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Movimentos populares se posicionam contra morte de indígenas no MS

MST- http://www.mst.org.br
16 de Jun de 2016

Marçal de Souza, Marcos Veron, Dorival Benites, Dorvalino Rocha, Xurite Lopes, Ortiz Lopes, Oswaldo Lopes, Genivaldo Vera, Rolindo Vera, Teodoro Ricarde, Nízio Gomes, Oziel Gabriel, Simião Vilhalva e Clodiodio de Souza são alguns dos mais de 390 indígenas assassinados em Mato Grosso do Sul em decorrência da luta pela terra nos últimos anos.

O dia 14 de junho de 2016 entra para a história como o dia que todos os limites foram extrapolados pelos fazendeiros da região de Caarapó, município que fica aproximadamente a 250 km da capital Campo Grande.

Não é a primeira vez e com certeza não será a última que os latifundiários se organizam em ações paramilitares contra os indígenas Kaiowá e Guarani na região.

A ação organizada pelos fazendeiros com apoio do Sindicato Rural de Caarapó escancara o genocídio em curso contra os povos indígenas em Mato Grosso do Sul.

O ataque realizado na fazenda Yvu, retomada pelos indígenas, contou com caminhonetes, rojões e tiros. O massacre que resultou na morte do agente de saúde indígena Clodiodio de Souza e deixou diversos feridos, alguns hospitalizados em estado crítico.

A lista com denúncias de violações de direitos humanos e ataques contra os povos indígenas em Mato Grosso do Sul é extensa e tem reconhecimento internacional.

Na mesma região onde aconteceu o conflito, no ano de 2013, na área indígena Pindo Roky, o jovem Denilson Barbosa foi assassinado enquanto pescava. Há também denúncias de ataques químicos realizados em 2015 por aviões que despejam agrotóxicos por cima da comunidade na terra indígena de Tey'Jusu.

No entorno de Dourados existe um acampamento na área indígena de Apyca'í liderado por dona Damiana, que está espremido em meio à plantação de cana e a BR-463. A Fazenda Serrana, onde incide a área de retomada, foi arrendada para o proprietário da Usina São Fernando, José Carlos Bumlai, preso em uma das fases da Operação Lava-Jato; o megaempreendimento contou com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDS).

Em uma decisão judicial de reintegração de posse para essa pequena área, o juiz Fábio Kaiut Nunes requereu ao Ministério da Justiça o apoio da Força Nacional para fazer o despejo.

Nessa área já morreram mais de seis pessoas na luta pela demarcação de seu território. Os indígenas disseram que vão resistir à ordem de despejo e não saíram da área. Diante desse cenário, o despejo é mais um instrumento que evidencia a prática genocida do Estado brasileiro, vinculada ao agronegócio e à manutenção dos latifúndios em terras indígenas.

Há uma evidente tentativa de criminalizar os apoiadores e os povos indígenas, com diversas CPI's que tramitam em âmbito legislativo federal e estadual, a exemplo da CPI do Cimi, da Funai e do Incra. A CPI do Genocídio reivindicada pelos indígenas e movimentos sociais na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul foi desmontada pela bancada ruralista estadual.

Esse ataque demonstra mais uma vez que existe ação e omissão do Estado de Mato Grosso do Sul no caso de violências contra os povos indígenas, contando com apoio dos setores do agronegócio que angariam fundos e forças políticas em nível nacional para inviabilizar as demarcações de terras indígenas.

Em um momento de instabilidade política nacional, o Estado brasileiro e as forças de segurança parecem dar o aval para os ruralistas, assim como para as suas instituições de representação praticarem ações criminosas e violentas contra os indígenas que resistem em ceder seus territórios tradicionais para o deserto da monocultura.

Em meio a discursos agressivos e de incitação à violência contra os povos indígenas, a bancada ruralista esbraveja dizendo que o agronegócio sustenta o Produto Interno Bruto (PIB).

De fato é uma realidade, porém a quem tem servido esse modelo de desenvolvimento? Esse cenário de extrema violência e de grande utilização de agrotóxico obriga-nos a pensar novas alternativas de produção.

Diante deste momento de extrema violência, é necessário que digamos que os ruralistas não nos alimentam. Muito menos nos representam. Quem alimenta a população brasileira são os pequenos produtores! Como dizem os indígenas: os ruralistas de hoje são os bandeirantes de ontem.

Repudiamos o massacre e pedimos investigações do ocorrido na região de Caarapó; posicionamo-nos contra a reintegração de posse da área indígena de Apyca'í no município de Dourados.

Basta de genocídio contra os povos indígenas de Mato Grosso do Sul!
Pela imediata demarcação dos territórios indígenas!

FRENTE EM DEFESA DOS POVOS INDÍGENAS DE MATO GROSSO DO SUL

http://www.mst.org.br/2016/06/16/movimentos-populares-se-posicionam-con…

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