VOLTAR

Movimentos sociais cobram recriação do MDA

Valor Econômico, Agronegócios, p. B12
06 de Out de 2016

Movimentos sociais cobram recriação do MDA

Cristiano Zaia

Mais uma vez os movimentos sociais do campo vão cobrar do governo a recriação do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), extinto por Medida Provisória e transformado em secretaria vinculada ao Palácio do Planalto. Essa é a principal exigência de um documento que será entregue hoje por dez movimentos, entre eles o dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ao ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, em evento que começou ontem na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Brasília. O governo Temer, entretanto, descarta essa possibilidade.
A estratégia dos movimentos é voltar a pressionar o governo a retomar o MDA como ponto de partida para reativar políticas prioritárias ao meio rural que, na avaliação deles, estão paralisadas e perderam força no novo desenho que a área ganhou dentro do atual governo. Assim que Michel Temer assumiu a Presidência, a Pasta foi fundida com a do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e, posteriormente, transformou-se em uma secretaria vinculada à Casa Civil, através de uma medida provisória que se transformou em lei, sancionada na semana passada.
Temer chegou a sinalizar que recriaria o MDA para conter as manifestações constantes desses movimentos sociais e ainda acomodar o Solidariedade, partido do deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força. Mais recentemente, porém, resolveu recuar pelo menos por enquanto da ideia após reação da bancada ruralista do Congresso. Entre as políticas cobradas por movimentos como a Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil (Contraf Brasil) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), está a promessa de novos assentamentos de reforma agrária no país, que estão parados por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) por indícios de irregularidades.
Os movimentos também pedem o início efetivo das atividades da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), criada em 2013 ainda na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, mas que até hoje não saiu do papel. Dilma chegou a nomear um presidente e alguns diretores, mas todos foram exonerados assim que Temer assumiu. A continuidade de políticas como Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), em que o governo compra a produção de agricultores familiares para abastecer escolas e presídios, por exemplo, também consta no documento.
"Temos regionais do antigo MDA que estão sem comando, e elas ajudavam a tocar os programas na ponta, mas o nosso medo é que, em nome dos ajustes fiscais em todo país, os governos estaduais também parem de executar os programas sociais para a agricultura familiar", diz Alberto Brochi, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), um dos movimentos que assinam o documento e participam do seminário. "Por isso, vamos fazer uma articulação no Congresso, acionar os deputados em uma ofensiva parlamentar para voltarmos com o MDA", afirma.
O secretário especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário, Ricardo Roseno, lembra que nenhum programa do antigo ministério foi extinto e que a recriação do MDA está descartada neste momento. Roseno acrescentou que o movimento político em torno da volta do ministério teve "pouca importância" e foi liderada por uma base pequena de parlamentares e entidades. "Só não somos ministério em função do nome. O ministro Padilha editou uma portaria que me delega poderes similares ao de ministro, e até a próxima sexta-feira devemos publicar uma portaria com a nova estrutura da secretaria, que mantém na prática as áreas do MDA", afirmou ele.

Valor Econômico, 06/10/2016, Agronegócios, p. B12

http://www.valor.com.br/agro/4736519/movimentos-sociais-cobram-recriaca…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.