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Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Indígenas

http://www.cultura.gov.br/
04 de Fev de 2013

Criado em 2010, pelo Centro de Desenvolvimento Sustentável (CDS) da Universidade de Brasília, em parceria com os ministérios da Cultura, por meio da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC/MinC) e da Defesa, e com a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e as Organizações Não Governamentais United States Agency for International Development (Usaid) e Instituto Internacional de Educação do Brasil (IIEB), o projeto de Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Indígenas está formando a primeira turma e, dentre os 24 formandos, 13 são indígenas.

As defesas das teses do curso, com duração de dois anos, começaram no dia 17 de dezembro, com a realização do primeiro ciclo que terminou no dia 21 com a apresentação de sete teses voltadas para a questão da sustentabilidade junto a povos e terras indígenas, sendo quatro apresentados por alunos indígenas que fizeram também a graduação na UnB. Nesta semana (29 de janeiro a 1o de fevereiro), foram apresentadas mais 10 teses sobre o assunto, sendo que uma delas foi defendida por Samantha Ro'otsitsina de C. Juruna, índia Xavante, filha do ex-deputado Federal Mário Juruna, falecido em 2002.

Com 27 anos, Samantha Juruna, que passou a militar a favor da causa indígena após a morte de seu pai, defendeu seu projeto, elaborado por meio de audiovisual, intitulado Sabedoria Ancestral em Movimento: Perspectivas para a Sustentabilidade. O projeto teve como foco os movimentos feitos pelos povos indígenas para a defesa dos seus direitos, a partir da criação do Acampamento Terra Livre (ATL) em 2004 e teve como ponto final a realização do Acampamento na Cúpula dos Povos, evento da sociedade civil paralelo à Rio+20. No documentário, a estudante indígena mostra declarações de 16 lideranças indígenas de todo o país, sobre a importância da sustentabilidade para os seus povos.

Ritual

O líder indígena do Alto Rio Negro Álvaro Tukano, mestre integrante da banca de avaliação dos projetos de teses, fez um canto de abertura dos trabalhos. O ritual indígena também foi incluído na preparação de Samantha Juruna para a apresentação da tese, quando o seu sogro, Tobias Xavante, colocou nela uma série de adornos para a aula magna. Álvaro Tukano, após o canto de abertura, também colocou na aluna, um cocar. "Sempre que passamos por momentos importantes, a gente coloca os adornos", justificou Samantha Juruna.

A apresentação da defesa de Samantha, que contou com a presença da diretora da Cidadania e da Diversidade Cultural do MinC, Ione Carvalho e da coordenadora de Programas e Projetos da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC/MinC) Jô Brandão, durou cerca de 20 minutos e emocionou os presentes, entre professores, convidados e alunos, pela força das imagens.

"Escolhi o vídeo porque é mais fácil para o meu povo ter acesso. Eles não conseguiriam ler uma tese impressa de muitas páginas", justificou a aluna. Aliás, o respeito aos povos e comunidades indígenas foi um dos pressupostos da aluna do mestrado. "Fui à minha aldeia perguntar para as lideranças, incluindo meu sogro, sobre o que eu podia mostrar, ou não", contou Samantha Juruna.

O coordenador-geral do mestrado profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Terras Indígenas, Othon Leonardos, destacou que "o curso é para questionar um pouco a própria arrogância da Academia [universidade]". Segundo ele, a ciência é colonizadora e impõe seus conhecimentos como verdade e desconhece os outros conhecimentos, como o dos povos e comunidades tradicionais. "Não existe uma só ciência, uma só verdade. O diálogo de saberes, como está se propondo aqui, implica em um aprender a ouvir o outro", afirmou enfático o professor. Ele aproveitou a presença da diretora da Cidadania e da Diversidade Cultural, Ione Carvalho, para agradecer a parceria com o Ministério da Cultura na realização do Curso.

Ampliação

Para a secretária da Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Márcia Rollemberg, "essas iniciativas de formação universitária para a juventude indígena serão articuladas com a Secretaria de Políticas Culturais do Ministério da Cultura (SPC) para que sejam ampliadas". Segundo Márcia Rollemberg, essa é uma parceria importante que ganhará maior alcance em 2013 com o trabalho conjunto a ser desenvolvido entre os ministérios da Cultura e da Educação para o fortalecimento da cultura e dos saberes tradicionais dos povos e comunidades indígenas.

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