VOLTAR

Mercado de orgânicos cresce no Brasil

GM, Agribusiness, p. B12
27 de Set de 2004

Mercado de orgânicos cresce no Brasil

Não só de frutas e hortaliças vive o mercado de orgânicos. Diariamente nos supermercados e feiras, o brasileiro pode adquirir diversos tipos de grãos e cereais sem agrotóxicos, bebidas e, se quiser, até roupa com algodão cultivado de forma natural. Do café da manhã ao jantar é possível encontrar todo tipo de produto, em um mercado que tem crescido anualmente, em média, entre 20% e 30%.
Segundo levantamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), feito junto às empresas certificadoras, existiam no País no ano passado 31 mil produtores cultivando sem agrotóxicos, em uma área de 2,2 milhões de hectares. Há dois anos, um estudo do banco mostrava uma área de 270 mil hectares. Ou seja, no período, aumentou em sete vezes a produção de orgânicos no Brasil. Frutas e cana-de-açúcar são as culturas que ocupam a maior área, de acordo com o levantamento do BNDES.
Para especialistas, as carnes e as culturas extrativistas são consideradas promissoras para o setor. O mercado de produtos processados, por exemplo, ainda é pequeno. No Instituto Biodinâmico (IBD), uma das empresas certificadoras, responde por menos de 5%.
Apenas no último ano, a área destinada à criação de gado orgânico aumentou 50%, segundo levantamento da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica. De acordo com os dados da associação, existem 70 mil matrizes certificadas ou em fase de conversão no País. As fazendas estão concentradas principalmente nos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Tocantins, São Paulo e Paraíba.
Segundo o presidente da associação, Homero Figliolini, em média, a carne produzida sem a utilização de agroquímicos tem preço 10% superior às demais ou até prêmio maior. Mas, de acordo com Figliolini, as exportações ainda são em quantidades pequenas, pois cada país tem a sua própria legislação para o setor. O Brasil só sancionou a lei sobre orgânicos no ano passado.
Apenas o IBD tem 800 mil hectares certificados ou em processo. As principais culturas cadastradas junto ao IBD são cana-de-açúcar, café, caju, palma, laranja, soja e criação de gado. A maior parte concentrada no Sudeste do País.
De acordo com dados do IBD, o mercado de orgânicos vai movimentar US$ 120 milhões, grande parte para a exportação. Segundo Alexandre Harkaiy, diretor do IBD, no último ano, o crescimento desse mercado foi de 30%. Ele diz que o preço do produto varia conforme o produto. Em alguns casos, o prêmio é superior a 100% do valor do convencional.
Tiago Ghion, da AAO Cert, empresa certificadora, diz que os grãos são os principais produtos voltados para o mercado externo. De acordo com José Geraldo Ormond, do BNDES, cerca de 95% da soja orgânica produzida está voltada para o mercado externo. Para o açúcar o índice é de 90% e do café, 50%.
"O Brasil é o maior produtor de açúcar orgânico do mundo", afirma. A Native Produtos Orgânicos, por exemplo, exporta anualmente entre 90% e 95% de sua produção para 35 países, principalmente Europa e também para os Estados Unidos. A produção, oriunda de Sertãozinho (SP) é vendida para o exterior desde 1997.
Segundo Ormond, um dos entraves do setor, no mercado interno, é o prêmio alto pago pelo produto, que é repassado ao consumidor. Opinião semelhante tem Hélio Silva, diretor comercial da Native Produtos Orgânicos. De acordo com ele, o consumidor está disposto a pagar entre 10% e 30% a mais pelo produto orgânico, mas no Brasil as margens têm sido maiores que isso. Segundo ele, a explicação para os altos preços é a pequena escala.
Para quem não quer apenas comida orgânica, em São Paulo, a Baobá faz mantas e xales com algodão produzido sem agrotóxico, oriundo do Ceará e do Peru. A tecelagem da empresa fica em uma fazenda, onde é cultivado também café orgânico.

kicker: As carnes e as culturas extrativistas são consideradas produtos promissores

GM, 27/09/2004, Agribusiness, p. B12

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.