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Mercosul-UE amplia atenção com a preservação ambiental no Brasil

O Globo, Editorial, p. 2
11 de Jul de 2019

Mercosul-UE amplia atenção com a preservação ambiental no Brasil
Qualquer deslize no trato com o meio ambiente representará grandes prejuízos às exportações

Editorial
11/07/2019 - 00:00

O acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul reúne economias que se complementam, dentro do modelo desses entendimentos. Mas não é tão simples, porque, se há resistências à importação de produtos manufaturados europeus pelo bloco sul-americano, também as exportações de alimentos para a Europa pelo Mercosul, principalmente Brasil e Argentina, continuam a ser malvistas por agricultores europeus. Que sobrevivem protegidos por barreiras protecionistas, por serem incapazes de competir de forma aberta com Brasil e Argentina, poderosos produtores mundiais de grãos e carnes. Mas tudo foi exaustivamente negociado durante todo este tempo.

O que não significa que um dos maiores tratados comerciais já fechados não gere fricções, no mínimo durante o longo período previsto para o rebaixamento de tarifas de parte a parte.

No caso do Brasil, há a especificidade do meio ambiente, tema que passou a ter crescente relevância mundial à medida que a Amazônia foi ganhando mais importância, enquanto aumentava a consciência sobre o aquecimento global. Maior floresta tropical do planeta, ela tem funções vitais no clima não apenas do Brasil.

É crucial haver muito cuidado na sua exploração, e isso não aconteceu no auge da expansão da pecuária pelo Cerrado em direção à floresta. O mesmo vale para o alargamento da fronteira da exploração mineral na região.

O país é, portanto, alvo fácil quando se buscam predadores do meio ambiente, e isso costuma ocorrer no jogo bruto da concorrência mundial em commodities. O que não significa eximir o Brasil de descaso na proteção do meio ambiente.

Mas houve avanços. O Código Florestal, um deles. Neste cenário, o acordo Mercosul-UE, espera-se, cumprirá a função de conter arroubos antipreservacionistas do governo Bolsonaro. Neste sentido, é feliz a coincidência de ser com Bolsonaro no Planalto que o tratado seja assinado, e que dependa, para o país usufruir os benefícios da ampliação das trocas comerciais com a UE, de que o país proteja a Amazônia e outros biomas.

O presidente Emmanuel Macron condicionar a adesão da França ao tratado à permanência do Brasil no acordo de Paris sobre o clima, e Bolsonaro, ao contrário do que dissera depois de eleito, aceitar a condição são fatos alvissareiros.

O governo brasileiro agora tem uma trava, porque sabe - ou deveria saber - que qualquer deslize no trato com o meio ambiente, na Amazônia em especial, certamente resultará em substanciais prejuízos às exportações de alimentos, principalmente para a Europa.

O Globo, 11/07/2019, Editorial, p. 2

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