VOLTAR

Minc defende prazo maior para relatório sobre desmatamento

OESP, Vida, p. A26
12 de Jul de 2008

Minc defende prazo maior para relatório sobre desmatamento
Ministro havia criticado, na semana anterior, demora na divulgação de dados

Felipe Werneck

Uma semana após pedir "transparência absoluta" e atribuir à Casa Civil o atraso na divulgação dos dados de maio sobre desmatamento na Amazônia, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, mudou o discurso. Ontem, ele defendeu a ampliação do prazo para divulgação dos relatórios mensais do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter). Disse também que a mudança atende a uma crítica "em parte justa" de governadores como o de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), e a um "pedido nosso para melhorar a eficácia da fiscalização".

A demora na divulgação dos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) vem causando apreensão entre organizações não-governamentais da Amazônia. A ex-ministra Marina Silva, que pediu demissão da pasta há dois meses, disse anteontem ao Estado considerar "fundamental que se mantenha a transparência do sistema, livre de influências políticas". "Não sei se isso está ocorrendo (interferência política), mas o Deter foi desenvolvido para ser um sistema de alerta", disse. "Sempre divulgamos os dados assim que eles ficaram prontos."

Ontem, Minc afirmou que a "mudança de metodologia" vai trazer um dado de "melhor qualidade". "Pela primeira vez, vai desagregar o corte raso da degradação progressiva, uma das broncas crônicas de Blairo e de vários outros governadores." Segundo ele, houve necessidade de ampliar em 15 dias o prazo, pois o processo agora é mais demorado. "Tem de ir a campo, mas é um dado de muito melhor qualidade. Daqui para a frente, assim será."

Na sexta passada, Minc afirmara: "Sou favorável à transparência total e absoluta. Espero que (os dados) sejam divulgados na próxima (nesta) semana, até porque não há razão para isso, e pode gerar uma apreensão na imprensa, justificada." Na ocasião, disse que a Casa Civil havia pedido para "segurar" os dados de maio e que pretendia reunir-se com a ministra-chefe, Dilma Rousseff. "Todo mês é divulgado, e um mês não é, o que você vai imaginar? Que o dado é ruim, o que por acaso não é", declarou.

A divulgação dos dados de abril, que tiveram aumento, também sofreu atraso. Naquele momento, ao comentar números parciais, Minc criticou Blairo, citado como um dos responsáveis pela alta. Ontem, o ministro voltou a dizer que houve diminuição do desmatamento em maio, na comparação com abril deste ano e com maio de 2007. Os números serão divulgados na terça-feira. "Será um dado mais qualitativo, separando uma coisa da outra. A soma não muda o dado. Mas como ele vem desagregado, atende a um pedido nosso e também a uma crítica em parte justa dos governadores, que reclamavam que enquanto o Prodes (programa que calcula as taxas anuais) media só corte raso, o Deter somava o corte raso e a degradação progressiva."

MULTA

Minc participou, no Rio, do lançamento de um prêmio ambiental organizado pela Vale. Ele e o presidente da mineradora, Roger Agnelli, comentaram a multa de R$ 5 milhões recebida na véspera pela empresa, sob a acusação de venda ilegal de 9 mil m3 de madeira no Pará. "Essa infeliz coincidência mostra a independência dos órgãos. Eu não fui cooptado pela Vale. Pisou na bola, é caneta", disse Minc. Agnelli levantou a suspeita de a madeira ter sido roubada, mas ressalvou: "Não tem justificativa. Vamos apurar."

OESP, 12/07/2008, Vida, p. A26

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.