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Mineração em queda livre ameaça 700 famílias no AM

Jornal do Commercio-Manaus-AM
Autor: Lilian D'Araújo
27 de Mar de 2003

As primeiras avaliações sobre o setor de mineração do Amazonas indicam que o desempenho do segmento não cresceu em 2002, com relação ao ano anterior e, em alguns casos, até apresentou queda quanto à produção e ao faturamento de algumas minas. Outro problema detectado pelo DNPM (Departamento Nacional da Produção Mineral), é a possibilidade de se encerrar a exploração do estanho, uma das maiores riquezas minerais do Estado que é responsável, atualmente, por 68% da produção do setor no Amazonas. Cerca de 700 famílias seriam diretamente atingidas.

Conforme as primeiras análises sobre o desempenho do setor feitas pela DNPM, o faturamento e o volume de produção de minérios como estanho, tantalita e nióbio no Estado, referentes ao ano passado, caíram significativamente, em relação aos números de 2001. O mineral columbita/tantalina, extraído e produzido pela Mineração Taboca, no município de Presidente Figueiredo (a 107 quilômetros de Manaus), apresentou queda de 8% na produção de 2002, caindo de 3,8 mil toneladas para 3,5 mil toneladas. Em 2001, o volume de faturamento da empresa, apenas referente a este minério, foi de R$ 6,9 milhões contra R$ 4,5 milhões no ano passado, um decréscimo de 34,6%.

Os números referentes à extração e produção do estanho no Amazonas, por parte da Mineração Taboca (principal produtora da região), também apresentaram queda. O desempenho do faturamento caiu aproximadamente 2% indo de R$ 68,40 milhões para R$ 67 milhões. "A tendência é que esse faturamento caia ainda mais, tendo em vista os problemas pelos quais está passando a mina do Pitinga, juntamente com a inflação e a oscilação cambial.

A jazida de estanho naquela área já está se esgotando e em dois anos, provavelmente, a produção deve parar se a Mineração Taboca não conseguir o capital necessário para a instalação de um outro projeto de exploração", avisa Nereu Heidrich, geólogo do DNPM. A produção de estanho também caiu de 9,60 mil toneladas para 8,80 mil. Estudos do DNPM indicam que ainda há reservas com mais de 486 mil toneladas de estanho que, por estarem em locais de difícil acesso, a extração requer novas tecnologias, equipamentos e mão-de-obra.

Extração está sob ameaça

A queda no preço do estanho e a baixa na produção tanto da cassiterita (minério) quanto do estanho (metal) foram fatores que influenciaram o decréscimo do setor. Por conta da exaustão da reserva mineral de aluvião (depósito fluvial), a capacidade de produção de cassiterita passou da média de 15 mil toneladas para 9 mil toneladas anuais.

O projeto Pitinga já recebeu financiamento do Basa (Banco da Amazônia S/A) para a construção dos moinhos e britadores, com capacidade de processamento de mais de 19 mil toneladas do produto por dia. A expectativa da Mineração Taboca era de incrementar o índice produtivo até 2004. "Atualmente estão sendo explorados os últimos aluviões e os rejeitos (bacias de minérios onde ficam os restos dos minérios já extraídos)", informou Heidrich, que alerta para o caos produtivo, se as atividades em Presidente Figueiredo paralisarem. "Atualmente mais de 700 famílias dependem diretamente da mina de Pitinga. Tanto a arrecadação do município e do Estado quanto a circulação de renda na cidade deverão sofrer uma queda brusca", prevê.

O projeto Pitinga está instalado há mais de 20 anos em Presidente Figueiredo, extraindo o minério contido na rocha sã, que abriga reservas de estanho, nióbio, tântalo, zirconita, criolita e outros minerais.

Na opinião do geólogo, a política de exploração mineral no Amazonas não tem sido feita de forma correta, já que o sistema de extração e produção mineral aqui estabelecido não contribui para a regionalização do desenvolvimento. "Os benefícios trazidos pela produção de minérios na região não chegam aos municípios que originam os bens minerais. As usinas se instalam e exploram os recursos anos a fio, obtêm faturamentos gigantescos e não geram desenvolvimento para o interior", lembra Heidrich. (LA)

Arrecadação maior em 2002

De acordo com as estimativas do DNPM para 2002, com a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) o Estado deve arrecadar do segmento de bens minerais, pouco mais de R$ 1,70 milhão, um incremento de 70% se comparado com 2001, cuja arrecadação do CFEM foi de R$ 1 milhão. "Até o mês de outubro de 2002 a CFEM já tinha arrecadado R$ 1,5 milhão referentes à produção de estanho, o balanço final deve chegar a um acréscimo de 70% em comparação com o ano anterior", avalia Heidrich.

O Amazonas detém a liderança do potencial produtivo de outros bens minerais como o nióbio e o tântalo. Segundo estudos feitos pelo DNPM, as reservas de tântalo no Amazonas são as maiores do mundo, chegando a 88,7 mil toneladas, também localizadas no município de Presidente Figueiredo.

Se for viabilizado o novo projeto da Mineração Taboca, a exploração do nióbio, que hoje atinge a média de mil toneladas por ano, pode alcançar até 4,5 mil toneladas. Quanto à produção de tântalo que atinge, atualmente, 100 toneladas anuais, pode chegar a 440 toneladas. (LA)

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