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Ministro contesta diretor da Aneel e descarta novo apagão até 2009

OESP, Economia, p. B6
10 de Jan de 2008

Ministro contesta diretor da Aneel e descarta novo apagão até 2009
Lula convoca Hubner e Kelman para reunião, da qual participam também Dilma e Tolmasquim que estavam em férias

Leonardo Goy e Gerusa Marques

O ministro interino de Minas e Energia, Nelson Hubner, disse ontem que a afirmação feita na terça-feira pelo diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Jerson Kelman, de que não é impossível um racionamento de energia este ano, expressa "a posição individual de Kelman e não reflete o pensamento da diretoria da agência". Hubner foi além e assegurou que não há risco de um novo apagão neste ano ou em 2009: "Está descartado apagão elétrico em 2008 e 2009".

O ministro já chamou Kelman para conversar. Ele lembrou que o governo tem "vários espaços para debate", como o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que tem reunião marcada para hoje à tarde. Criado após o racionamento de 2001, o CMSE é um órgão que tem como principal função acompanhar a situação do abastecimento de energia.

Apesar das declarações de Hubner, a situação preocupa o governo. Tanto é que no início da noite de ontem, depois da entrevista do ministro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou uma reunião com Hubner, Kelman e o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, para discutir o assunto.

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que voltaria apenas amanhã de férias, também participou da reunião. Além dela, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, teve de abreviar suas férias para estar presente no encontro.

Fontes do governo que acompanharam a reunião informaram que Hubner, Tolmasquim e Chipp tentaram, durante toda a conversa, convencer Lula de que as premissas usadas por Kelman para avaliar os riscos de racionamento estariam equivocadas. Nenhum dos participantes quis dar entrevista.

Segundo Hubner, o diretor da Aneel "colocou uma posição individual dele". "Eu questionei a diretoria da Aneel se era uma posição dele ou da agência. Disseram que não, que foi uma expressão individual do diretor e não uma posição da agência", reforçou o ministro, sobre as declarações de Kelman.

Para Hubner, apesar de os reservatórios das hidrelétricas estarem baixos, não há motivo para alarde em relação à situação do fornecimento de energia elétrica no País. Segundo ele, o quadro atual é diferente de 2001, quando ocorreu o racionamento. "A situação atual é bem diferente daquela. Nós criamos mecanismos para evitar que aquilo se repita."

O ministro reconheceu que no último trimestre de 2007 o ciclo hidrológico foi desfavorável e houve retardamento das chuvas. Mas ele lembrou que o País está apenas no décimo dia do período em que normalmente chove com mais intensidade, que vai de janeiro a abril.

Segundo Hubner, as usinas termoelétricas foram acionadas para garantir a segurança do sistema elétrico. Ainda de acordo com Hubner, como o período das chuvas está apenas no início, se mais adiante o governo chegar à conclusão que o nível dos reservatórios continua abaixo do ideal, mais térmicas poderão ser acionadas.

Ele disse que o governo já tem uma plano de contingenciamento de gás e, se necessário, poderá transferir às térmicas o gás utilizado pela Petrobrás para consumo próprio, por exemplo. Qualquer medida, porém, levará em conta várias questões, como evitar alta no preço da energia para a população.

"Se caminharmos para uma situação de emergência, que não é o caso, todas as medidas seriam tomadas", disse Hubner. Segundo o ministro, o fornecimento de gás às térmicas já está excedendo as cotas previstas no termo de compromisso firmado em maio do ano passado, entre a Petrobrás e a Aneel.

Hubner ironizou os analistas que criticam a política energética do governo e afirmam que haverá problemas no fornecimento de energia. "Tem analista para tudo. Faz cinco anos que eu estou no governo e todo ano tem gente dizendo que vai faltar energia. E não faltou."

O ministro garantiu que o governo fará um acompanhamento permanente das chuvas ao longo deste mês, mas somente no fim de janeiro será possível avaliar com mais precisão qual é a situação de capacidade de geração hidrelétrica do País.

OESP, 10/01/2008, Economia, p. B6

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