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Ministra européia visita índios no Pará

O Liberal-Belém-PA
21 de Ago de 2001

A ministra do Meio Ambiente da Comunidade Européia, a sueca Margot Wallstrom, de 46 anos, começa hoje uma visita de cinco dias às florestas de Altamira, onde irá conhecer projetos de desenvolvimento auto-sustentável, direitos de minorias indígenas e debater com os índios, alternativas para evitar o avanço das companhias madeireiras que fazem retirada clandestina de espécies na região. Entre os projetos já implantados, Margot conhecerá na região banhada pelo rio Xingu um hotel-pousada que funciona no meio da mata a base de energia solar.
Margot está cotadíssima para ser a próxima primeira-ministra da Suécia, em 2002, pelo Partido Social Democrata. Foi ela quem conseguiu liderar todas as negociações para a assinatura do protocolo de Kyoto, obtendo uma vitória ao evitar que o acordo sobre o meio ambiente mundial não fosse abandonado. Ela despertou seu interesse pela Amazônia, especialmente quanto ao modo de vida dos povos indígenas de Altamira, depois de assistir documentários sobre a Amazoncoop, uma cooperativa de índios apresentados na televisão sueca e de ler artigos publicados na imprensa da Escandinávia.
Em setembro do ano passado, Margot tomou parte de uma reunião em Estocolmo promovida pela televisão sueca no dia em que o terceiro documentário foi levado ao ar. Nesta reunião estavam presentes membros da cooperativa que a convidaram para ir visitar o projeto. A televisão sueca ( TV2) fez três documentários sobre a cooperativa. O primeiro foi transmitido em 1999 e os outros dois, em 2000.
Esses programas acompanharam o desenvolvimento da cooperativa durante este período e tiveram altos índices de audiência que motivaram a imprensa escrita e estações de rádio a produzirem diversos artigos e programas sobre a Amazônia, a cooperativa, o conceito de desenvolvimento auto-sustentável e o direito de minorias indígenas. Em novembro de 2000, a Amazoncoop voltou a ser assunto na imprensa. Rádios da Escandinávia e Inglaterra, além de alguns jornais, cobriram as mortes por catapora, no Pará, de índios Arawete (membros da Amazoncoop), causadas pela negligência da Funasa e pelo extravio de recursos da saúde indígena por parte do município de Altamira.
Floresta - A divulgação desses fatos reforçou a importância da cooperativa em gerar recursos que possam, num futuro próximo, tornar as tribos auto-suficientes. A decisão de Margot em visitar a cooperativa se baseou no interesse de conhecer a Amazônia e ver de perto o projeto que implementa as práticas do uso auto-sustentável da floresta como modelo de desenvolvimento. A Amazoncoop foi criada por seis comunidades indígenas cuja finalidade é desenvolver atividades econômicas auto-sustentáveis que gerem renda para que as comunidades indígenas possam se tornar auto-suficientes.
Hoje, a cooperativa desenvolve as seguintes atividades econômicas: produção de óleos essenciais, como copaíba, andiroba e óleo de castanha, para o mercado externo; remédios naturais produzidos a partir de plantas medicinais que crescem num horto que a cooperativa possui na cidade de Altamira.
Remédios - Os medicamentos são fornecidos de graça para todos os índios da região de Altamira e também para algumas comunidades do município de Redenção. Esses medicamentos produzidos pela cooperativa representam cerca de 60% de toda a medicação utilizada pelas comunidades indígenas. Os remédios são também vendidos na cidade de Altamira. Outra atividade da Amazoncoop é o ecoturismo: a cooperativa tem uma pousada ecológica na ilha Tataquara, localizada no Rio Xingú. A pousada possui 30 apartamentos com banheiro privativo. Ela foi construída em palha e usa energia solar.
A cooperativa tem o apoio de uma entidade filantrópica inglesa, The Body Shop Foundation, que doou a maior parte dos recursos usados para desenvolver as atividades econômicas da cooperativa. A fundação ofereceu os recursos para a construção da pousada, implantação do horto de plantas medicinais, o laboratório de manipulação onde os remédios são produzidos, os recursos para aquisição do galpão e equipamentos usados na produão dos óleos essenciais.

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