VOLTAR

A morte de Apoena

O Globo, Cartas dos Leitores, p. 6
Autor: PERET, João Americo;FERREIRA, Júlio
12 de Out de 2004

A morte de Apoena

A Polícia Federal precisa apurar muito bem o assassinato de Apoena Meirelles. Pela minha experiência de sertanista do SPI/Funai (1949-70), sei que os maiores riscos nessa profissão não são os índios. São os brancos cujo lema é "índio bom é índio morto" e invadem suas terras para aumentar latifúndios, explorar garimpos ou traficar. O sertanista fica entre dois fogos: de um lado os índios revoltados com seus algozes; do outro, os pistoleiros assalariados. Apoena para defender os índios estava contrariando muitos interesses. Seu matador atirava muito bem para ser um simples assaltante

João Américo Peret indigenista (por e-mail, 11/10), Rio

Conheci o indigenista Apoena Meirelles ainda na infância, devido à amizade dos nossos pais, ambos sertanistas do antigo Serviço de Proteção aos Índios (SPI), hoje Funai. Era comum Apoena passar longas temporadas em minha casa, nas ocasiões em que seu pai, Chico Meirelles, então viúvo, tinha de espalhar os três filhos pelas casas de parentes e amigos, para poder se embrenhar em longas expedições pelos sertões. Não posso acreditar na versão apresentada para seu assassinato. Apoena, um defensor intransigente dos direitos indígenas, acumulou inimigos poderosos, principalmente entre extrativistas.

Júlio Ferreira (por e-mail, 11/10), Recife, PE

O Globo, 12/10/2004, Cartas dos Leitores, p. 6

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.