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Ministros amazônicos manifestam interesse na conservação integrada da região em Nagoia

WWF - www.wwf.org.br
Autor: Ligia Paes de Barros
27 de Out de 2010

Durante a 10ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, que acontece em Nagoia até 29 de outubro, as negociações em torno de um Plano Estratégico para a próxima década que reduza a perda da biodiversidade no mundo continuam. E uma das reivindicações da Rede WWF e do WWF-Brasil para esse Plano Estratégico é o compromisso dos países em conservar, em áreas protegidas, 20% de diferentes ecorregiões do planeta.

O Programa de Trabalho de Áreas Protegidas da CDB recomenda que, uma vez que as ecorregiões são áreas com características naturais comuns e que não necessariamente estão inteiramente dentro de apenas um país, os diversos países de uma mesma ecorregião trabalhem conjuntamente na conservação da biodiversidade para atingir resultados mais expressivos.

Nesse contexto, hoje, ministros de Meio Ambiente de seis países amazônicos - Brasil, Peru, Equador, Suriname, Colômbia e França (Guiana Francesa) - se reuniram em Nagoia e confirmaram interesse em trabalharem conjuntamente para conservação da região.

Os ministros afirmaram que irão apoiar, nos próximos dez anos, a implementação de um plano de ação indicado no primeiro relatório regional de implementação do Plano de Trabalho da CDB sobre Áreas Protegidas na Amazônia, realizado por diretores de áreas protegidas dos nove países amazônicos com apoio de organizações, entre elas o WWF.

"Esperamos poder trabalhar juntos nessa iniciativa de conservação regional da Amazônia e também contribuir para o sucesso dessa COP 10", afirmou a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira. "nós precisamos reconhecer o trabalho que já foi feito nesse sentido até agora, com resultados impressionantes, mas também fornecer um aparato político para que esse trabalho continue a ser feito", ressaltou Teixeira.

Para Denise Hamú, secretária-geral do WWF-Brasil, esse encontro mostrou uma convergência de interesses excepcional. "Essa disposição de todos os ministros em cooperar é muito positiva. A possibilidade de troca de experiências entre os países amazônicos é fundamental para conseguirmos cumprir as metas da CDB relacionadas a áreas protegidas e conservar eficientemente essa região fundamental para a saúde do planeta", afirmou Hamú.

Os ministros ainda apontaram a importância desse trabalho conjunto na conservação da Amazônia para a manutenção dos serviços ecológicos da região e a resistência frente às ameaças das mudanças climáticas.

"Estamos falando de uma das regiões ecológicas mais importantes do mundo - a Amazônia - de um dos esforços de conservação mais significativos do mundo - as áreas protegidas dos nove países amazônicos -, com um vínculo muito grande com a implementação das decisões da CDB, afirmou Cláudio Maretti, superintendente de conservação do WWF-Brasil.

Segundo Maretti esse encontro e comprometimento dos ministros dos países para a conservação integrada da Amazônia é fundamental para a efetividade desse trabalho conjunto já iniciado. "Esperamos que o que aconteceu hoje continue se repetindo em outros encontros internacionais para que esse trabalho seja consolidado cada vez mais", afirmou Cláudio Maretti.

Primeiro relatório de conservação regional da Amazônia

Essa semana, foi apresentado em evento paralelo na COP 10, o primeiro Relatório Regional de Implementação do Plano de Trabalho de Áreas Protegidas da CDB. O trabalho é uma parceria entre diversos países por meio da Redparques (Rede Latino-americana de Áreas Protegidas), com o apoio técnico da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), secretariado da CDB, e a Rede WWF, e a participação da Comunidade das Nações Andinas (CAN) e da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (Otca).

O relatório apresentado mostrou resultados alcançados pelo trabalho na região em relação à identificação de oportunidades de conservação regional, efetividade de gestão, sustentabilidade financeira e experiências de conservação de populações indígenas e comunidades locais.

"Estamos no começo desde trabalho que possui muitas possibilidades, mas também muitos desafios", afirmou Fábio França, diretor de Áreas Protegidas do Ministério do Meio Ambiente do Brasil.

O desafio do financiamento

Segundo França, entre as principais dificuldades encontradas na implementação do programa de trabalho regional foi a falta de recursos financeiros: há uma lacuna financeira para apoiar o programa de 500 milhões de dólares e mais 150 milhões de dólares anuais, além do volume já investidos pelos países com seus orçamentos nacionais.

"A dificuldade encontrada pelos países amazônicos na implementação de um trabalho conjunto de conservação demonstra a importância da discussão em torno da mobilização de recursos financeiros durante essa conferência em Nagoia, pois é necessário dar condições para implementação do plano estratégico que se espera seja aprovado aqui" afirmou Cláudio Maretti.

Esse assunto também foi abordado durante o encontro dos ministros amazônicos. "É preciso fazer com que a comunidade internacional reconheça a importância desse trabalho e forneça o apoio financeiro necessário para a sua continuidade", disse a ministra Teixeira ressaltando a importância mundial da Amazônia.

A importância das áreas protegidas da Amazônia

As áreas protegidas são um instrumento fundamental em qualquer estratégia de desenvolvimento sustentável e conservação da diversidade ecológica e cultural. O conjunto de sistemas nacionais de áreas protegidas nas áreas amazônicas nos nove países representa aproximadamente 21% do total da região, sem incluir os 26% do território em terras indígenas e outras categorias que contribuem para a conservação da biodiversidade. Além disso, 78% de todas as áreas protegidas criadas no mundo entre 2003 e 2009 estão na Amazônia e este bioma contém 2,16% de todas as áreas protegidas do mundo. Esse esforço na região foi reconhecido pela terceira edição do relatório "Panorama Global de Biodiversidade" como um dos principais resultados obtidos em termos de conservação da biodiversidade na última década.

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