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Ministério da Cultura lançará editais só para criadores negros

FSP, Poder, p. A9
05 de Out de 2012

Ministério da Cultura lançará editais só para criadores negros
Sistema de fomento anunciado ontem deve ser lançado no Dia da Consciência Negra, 20/11
Ministra Marta Suplicy determinou a Funarte, Biblioteca Nacional e Ancine que criem concursos específicos

Matheus Magenta

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, anunciou ontem que a pasta lançará, em comemoração do Dia da Consciência Negra (celebrado em 20 de novembro), editais para beneficiar apenas produtores e criadores negros.
"É para negros serem prestigiados na criação, e não apenas na temática. É para premiar o criador negro, seja como ator, seja como diretor ou como dançarino", disse a ministra à Folha.
A decisão foi tomada ontem em reunião em Brasília com a ministra Luiza Bairros (Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) e com integrantes do MinC, como o presidente da Funarte (Fundação Nacional de Artes), Antonio Grassi.
A reunião foi realizada a pedido de Marta após debate, na última segunda, sobre inclusão digital em São Paulo. No evento, ela ouviu de um produtor cultural que a cultura negra é apoiada pela pasta, mas nem sempre é realizada por negros.
Para Nuno Coelho de Alcântara, representante em São Paulo da Fundação Cultural Palmares, instituição ligada ao MinC para promover e preservar a cultura afro-brasileira, um edital que condicione a seleção à raça do criador ou produtor pode "fomentar o preconceito racial".
Marta discorda. "Não é [racismo]. Isso vai como uma ação afirmativa."
A medida foi defendida por ativistas do movimento negro ouvidos pela Folha.
"Esse é o chamamento que faltava para a produção cultural negra no Brasil, que é rica e carente de apoios", afirmou Sinvaldo Firmo, do Instituto do Negro Padre Batista, de São Paulo.
Para o artista plástico Emanoel Araujo, curador do Museu Afro Brasil em São Paulo, os editais representam uma "posição política".
"Mas isso é muito bem-vindo. Como está, o Brasil parece mais a Dinamarca do que um país mestiço. Na TV, o negro sempre aparece na posição de empregado ou de chacota. O lado branco é chiquérrimo, e o outro, escravo ou ex-escravo", disse.
"Eu quero que o negro tenha a possibilidade de ser responsável pela criação também. Não é racismo" Marta Suplicy, ministra da Cultura.

FSP, 05/10/2012, Poder, p. A9

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/70143-ministerio-da-cultura-lanc…

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