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Morre segundo homem com suspeita de febre amarela

Pernambuco.com
08 de Jan de 2008

Foi confirmada nesta terça-feira a morte do homem de 38 anos internado no Distrito Federal com suspeita de ter contraído febre amarela em Pirenópolis (GO), onde ele passou o réveillon. Ele estava em estado gravíssimo, com insuficiência renal aguda. Segundo o secretário de Saúde do Distrito Federal, José Geraldo Maciel, o paciente apresentava todos os sintomas de febre amarela, mas só um exame cujo resultado será divulgado na semana que vem poderá confirmar a doença.

"Todos os sintomas levam a uma hipótese de febre amarela, embora só se possa confirmar depois dos exames", disse o secretário. Ele é a segunda pessoa a morrer com suspeita de febre amarela no país. Na semana passada, um agricultor de Goiás também faleceu com sintomas de febre amarela.

A Secretaria de Saúde da cidade mineira de Cabeceira Grande, no noroeste do estado, encontrou na manhã desta terça-feira 12 micos mortos em uma mata na zona rural. Como o município fica na divisa com Goiás, há suspeitas de que os animais tenham sido infectados pela doença.

Cabeceira Grande, que tem cerca de sete mil habitantes, pediu nesta terça auxílio emergencial de cidades vizinhas para intensificar os trabalhos de vacinação. Na quinta-feira, técnicos da Secretaria de Saúde de Minas chegam à cidade para investigar as causas das mortes dos 12 micos.

Nesta segunda, o Ministério da Saúde ampliou a recomendação de vacinação contra a febre amarela no Brasil. Além de Goiás e Distrito Federal, onde macacos morreram supostamente infectados pela doença, a Vigilância Sanitária pediu que se vacinem também os moradores e visitantes de todos os estados das regiões Norte e Centro-Oeste, Maranhão e Minas Gerais. Também deve se prevenir quem mora ou vai viajar para o oeste de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Piauí, além do sul de Bahia e Espírito Santo.

Segundo o órgão, essas áreas são consideradas de risco e pessoas que as visitem - estrangeiros incluídos - devem tomar a vacina no mínimo dez dias antes da viagem. Não podem se vacinar crianças com menos de seis meses, pessoas com o sistema imunológico comprometido, que estejam passando por radioterapia ou que sejam alérgicas a ovo. Grávidas devem ser analisadas caso a caso.

O secretário de Vigilância em Saúde, Gerson Penna, garantiu que há estoques suficientes para todas as pessoas que precisarem da vacina. Segundo ele, o Brasil vacina mensalmente 1,4 milhão de pessoas contra a febre amarela, sendo que a produção mensal é de 2,4 milhões de vacinas.

O ministério afirma ter um estoque estratégico para a crise, distribuído em Minas (400 mil), Amazonas (300 mil) e Paraná (300 mil). Desse total, 300 mil já foram remanejados para o Centro-Oeste, área onde a doença começou a se manifestar.

Desde 1942 não há caso de febre amarela urbana no Brasil. De acordo com dados dos últimos 12 anos apresentados pelo Ministério da Saúde, foram notificados no período 349 casos, que levaram à morte de 161 pessoas.

No Distrito Federal há outra paciente internada com suspeita de febre amarela. Uma mulher de 29 anos de idade, residente na zona rural do Entorno de Brasília, está internada no Hospital Regional de Sobradinho (DF). De acordo com a médica Patrícia Toledo, que prestou o primeiro atendimento à moça, ela deu entrada no hospital no dia 5 de janeiro à noite.

Segundo a médica, no mesmo instante, o hospital comunicou a Vigilância Epidemiológica do Distrito Federal, que no dia seguinte colheu amostra de sangue para realizar os exames.

De acordo com a chefe do plantão desta segunda-feira, Cláudia Porto, o estado da moça é considerado bom. Ela conta que a mulher dizia estar se sentindo mal há nove dias, com piora nos últimos quatro dias. Apresentava um quadro de icterícia, febre, vômitos, estava desidratada e com prostração, além de reclamar de dor abdominal.

De imediato foram levantadas as seguintes hipóteses de doenças infecto-parasitária: calazar, febre amarela e leptospirose. Nenhuma delas ainda está descartada.

Segundo o secretário de Saúde foram aplicadas 230 mil doses de vacina contra a doença desde 28 de dezembro. Até aquela data, a Secretaria da Saúde estimava que a população não vacinada no DF era de 240 mil habitantes. Na melhor das hipóteses, portanto, 10 mil pessoas ainda precisam ser imunizadas. Maciel afirmou, porém, que há casos de gente já vacinada que procura os postos de saúde. Isso significa que o número de não vacinados pode ser maior.

"Não há razão para alarmar. Temos que estar atentos, vigilantes, mas ainda não há razão para alarmar a população", disse.

O governo do Distrito Federal pediu ajuda ao Exército para que soldados auxiliem no combate à doença. Apesar do mosquito Aedes aegypti só transmitir a febre amarela urbana e os casos até agora registrados serem de febre amarela silvestre, o Exército tem intensificado o combate ao mosquito que também transmite a dengue. Tão logo sejam liberados pelo Exército, os soldados deverão passar por treinamento de dois ou três dias antes de sair a campo.

Além do paciente com forte suspeita de infecção, outros dois casos levaram a Secretaria de Saúde do DF a pedir a realização de exames para confirmar ou descartar a presença do vírus da febre amarela. O secretário disse, porém, que as evidências clínicas indicam que ambos os casos dizem respeito a outras doenças.

Uma mulher de 29 anos, de Planaltina de Goiás, internada desde o último sábado, estaria com leishmaniose visceral. Um homem de 34 anos, da cidade-satélite de São Sebastião, morreu também no sábado, após ter sido internado na véspera. Ele poderia ter contraído leptospirose ou mesmo dengue. A causa da morte permanece desconhecida. Um exame preliminar no corpo da vítima descartou a possibilidade de febre amarela. Maciel disse, porém, que só o exame nas vísceras do cadáver é que dará a resposta final.

No DF, o Parque Nacional (conhecido como Água Mineral), onde foram encontrados os macacos mortos, encontra-se fechado desde o dia 28 de dezembro. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o parque permanecerá fechado até que o Ministério da Saúde se manifeste, uma vez que é de responsabilidade do órgão o Programa Nacional de Controle à Febre Amarela. Ainda não há previsão de quando o parecer ficará pronto.

No domingo, o governo, através do Ministério da Saúde, começou a intensificar a vacinação depois da confirmação da morte do trabalhador rural João Batista Gonçalves, de 31 anos, em Goiás.

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