VOLTAR

Mobilização e agito em Amambaí, Mato Grosso do Sul

CIMI-MS
Autor: Egon Heck
15 de Mai de 2007

"Exigimos respeito aos Kaiowá Guarani" (lideranças, Amambaí,12/05/07).

Um fim de semana quente para espantar o frio dessa região da fronteira com o Paraguai. Na terra indígena Amambaí, a Escola Mboeroy Guarani Kaiowá é palco de especial atenção.

Homenagem às Mães - Sy Ara

A homenagem ao dia das mães - Sy Ara, é singela e simples como sua gente. Mães Kaiowá Guarani com crianças no colo e outras pequenas acompanhando, chegam carregando suas preocupações, esperanças e alegria pela homenagem neste dia. Poucas falas lembraram as mães guerreiras na luta pela vida. Um poema "Che Symi" - minha mãe, feito pelo professor Eliseu Ribeiro, lembra a beleza e dureza de ser mãe, de fazer a vida florescer, dos muitos choros de alegria, das muitas preocupações, do viver com os filhos que ama. Uma bonita saudação pelo seu dia que está chegando.

Depois do rápido ato no ginásio de esportes, é o momento de partilhar um suco e um pedaço de bolo feitos especialmente para essa ocasião.

A preocupação - Funai

Recentemente houve uma série de mudanças na estrutura administrativa da Funai junto aos Kaiowá Guarani. Durante os últimos anos funcionou uma administração regional em Amambaí e um núcleo em Dourados. Com a extinção sumária de todos os núcleos, passou a se cogitar a transferência da administração regional para Dourados. Isso foi até noticiado pela imprensa há poucos dias. Foi o suficiente para ouriçar a população Guarani, especialmente a dessa região da fronteira, que se sente prejudicada e desrespeitada com a medida.

Sem entrar no mérito das mudanças, o que deixou as lideranças revoltadas foi o procedimento da Funai, sem nenhum diálogo ou discussão com as comunidades Guarani, simplesmente tomou a decisão sem sequer estarem cientes os motivos da mesma. E isso tudo se dá num momento em que a promessa do novo presidente, Márcio Meira, é de manter o mais franco, permanente e profundo diálogo com os povos indígenas e dar-lhes condições de participar nas decisões a serem tomadas com relação a eles. Os fatos vão na contramão do discurso. Além disso, é um desrespeito à própria Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho. Por isso estão aqui reunidas as lideranças do povo Kaiowá Guarani, especialmente desta região da fronteira.

Em carta ao presidente da Funai as lideranças expressam sua decepção e revolta:

"Nós capitães, líderes religiosos e professores Guarani Kaiowá reunidos para discutir os problemas na escola Mboeroy... Em nenhum momento nós aceitamos a decisão tomada pelo presidente da Funai, Marcio Augusto Freitas de Meira... Portanto entendemos que a decisão tomada pelo senhor presidente foi um dano moral, traição e falta de consideração com nosso povo. Sem mais esperamos o retorno e que respeitem nossa decisão". (Amambaí 12/05/2007).

Coincidentemente, os professores e outras lideranças que para cá vieram dar continuidade ao estudo sobre a questão da sustentabilidade dentro das terras indígenas, participaram, na parte da manhã, da discussão com as lideranças, uma vez que o assunto diz respeito a toda a comunidade. Porém a professora Teodora deixou bem claro que não podem se deixar pautar pela Funai, até porque a atuação da mesma é muito limitada e pouco eficaz.

O que se espera é que se possa dar um salto qualitativo na efetiva participação na construção da política que os Kaiowá Guarani querem para seu povo e como executá-la e fiscalizá-la.

Sustentabilidade e dependência nas terras indígenas

Uma das grandes preocupações no momento é a vulneralibildade desse povo em função da perda quase total de autonomia de produção de alimentos para sua população. O principal sintoma disso é a dependência generalizada de cestas básicas.

Preocupado com essa realidade a estratégia de um grupo, especialmente de professores, juntamente com algumas lideranças e com apoio da equipe do Cimi Dourados, iniciou uma série de estudos e debates a esse respeito.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.