mandou fazer uma barragem. "A Funai deveria fazer barragens nas áreas indígenas que são vizinhas e que têm bons córregos, que podem ser transformados em lagoas para pesca".
Ao criticar a falta de iniciativa da Funai e das Ongs (Organizações não-governamentais) na questão de assistência ao índio, Mozarildo Cavalcanti ressalta que a barreira que existia na comunidade do Morcego rompeu e não foi recuperada.
"Na serra da Moça tem área que é possível transformar num projeto de piscicultura adequado. Se eles forem só pescar nas lagoas, os peixes que existem não vão durar por muito tempo. Todas elas têm condições de ter um projeto inteligente para terem peixe", acrescentou, ao se referir às comunidades do Morcego e Truaru.
Na opinião dele, a quantidade de terras não dará qualidade de vida se não houver projetos auto-sustentáveis. "Não é por falta de terra que os nossos índios estão mal. Os yanomami têm nove milhões de hectares para cerca de quatro mil índios. Se não fosse a presença do Exército que supre eventualmente, os índios estariam completamente desassistidos", enfatizou.
"Usam (as Ongs) a tese indígena para se fazer um trabalho de apartheid, para que no futuro essas reservas sejam realmente das grandes corporações internacionais, que comandam tanto a questão mineral, da madeira e a biodiversidade", frisou.

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