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Ministro na zona de tensão indígena

Amazônas em Tempo-Manaus-AM
11 de Jun de 2003

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos viajou ontem para Roraima para tentar acabar com um dos mais sérios problemas em áreas indígenas, no País, que é a demarcação da área Raposa Serra do Sol, ao norte do Estado, que hoje engloba pelo menos duas cidades. Na disputa pelas terras, pelo menos 10 mortes foram registradas ao longo de cinco anos, enquanto que a animosidade cresceu na região, ao ponto de produtores e fazendeiros fazerem manifestações públicas, por meio de outdoors espalhados por Boa Vista, contra os índios e a igreja.

Thomaz Bastos vai sobrevoar as comunidades Maturuca, Uiramutã e Raposa, onde estão localizadas as maiores concentrações de índios uapixana e macuxi, que povoam a região. Ele se reunirá com o governador Flamarion Portela (PT) e com lideranças locais.

A ida de Thomaz Bastos à Boa Vista tem, além de tudo, uma importância política para o governo federal, já que poderá definir publicamente a posição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a situação de Raposa Serra do Sol. Os índios querem que a demarcação seja contínua, como acabou sendo feita, enquanto que parte da população local pretende dividir a área indígena, impedindo que as cidades fiquem dentro da reserva.

O ministro vai encontrar resistência principalmente em relação à bancada federal de Roraima no Congresso, praticamente toda contrária à demarcação contínua da terra indígena.

Além disso, dentro de Raposa Serra do Sol existem diversas fazendas que foram montadas antes da demarcação, outro foco de problema na região. Por diversas vezes, a Polícia Federal teve de intervir para evitar um confronto entre índios e produtores, que acusam a igreja de aumentar o clima de tensão na região. Entre os protestos feitos em Boa Vista, vários são contra os padres locais.

As terras foram demarcadas quase no início do primeiro mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas nunca foram homologadas, justamente por causa da polêmica sobre a manutenção ou não da forma contínua. Na época, o governo de Roraima alegava que o Estado hoje tem em torno de 70% de seu território nas mãos da União, seja em forma de reserva indígena ou área de preservação. Só a Raposa Serra do Sol tem em torno de 1.7 milhão de hectares.

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