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Ministros da UE aprovam corte de 20% em emissões

FSP, Ciência, p. A8
21 de Fev de 2007

Ministros da UE aprovam corte de 20% em emissões
Decisão adotada ontem aponta para meta mais ambiciosa em acordo pós-Kyoto
Autoridades dizem que o bloco está pronto para uma redução de 30% até 2020, se os outros países ricos se moverem na mesma direção

Da redação

Os ministros do Ambiente da União Européia concordaram ontem em cortar as emissões de dióxido de carbono do bloco em 20% até 2020 e disseram estar prontos para uma redução ainda mais drástica, de 30%, se outras nações industrializadas equiparassem os esforços europeus para conter o aquecimento global.
O acordo entre os ministros, firmado em Bruxelas, vem pouco mais de um mês depois de o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, ter pedido uma "revolução pós-industrial" ao delinear a nova política energética do bloco.
O ministro do Ambiente da Alemanha, Sigmar Gabriel, disse que uma meta global era "certa e necessária para manter o aquecimento abaixo de 2C até o fim deste século".
Mas as 27 nações da UE ainda precisam decidir o que cada uma terá de fazer para alcançar a meta de 20% estabelecida.
Agora, os países europeus começarão a negociar um regime de repartição de responsabilidades. Isso permitirá aos países do Leste poluir proporcionalmente mais, para alcançar economicamente seus vizinhos ocidentais -que têm maior responsabilidade nas emissões de CO2 e outros gases que esquentam o planeta. A estes caberia um esforço de redução acima da meta.
Gabriel, que chamou o acordo de uma "decisão histórica", disse a Alemanha poderia assumir uma meta de até 40% de corte de emissões para ajudar a diluir o esforço total.

Fazendo a cama
O acordo da UE vem em um momento crítico, no qual o mundo se prepara para negociar os termos de um regime de redução de gases-estufa (que aprisionam o calor da Terra na atmosfera, causando o aquecimento anormal do planeta) que substitua o Protocolo de Kyoto.
O tratado internacional, que expira em 2012, prevê metas de redução bem mais tímidas: 5,2% para os países industrializados até 2012, em relação aos níveis de emissão de 1990.
Com uma meta unilateral tão ambiciosa, a UE eleva a barra dos debates sobre o pós-Kyoto, reduzindo as chances de que o próximo acordo seja fechado com metas pífias.
Grupos ambientalistas louvaram a decisão da UE, mas pediram ao bloco para implementar os 30% de redução independentemente dos outros países.
"Os ministros ouviram a ciência e deram um salto adiante na resolução da crise climática", disse Mahi Sideriou, do Greenpeace. "Mas sugerir um magro corte unilateral de 20% e ao mesmo tempo admitir que ele é inadequado e que um corte de 30% será necessário é uma discrepância bizarra."
O secretário do Ambiente do Reino Unido, David Miliband, defendeu a posição da UE: "O compromisso unilateral de cortar as emissões européias em 20% até 2020 -o primeiro do tipo- mostra que nós estamos comprometidos a agir".
Miliband deu também um recado sobre a posição européia nas negociações internacionais: "A ação na UE não basta. Nosso compromisso com um corte de 30% nas emissões como parte de um acordo global fortalece a capacidade da UE de liderar o debate nas conversas sobre clima no G8 e na ONU e de assegurar um resultado ambicioso".
A mensagem do ministro tem dois alvos certos: os EUA, maior poluidor do mundo, que têm rejeitado metas obrigatórias de corte de emissões, e os gigantes do mundo subdesenvolvido (Brasil, China, Índia, África do Sul e México), que também resistem a metas -mas que provavelmente serão obrigados a adotá-las num novo tratado global.

Com agências internacionais e "The Independent"

FSP, 21/02/2007, Ciência, p. A8

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