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Mostra 'Brasil Indígena' lança Ano do Brasil na França

BBC Brasil-São Paulo-SP
Autor: Daniela Fernandes
23 de Mar de 2005

Esta cabeça mumificada está sendo exibida na mostra

Foi aberta ao público nesta quarta-feira em Paris a exposição Brasil Indígena, que lança oficialmente o Ano do Brasil na França. O evento, realizado no Museu do Grand Palais, um dos espaços culturais mais nobres da capital, ganhou grande destaque na imprensa francesa.
A exposição traça um vasto panorama da cultura indígena brasileira, da pré-história aos dias de hoje. São 350 objetos, entre máscaras, ornamentos em plumas, jóias e cerâmicas, entre muitos outros.

É a primeira vez que uma mostra tão ampla sobre os índios brasileiros é apresentada fora do Brasil. Como introdução à mostra, há imagens da Amazônia realizadas pelo fotógrafo Arthur Omar.

Veja imagens dos objetos em exibição

Brasil Indígena apresenta de forma cronológica peças de tribos de várias partes do país. A estética da arte indígena também é colocada em evidência nessa mostra. O antropólogo Luís Donisete Benzi Grupioni, um dos curadores da exposição, diz que ela representa uma oportunidade única porque reúne pela primeira vez um grande número de objetos, pertencentes a diferentes museus, muitos deles europeus.

A exposição se inicia com a apresentação de uma importante coleção de urnas funerárias e estátuas de representações humanas em cerâmicas Marajoara e Maracá, tradições arqueológicas da Amazônia.

São culturas que antecederam aos índios brasileiros. Nesta seção arqueológica da exposição, além de obras de culturas como a Marajoara (de 400 a.C. a 1.400 d.C.), também estão presentes os povo Aristé e Santarém (de 900 d.C. a 1.600 d.C.), entre outros.

Segundo estudos recentes, a cerâmica teria aparecido no Amazonas 7 mil anos antes de Cristo. A exposição apresenta uma coleção importante de cerâmicas da arte pré-colombiana da Amazônia.

Outro ponto forte da exposição, na avaliação do curador, são as máscaras Jurupixuna, tribo que viveu na Amazônia até o século 18. Objetos de outros povos que desapareceram durante a colonização também estão presentes na mostra.

As onze máscaras Jurupixuna expostas foram coletadas pelo viajante português e baiano Alexandre Rodrigues Ferreira, no século 18, e pertencem hoje a diferentes instituições portuguesas.

A seleção de objetos de arte plumária, realizados por vários povos indígenas, também tem grande destaque nesta exposição. Há também uma importante coleção de máscaras, vindas de inúmeros museus e que representam diferentes rituais.

"Elas são apresentadas em um ambiente único, e o visitante tem a sensação de entrar em um ritual indígena", diz o curador.

"O objetivo dessa exposição é mostrar a antigüidade da produção estética das sociedades que deram origem aos índios e mostrar também as produções contemporâneas", afirma Grupioni.

Outra coleção reunida e apresentada pela primeira vez no Grand Palais é a do antropólogo francês Claude-Levy Strauss, autor do célebre Tristes Trópicos, com peças que ele coletou no Brasil na década de 30.

Esses objetos são atualmente divididos entre o Brasil e a França. A exposição se encerra com essa sala dedicada a Levy-Strauss.

A mostra apresenta ainda fotografias e filmes sobre os índios. Colares, bolsas e artefatos indígenas também estão fazendo sucesso na butique do museu. O movimento nos caixas foi intenso já durante a festa de inauguração da exposição.

Brasil Índigena, no Museu do Grand Palais, em Paris, será apresentada até 27 de junho.

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