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Moda ética, muito além do reciclado

OESP, Especial, p. X4-X5
26 de Fev de 2010

Moda ética, muito além do reciclado
Semana de moda de Londres leva sobras e resíduos às passarelas

Alice Lobo
Especial para o Estado
Londres

Upcycle é a palavra do momento no mundo eco-fashion. Ela esteve presente em 90% das marcas que participaram da Estethica, o salão de moda ética realizado pela oitava vez dentro da London Fashion Week, que terminou esta semana.

E, como a Inglaterra é um dos principais centros de comércio justo, e sua capital é pioneira na criação e no desenvolvimento da moda sustentável, pode-se dizer que esta é a principal tendência para a indústria da moda consciente, que nada tem a ver com alternativa.

Upcycle significa transformar algo que está no fim de sua vida útil ou que vai virar lixo em algo novo sem precisar passar pelo processo físico ou químico de reciclagem. O material é usado tal qual ele é. E a partir dele são feitos novos produtos.

A estilista inglesa Lu Flux é uma adepta dessa nova tendência. Ela sempre gostou de tecidos e virou uma colecionadora. "As pessoas jogam as coisas fora sem pensar duas vezes. Muitos tecidos bonitos e até retalhos às vezes são descartados", conta a estilista, que aposta em modelos coloridos e divertidos.

Mas, para garantir uma boa produção, ela compra os tecidos de segunda mão da empresa britânica LMB, que desde 1985 coleta roupas usadas, separa os tecidos, descostura os pedaços e vende. A LMB tem hoje mais de 4 mil pontos de coleta espalhados pelo Reino Unido e recolhe de 170 a 200 toneladas de tecidos por semana. Desse total, 80% é reutilizado e exportado, 10% é transformado em retalhos, 5% vira feltro e apenas 5% acaba no lixo.

Há 13 anos no mercado, a grife From Somewhere também aderiu ao upcycle. A empresa começou customizando peças e hoje compra tecidos que sobram de grifes conhecidas que produzem na Itália.

Também veterana na moda sustentável é a marca Junky Styling. Em 1997, as duas amigas Annika Sanders e Kerry Seager resolveram transformar em negócio a mania de criarem suas próprias roupas.

Para quem gosta de alfaiataria com uma pegada contemporânea, a Junky é um prato cheio. Tudo que eles produzem é upcycled. Eles compram roupas de segunda mão e cortam, criam novas modelagens e transformam em uma nova peça, que muitas vezes combina alguns tecidos diferentes.

A loja da marca oferece um serviço chamado Wardrobe Surgery (cirurgia no guarda-roupa), no qual o cliente pode levar peças que ele quer que sejam desfeitas e recriadas com o mesmo tecido, seja por razões emocionais ou práticas. Uma espécie de alta-costura do upcycled, o serviço virou até livro (Junky Styling - Wardrobe Surgery), lançado em julho de 2009.

MANGUEIRAS E PARAQUEDAS

Criar o belo a partir do lixo também é a proposta da recém-lançada marca Elvis & Kresse Arts - parceria entre uma empresa da área ambiental e outra que trabalha com produtos de arte e design.

O resultado são bolsas e acessórios criados por artistas premiados. Eles trabalham com materiais inusitados, como mangueiras de bombeiros usadas, que seriam levadas para aterros. Outros itens descartados e depois recuperados também são utilizados, como couro do arreio de cavalo, nylon de paraquedas e até embalagens para transportar chá.

Focada no estilo e na silhueta dos anos 40 e 50, com referências de pin-ups e donas de casa, a inglesa Tara Starlet usa lixo da indústria têxtil na sua marca. "Este é o verdadeiro estilo que não sai de moda. Por isso nossas peças sempre têm essa inspiração e são feitas para serem atemporais."

Ela utiliza sobras de tecidos para fazer sua coleção, além de peças e adereços vintages que ganham novos ares, como golas e acabamentos.

Os estilistas da Estethica, no entanto, não utilizam apenas o upcycle para serem sustentáveis. Eles investem em outras frentes, como a produção local para diminuir a pegada de carbono do produto e criar trabalho para a comunidade, a venda de produtos atemporais para durarem mais do que uma estação e o uso de diversos tipos de materiais ecológicos.

A sueca Maxjenny, por exemplo, desenvolve roupas que são verdadeiras esculturas. Capas e jaquetas são feitas com PET reciclado e vestidos, blusas e cardigans são produzidos com tecido de bambu. A proposta de novos volumes e silhuetas tão cobrada das badaladas grifes estão presentes de forma moderna e sustentável.

Os materiais não são novidades, mas a forma de usá-los cada vez mais quebra o estigma de que moda sustentável não é fashion.

Italiana de nascimento, educada na Alemanha e atualmente vivendo na Inglaterra, Ivana Basilotta utiliza nas suas blusas e vestidos a chamada "seda da paz". Normalmente o casulo do bicho da seda é colocado na água fervente ainda com o animal vivo dentro. Nessa seda ecológica, o processo de dissolução do casulo só é feito depois que o bicho da seda deixou o mesmo e virou borboleta. O casulo é depositado em água fervente e sua produção segue da maneira tradicional. Além disso, Ivana trabalha com fibras biodegradáveis, orgânicas e recicladas.

Fibras naturais orgânicas são, aliás, uma grande preocupação entre os estilistas ingleses. Eles estão empenhados na recuperação da indústria de lã nacional, em decadência por ter sido trocada por fornecedores mais baratos de outros países. Cerca de 80% da lã usada no Reino Unido é importada.

A marca Izzy Lane é um exemplo da recuperação da lã inglesa desde a criação de ovelhas e carneiros até o desenvolvimento do produto final. Em 2002, a vegetariana Isobel Davies salvou os primeiros carneiros que seriam abatidos e começou sua criação do animal, que é tratado como um bicho de estimação e tem sua lã tirada sem crueldade.

Um de seus compradores é a The North Circular, uma sociedade das modelos Lily Cole e Katharine Poulton com a estilista Alice Ashby e a própria Isobel. A marca faz acessórios e roupas em tricôs feitos à mão por senhoras inglesas carinhosamente chamadas de "vovós", resgatando a tradição local.

Outra cliente da Izzy Lane é a Beautiful Soul. A coleção traz jaquetas e vestidos misturando tecidos de lã com seda de quimonos antigos. A Makepiece também resgata a lã produzida usando somente fios naturais ou tingidos sem substâncias químicas banidas na Europa.

Todas essas iniciativas têm um único objetivo: tornar a indústria da moda mais sustentável e fazer as pessoas entenderem que moda ética é não só um nicho, mas o começo de uma atitude da indústria, que deve se tornar realidade também dentro das grandes marcas.

"Hoje existe "moda" e "moda ética" separadas. Daqui a um tempo a divisão será outra: "moda" e "moda não-ética"", explica Orsola de Castro, fundadora e curadora da Estethica e da marca From Somewhere.

É por isso que tanto o Conselho de Moda Britânico como a London College of Fashion têm programas para incentivar jovens estilistas a fazer uma moda sustentável. O conselho lançou o Estethica Mentoring Programme, um projeto onde novos estilistas selecionados recebem acompanhamento e consultoria de profissionais renomados para tornar sua coleção ao mesmo tempo fashion, comercial e sustentável.

ECO-SUTIL

Entre as "eleitas" está Ada Zanditon, que chegou a apresentar uma mistura de diversas iniciativas "eco" e de comércio justo numa só peça. Sua coleção traz essa mistura de maneira sutil, com camisetas feitas com bambu, saias e jaquetas de algodão orgânico, casacos de lã inglesa e vestidos feitos com sobras industriais. Seus acessórios são feitos com uma resina desenvolvida a partir de lixo reciclado. " Foi uma experiência incrível. Consegui desenvolver todo um novo lado comercial e ao mesmo tempo manter o lado criativo", conta Ada.

Já a London College of Fashion tem um setor especializado no assunto. É o Centro de Moda Sustentável, fundado há três anos e patrocinado pelo Fundo de Desenvolvimento Regional da União Europeia. O projeto levou para a Estethica uma exposição com looks de quatro estilistas escolhidos pela ex-editora da revista inglesa iD, Merryn Leslie.

"O Centro de Moda Sustentável foi criado para provocar e desafiar a indústria da moda a achar novas práticas sustentáveis", diz o diretor do centro, Dilys Williams.

"Ao apoiar essas marcas londrinas é possível transformar nossas pesquisas em prática e mostrar como a adoção de um modelo de negócio sustentável pode causar um impacto positivo. Isso mostra o poder que a moda tem para se transformar e ajuda a proteger o seu próprio futuro."

No Brasil, tendência ainda engatinha, mas ganha fôlego

Até pouco tempo atrás, moda ecológica no Brasil era sinônimo de roupas e acessórios alternativos que passavam longe das passarelas. Mas esse conceito está mudando: estilistas, organizadores dos principais eventos da área e algumas grifes de peso já começaram a virar o jogo. E isso engloba aspectos econômicos, ambientais e sociais - tanto no desenvolvimento das criações das peças como da sua cadeia produtiva.

A preocupação sócio-ambiental ainda está engatinhando no Brasil, se comparada às iniciativas de Londres e de outras capitais da moda. No entanto, nessa temporada de moda outono-inverno, o tema estava presente em várias coleções apresentadas na São Paulo Fashion Week, cujo tema foi justamente a sustentabilidade.

A Osklen, por exemplo, trouxe tecidos ecológicos para sua passarela, como a lã orgânica, o feltro de lã reciclada e a seda ecológica. E muitas dessas peças chegam às lojas no início do mês que vem, como a blusa de tricô masculino de palha de seda e do vestido, da bolsa e da bota feitas com o feltro.

Já a Iódice usou produtos sustentáveis da Amazônia em suas peças, como as sementes que viraram bijuterias desenvolvidas pela designer Francesca Romana Diana. Mas o tema sustentabilidade extrapolou os modelos desta estação. A equipe de estilo da marca vai à reserva de Mamirauá para capacitar artesãos locais e mostrar como melhor aproveitar esses materiais. A ideia é tornar esses profissionais capazes de enfrentar um mercado externo e fornecer produtos para grandes nomes da moda internacional.

Outras marcas nacionais aderiram à reciclagem de materiais. A estilista Isabela Capeto há várias coleções reutiliza tecidos antigos, seja para fazer uma peça ou alguns acabamentos. O mesmo faz Mario Queiroz, que estampa sobre tecidos antigos, dando um ar totalmente novo a algumas de suas criações. Nesta coleção ele também trabalhou com algodão orgânico nas suas camisetas. "Também sugiro ao consumidor utilizar peças de coleções antigas, de brechós ou mesmo de outras marcas. Na moda tudo se recicla, e o estilo permanece", filosofa Queiroz. Fause Haten reaproveitou tecidos de seu estoque.

Mais ousada e criativa, a Cavalera se inspirou na reforma de seu showroom e reutilizou o que normalmente não faz parte do seu acervo. Ao ver a resistência dos materiais expostos ao sol e à chuva, os estilistas desenvolveram carteiras e bolsas que aliam formas tradicionais a uma matéria-prima inovadora: o saco de cimento.

PELE DE COELHO

A polêmica da temporada, no entanto, ficou por conta dos casacos ou looks de peles. Sejam verdadeiras ou sintéticas, elas reinaram nos desfiles da SPFW. Neon, Isabela Capeto, Alexandre Herchcovitch, Cori, Maria Garcia e Huis Clos optaram pela versão sintética. A Colcci ampliou o debate ao usar pele de coelho certificada. Isso significa que os animais são de espécies que não estão em extinção e são criados justamente para o abate.

Já no Rio, a moda verde e ética parece estar mais perto do consumidor. A cidade abriga, por exemplo, a ONG Moda Fusion, que desde 2005 traz estilistas de renomadas escolas de moda francesa para ensinar design às costureiras de cooperativas locais. O resultado são peças fashion usando as técnicas que elas já dominam e que fazem sucesso na Europa.

Muitos acreditam que o Brasil tem tudo para ser a cara do mercado eco-fashion no mundo e que essa pode ser uma plataforma de exportação a ser apoiada pelo governo. Afinal, o mercado externo já valoriza o trabalho artesanal brasileiro, que ganhará mais prestígio se tiver um toque fashion, uma preocupação ambiental e ajudar o desenvolvimento local de populações carentes.

Em setembro do ano passado, o Dona Fusion - um projeto da Moda Fusion em parceria com a loja Dona Flor - participou do salão Maison Objet, em Paris, com cangas decorativas no tecido de PET reciclado em 40 estampas diferentes assinadas por designers brasileiros e franceses. Produzidas por presidiárias de São Paulo do programa Daspre, as peças ganharam exposição na renomada loja de departamento Bon Marché e chegaram às araras das butiques parisienses Merci, L" Eclaireur e Colette e de lojas de Saint Tropez e da Córsega.

Outra prova de que estilo e moda verde andam juntos é a stylist e apresentadora do programa Tamanho Único (do canal GNT) Chiara Gadaleta Klajmic. Além de ter o blog Ser Sustentável com Estilo, ela organizou no ano passado quatro edições do Bazar Sustentável, que a partir deste ano será realizado também no Rio e em Porto Alegre. Nele, Chiara vende acessórios da sua marca de Tarantula, feita com resíduos têxteis, e garimpa peças de outras iniciativas verdes.

Chiara também está lançando um loja virtual de artigos com preocupação sócio-ambiental. O nome - Identidade 55, em referência ao nosso código telefônico - não podia ser mais atual e global, provando que o Brasil tem mesmo de apostar na eco-fashion. A.L.

Pacotes de salgadinho e lixo eletrônico viram acessórios

Fernanda Fava
Especial para o Estado

Na São Paulo Fashion Week, sacos de cimento viraram artigos de luxo nas mãos dos estilistas da marca Cavalera. Fora das passarelas, o mesmo conceito de reutilizar produtos - o chamado upcycle - transformou pacotes de salgadinhos Doritos e lixo eletrônico em bolsas e bijuterias.

Recém-chegada ao Brasil, a empresa americana TerraCycle enxergou esse potencial e cria acessórios confeccionados de lixo. De embalagens usadas de salgadinhos Elma Chips e sucos Tang, eles fazem bolsas, mochilas, pochetes, estojos, cadernos, guarda-chuvas e até capas para caixas de som.

"Estamos dando uma solução criativa para produtos e materiais que não podem ser reciclados e antes iam parar em aterros sanitários", diz o presidente da empresa, Tom Szaky. "E, para isso, usamos a matéria-prima mais barata que existe: o lixo." O problema dos pacotes de salgadinho e de bolachas é que eles são feitos de um material misto entre plástico e alumínio. Comparados a outros tipos de plástico, como o PET, são mais difíceis de reciclar.

O processo da TerraCycle - tanto nos EUA como aqui - funciona assim: você se cadastra no site e envia para a empresa, gratuitamente, as embalagens que coletou. Aqui, os produtos são desenvolvidos por cooperativas e vendidos por preços entre R$ 10 e R$ 30 na rede Walmart.

LIXO ELETRÔNICO

Com a mesma intenção de Szaky, a artista plástica paulista Naná Hayne cria bijuterias, artigos de decoração, artesanato, esculturas e telas a partir de lixo eletrônico, que, assim como os pacotes de bolachas, são mais difíceis de se reciclar.

"Um dia minha impressora não estava funcionando. Tive um acesso de raiva e quebrei o cabo do aparelho. Descobri que podia fazer arte", conta. "Pego computadores em assistências técnicas e uso disco rígido, cabo de impressora, peças de teclado, chips, monitores."

Seus clientes são, principalmente, jovens conectados e consumidores de novas tecnologias, que compram os artigos pela estética, mas também pela consciência ecológica. ''É um incentivo a reutilizar antes de reciclar'', diz.

As peças da artista ajudam a amenizar o (imenso) problema que o lixo eletrônico representa para o Brasil. Um relatório da ONU divulgado esta semana apontou o País como o maior produtor de lixo eletrônico entre as nações emergentes: mais de 350 mil toneladas por ano entre 2005 e 2006. Uma pesquisa da Nokia, feita em 2008, indicou que apenas 2% dos celulares descartados são reciclados.

O maior entrave para esse tipo de lixo é que ele pode conter metais pesados, como chumbo e mercúrio, que, se descartados no lixo comum causam danos à saúde e ao meio ambiente. Outro problema é que a logística para reciclá-lo é cara, já que quase tudo precisa ser enviado para os fabricantes no exterior. As operadoras de telefonia celular Claro e a TIM, por exemplo, coletam celulares, baterias e carregadores antigos em suas lojas. Em seguida, uma empresa de logística recolhe o material, faz a separação e envia para a Europa.

A indústria da moda precisa acordar para a sustentabilidade'

Sustentabilidade é um caminho sem volta. É nisso que acredita Graça Cabral, diretora institucional da Luminosidade, empresa que organiza o São Paulo Fashion Week e o Fashion Rio. Para ela, é fundamental que a indústria da moda acorde para a questão da sustentabilidade. "A gente usa o SPFW para levar assuntos importantes para o mercado e o grande público."

Como foi trazer a sustentabilidade para a moda há quatro anos, quando pouca gente sabia o que queria dizer essa palavra?
Queríamos tratar da sustentabilidade sem ser ecochatos. A ideia era marcar
o início de um processo de reflexão na moda, para que isso passasse a ser discutido nas empresas também. Precisávamos dar o exemplo,
o primeiro passo.

O que mudou desde então?
Hoje a gente vê, por exemplo, a cultura do algodão toda sendo revista para se tornar sustentável, pois ela polui o lençol freático e é tóxica. Era essa nossa intenção em 2003, rever processos e materiais usados e torná-los menos agressivos ao meio ambiente. Também fizemos um projeto no qual estilistas desenvolveram roupas a partir de PET,
lã e algodão orgânico, couro vegetal, papel e sementes.
E com isso mostramos como
é possível criar uma peça desejável a partir de um material com que nem o estilista nem o público está acostumado.

Mas como esse debate sobre sustentabilidade pode chegar
no consumidor?
Mudança de hábito é algo difícil, e as pessoas se sentem ameaçadas por pensar que elas têm de abrir mão de algum conforto. Por isso, temos de ir pouco a pouco ganhando espaço e mostrando que há meios de começar a fazer as pessoas entenderem que elas têm de fazer a parte delas,
que não é algo que vem de cima para baixo e sim que é uma somatória de pequenas atitudes de cada um. A.L.

OESP, 26/02/2010, Especial, p. X4-X5

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