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Morre 13a crianca em reserva indigena de MS

OESP, Nacional, p.A3
04 de Mar de 2005

Morre 13.ª criança em reserva indígena de MS
Bebê de 3 meses, da tribo guarani-caiová, que vivia na Reserva de Dourados, sofria de desnutrição aguda
João Naves de Oliveira
Especial para o Estado
Mais uma criança guarani-caiová morreu desnutrida em Mato Grosso do Sul. O menino Janison Valdez Duarte, de 3 meses, faleceu na madrugada de ontem, depois de ser internado no Hospital da Mulher de Dourados, a 220 Km de Campo Grande, sul do Estado. O atestado de óbito assinado pelo médico Vando Costa confirma que o menino apresentava acentuado déficit nutricional.
É a sétima criança que morre este ano na Reserva Indígena de Dourados e a 13.ª somando-se as mortes entre os nhandévas.
O coordenador da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Carlito Bispinn, disse que as seis mortes fora de Dourados foram causadas por desnutrição e ocorreram entre janeiro e fevereiro.
A situação dos índios nhandévas é bem pior que a dos caiovás. Em Dourados, existe a força-tarefa composta por médicos, nutricionistas, assistentes sociais e até Exército, atuando no combate à desnutrição das crianças. A própria Funasa reconhece que apenas um médico atende quase quatro mil nhandévas.
Roselena Lopes, funcionária da instituição, informou que nas aldeias de Japorã e Eldorado existem 222 crianças com desnutrição.Segundo a Funasa, foram identificadas este ano nos três municípios 107 crianças indígenas com índice P3 (estado grave de desnutrição que pode levar à morte).
O diretor de Assistência da Funai (Fundação Nacional do Índio), Slowacki de Assis, disse que o órgão pouco poderá fazer, já que a Funai vem sendo sucateada desde 1992. "Estamos perdendo atribuições e pessoal. Existiam seis mil funcionários em 92 e atualmente temos menos de dois mil."

Muitas divergências e nenhuma solução
Uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado (CDH), que ontem tratou da morte por desnutrição de crianças indígenas em Mato Grosso do Sul, terminou sem encontrar solução para o problema e mostrando que as autoridades têm avaliações diferentes sobre a situação. Para o secretário de Segurança Alimentar e Nutricional, José Giacomo Baccarin, o problema, apesar de grave, é menor do que no governo de Fernando Henrique. O prefeito de Dourados, Laerte Tetila (PT), apontou a demora na liberação de recursos para a cidade, em 2004.

OESP, 04/03/2005, p. A13

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