OESP, Nacional, p.A7
05 de Abr de 2005
Morre a 18.ª criança indígena em MS
Maciel, guarani-caiová de 3 anos, teve leishmaniose
João Naves de Oliveira Especial para o Estado
O índio guarani-caiová Maciel Nunes, de 3 anos, morreu ontem na Santa Casa de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, vítima de leishmaniose visceral. A mesma doença já havia matado o irmão do indiozinho, Rafael Nunes, de 2 anos, na sexta-feira. Com isso - houve mais uma morte no sábado, causada por desnutrição -, já são 18 crianças índias mortas no Estado em 2005 por problemas de saúde.
A grande quantidade de cachorros entre os guaranis-caiovás pode ser a explicação para os casos de leishmaniose. A maioria das mortes ocorridas neste ano, porém, foi causada por desnutrição.
Rafael e Maciel residiam na Aldeia Piraquá, entre Bela Vista e Antônio, na divisa com o Paraguai. Ambos estavam internados no Centro de Pediatria do Hospital Universitário antes de serem removidos para a capital.
Médicos e técnicos da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) começaram ontem um levantamento da situação em todas as aldeias dos municípios com maior incidência de leishmaniose. Se necessário, será determinado o abate dos animais sob suspeita.
Internações
No sábado, por volta do meio-dia, morreu o índio Artur Marques Vera, de 1 ano, em decorrência de uma parada cardiorrespiratória. Ele estava internado havia 12 dias na Santa Casa de Campo Grande, vítima de paralisia cerebral.
Segundo o diretor do hospital, Rubens Trombine, o garoto chegou com a saúde agravada por uma severa desnutrição.
A falta de alimentação adequada para as crianças indígenas poderá resultar em outros óbitos, acreditam os médicos dos hospitais de Dourados, a 220 quilômetros de Campo Grande, onde está centralizado o atendimento médico-hospitalar aos índios.
Sessenta crianças indígenas continuam internadas nos hospitais da cidade, sendo que 40 no Centro de Recuperação de Desnutridos, 10 no Hospital Universitário e outras 9 no hospital da Missão Caiová.
Febre amarela atinge 2 aldeias
UTI: Um índio de 16 anos da etnia matis está internado desde sexta-feira à noite no Instituto de Medicina Tropical de Manaus com suspeita de febre amarela. Bush Matis foi transportado com febre alta e calafrios em uma viagem de quase 5 horas de voadeira (canoa com motor de popa) da Aldeia Aurélia até Atalaia do Norte, a 1.138 quilômetros de Manaus. De Atalaia, seguiu de hidroavião para Manaus. O garoto está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital, em estado considerado grave. Mais duas crianças da etnia canamari, também com suspeita de febre amarela, seguiriam ontem para Manaus.
OESP, 05/04/2005, p. A7
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