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Minc admite que foi enquadrado

O Globo, O País, p. 3
05 de Jun de 2009

Minc admite que foi enquadrado
Ministro se compromete com Lula a não mais criticar colegas

Catarina Alencastro e Bernardo Mello Franco

Em meio ao fogo cruzado no governo e com o setor agropecuário, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, negou ontem que corra risco de ser demitido e voltou a alfinetar os ruralistas, dizendo que eles estão atrás da "picanha do Carlinhos". Apesar de afirmar que está "firmíssimo" no governo, admitiu que foi repreendido pelo presidente Lula por expor publicamente suas diferenças com os ministros Alfredo Nascimento (Transportes), Reinhold Stephanes (Agricultura) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos).

- O presidente Lula realmente manifestou para mim que achava mais adequado que o que não tiver consenso seja tratado dentro do ministério e arbitrado por ele, o que dei inteira razão a ele. (Estou) Firmíssimo. Tremei poluidores - disse Minc. - Tem muita gente querendo tirar uma picanha do Carlinhos Minc, mas a gente vai avançar com o presidente Lula. Não é ruralista que nomeia ou demite ministro. Vou resistir dignamente.

Minc teria se comprometido a não criar mais polêmicas com os colegas:

- Sou obediente e não farei mais polêmicas públicas com os ministros.

Líder do governo diz que situação é crítica

O presidente Lula confirmou sua viagem à Bahia hoje, para comemorar com Minc o Dia Mundial do Meio Ambiente. O ministro, que esteve com o presidente ontem, disse que não tratou da crise que enfrenta internamente no governo.

- Quinta-feira (retrasada), estive com o presidente Lula e ele disse que estava muito contente com o ministério por três razões: primeiro porque o desmatamento da Amazônia caiu pela metade, segundo porque o número de licenças dobrou e terceiro porque eu tinha bom humor.

A líder do governo no Congresso, senadora Ideli Salvatti (PT-SC), reconheceu que o meio ambiente vem sendo alvo de ataques:

- Está crítico. Está aquecido o debate ambiental, como se meio ambiente e produção fossem coisas antagônicas.

A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, minimizou as divergências no setor dentro do governo.

- Essa briga não existe. Essa briga é a ação de diferentes óticas que todo governo tem. Cada um na sua ótica. Agora, tem de ter o entendimento.

Mais cedo, em audiência pública na Câmara dos Deputados sobre a inclusão do cerrado e da caatinga na lista de patrimônios naturais, Minc admitiu erros:

- Cometo erro, mas mais acertos que erro. Espero errar do lado certo do que errar entregando o Brasil para quem quer acabar com a Caatinga e o Cerrado. Podem chiar, podem pedir a cabeça, vou continuar combatendo a impunidade ambiental. Aqueles que acham que com insultos, provocações, podem pedir o meu pobre pescocinho, estão muito enganados. Não perdem por esperar.

O Globo, 05/06/2009, O País, p. 3

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