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Mercado Bitcoin e Tropix lançam NFTs de impacto que beneficiam causa indígena no Brasil

Portal do Bitcoin - portaldobitcoin.uol.com.br
26 de Jan de 2022

Obras de artistas como Paula Klien, Denilson Baniwa e Moara Tupinambá serão leiloadas e terão até 95,5% dos ganhos revertidos ao Projeto de Gestão e Vigilância Territorial do Povo Indígena Paiter Suruí de Rondônia

O Mercado Bitcoin, maior exchange de criptoativos da América Latina, e a Tropix, plataforma de criptoarte, lançam nesta quarta-feira (26) uma iniciativa inédita: NFTs de Impacto que serão leiloadas e terão até 95,5% dos ganhos revertidos ao Projeto de Gestão e Vigilância Territorial do Povo Indígena Paiter Suruí de Rondônia.

A iniciativa é um projeto pioneiro de governança territorial liderado pelo povo Paiter Suruí, com o objetivo de proteger, de forma autônoma, a comunidade Sete de Setembro, localizada entre os Estados de Rondônia e Mato Grosso.

A região se encontra ameaçada por invasões, extração ilegal de madeira e desmatamento para pastagens e agricultura. A luta do Povo Paiter Suruí em defesa de seus territórios tem ganhado notoriedade internacional a partir da atuação de lideranças como o Cacique Almir Suruí e Walelasoetxeige Suruí (Txai Suruí), incluindo sua participação na última COP26.

A meta da iniciativa é conservar uma área de 13 mil hectares de floresta e evitar a emissão de cerca de 7 milhões de toneladas de CO2 até 2038. Para isso, 30 monitores percorrem o território Paiter Suruí, utilizando GPS e equipamentos fotográficos e alertam as autoridades de quaisquer irregularidades e invasões.

Parte dos valores da venda das NFTs serão utilizados para a manutenção desse contingente, para a compra de veículos e instrumentos necessários ao monitoramento.

Segundo o Cacique Almir Suruí, "este projeto com os parceiros Mercado Bitcoin e Tropix é muito importante para o povo Paiter Suruí e para a Associação Metareilá como associação implementadora porque vai ajudar a continuarmos protegendo e preservando nosso território, nossa cultura, e assim contribuir com o meio ambiente, sendo reconhecidos em nível nacional e internacional na sua importância para o equilíbrio climático, econômico. Usando instrumentos tecnológicos disponibilizados pelos nossos parceiros, podemos mostrar que esse tipo de solidariedade é muito importante para o fortalecimento de uma cultura e da autonomia de um povo".

"A blockchain vem revelando valor em aproximar pessoas a objetivos. Nesse sentido, nosso primeiro passo na oferta de NFTs em nossa plataforma está conectado à ESG. Criamos um ecossistema de atores engajados nesse propósito, facilitando o acesso dos apoiadores e permitindo que projetos como esse, da causa indígena, recebam o investimento que lhe é tão importante e urgente", afirma Reinaldo Rabelo, CEO do Mercado Bitcoin.

NFT carbono positivo e democratização do acesso à arte
O Mercado Bitcoin foi a primeira exchange do planeta a compensar toda sua emissão de gases poluentes desde a sua fundação em 2013 por meio da compra de créditos de carbono. Esse projeto tem auditoria e certificação da Green Domus Desenvolvimento Sustentável.

"Estamos felizes em poder ajudar uma causa tão nobre. Entendemos que a NFT por um lado é tecnologia, pelo outro é comunidade. Nós compensamos a emissão de gases da mintagem das ETFs com a compra de créditos de carbono, por isso, são consideradas carbono zero. E estamos, junto com o Mercado Bitcoin, buscando maneiras mais avançadas de compensar nosso impacto", comenta Daniel Peres Chor, Fundador & CEO da Tropix.

As NFTs ainda promovem a democratização do acesso à cultura e a sensibilização de públicos mais jovens ao universo da arte, em uma linguagem que eles se identificam que é o ambiente digital.

O projeto NFTs de Impacto inova ainda ao priorizar a introdução de artistas racializados no ambiente NFT, trazendo possibilidades para a comercialização de suas obras sem depender dos intermediários tradicionais existentes no mundo da arte.

Outro avanço importante é que são os próprios projetos socioambientais beneficiados pela iniciativa que definem quais demandas de financiamento o projeto irá beneficiar, promovendo assim o protagonismo destas comunidades nas atuações de seus territórios.

O projeto está sendo assessorado pela empresa Nossa Terra Firme, consultoria estratégica especializada em projetos ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) voltados para a realidade de países em desenvolvimento.

"Estamos apostando na possibilidade do mercado de NFTs se converter em uma oportunidade de renovação para o financiamento filantrópico e de impacto no Brasil. A compra de NFTs de Impacto, além de seu inegável valor artístico, é também um caminho importante para que o setor cripto realize seu potencial de impacto ESG", diz Iara Vicente, CEO da Nossa Terra Firme.

Os clientes do Mercado Bitcoin interessados poderão dar seus lances para adquirir obras de artistas como Paula Klien, Denilson Baniwa, Moara Tupinambá, Walelasoepilemãn Suruí, Renata Tupinambá, Marcos Vinícius Rego Barbosa, Sallisa Rosa e Nelson Porto. O leilão acontecerá entre os dias 26 de janeiro e 15 de fevereiro. Serão 12 obras com valores mínimos que vão de R$ 100 a R$ 5 mil a depender da obra.

De olho no futuro das NFTs
A 2TM vem realizando investimentos importantes em NFTs. Antes de investir na Tropix, em outubro de 2021, a holding já havia fechado uma parceria com a empresa em agosto. Com o acordo, o Mercado Bitcoin passou a poder ofertar NFTs para os seus clientes.

Também no ano passado, a 2TM fez outros investimentos neste segmento: na Fingerprints, que faz curadoria de arte digital em blockchain; e na Block4, uma plataforma de colecionáveis digitais que trabalha com produtores de conteúdo do mundo do entretenimento, como esportes, música e influenciadores.

Segundo o executivo do Mercado Bitcoin, o mundo dos NFTs é muito promissor, e disponibilizar uma plataforma que inclua artes e causas sociais é um dos projetos mais aguardados pela empresa.

"O marketplace funciona como uma galeria online de arte da qual as pessoas podem participar por meio de leilões e ofertas. Dessa forma, proporcionamos um mercado mais acessível para quem deseja conhecer mais sobre o investimento em artes digitais. A gente vai conduzindo as pessoas para que elas não se percam nessa estrada", explica Rabelo.

O que são os NFTs?
Os NFTs são tokens não fungíveis (non fungible tokens, na sigla em inglês), assim definidos porque são peças únicas; cada um deles tem um endereço diferente na blockchain. Fungível é qualquer bem que pode ser substituído por outro com as mesmas características. NFT é algo único e autêntico. O segmento passa por uma explosão no Brasil e no mundo, com várias personalidades e grandes empresas apostando nele.

Sobre os artistas e as obras:
Denilson Baniwa: Nascido em Mariuá, Rio Negro, Amazonas, sua trajetória como artista inicia-se nas referências culturais de seu povo já na infância. Na juventude, começou a luta pelos direitos dos povos indígenas e transitou pelo universo não indígena apreendendo referenciais que fortaleceram o palco dessa resistência.

É um artista antropófago, pois se apropria de linguagens ocidentais para descolonizá-las em sua obra. Em sua trajetória contemporânea, consolida-se como referência, rompendo paradigmas e abrindo caminhos para o protagonismo dos indígenas no território nacional.

A comida dos indígenas da Amazônia tem a selva como um grande "supermercado natural", onde tudo se junta para a existência de vida. O peixe é uma das principais proteínas que mantêm os corpos indígenas energizados para viver suas culturas e identidades. Águas protegidas são essenciais para que a vida continue na floresta.

Embora haja contaminação natural por mercúrio no Rio Negro, o mesmo não ocorre em outros rios amazônicos. Quando a contaminação de peixes por metais pesados como mercúrio, cobre, arsênio, chumbo e selênio são decorrentes da ação humana. Garimpos, lixões irregulares, lixões de fábricas ou do agronegócio correm pelos rios, passam por peixes e vão parar no estômago de milhares de indígenas.

Esse envenenamento está atingindo níveis cada vez mais alarmantes e, se não fizermos nada, chegaremos a um caminho sem volta. Segundo estudos da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), cerca de 27 espécies de peixes mais consumidas pelas populações amazônicas estão contaminadas, e entre as doenças causadas pela ingestão desses peixes estão câncer, problemas neurológicos, disfunções intestinais, perda de visão e morte.

Peixes predadores como tucunaré, bagres, traíras e piranhas são contaminados com mercúrio em níveis acima do limite de 0,5 partes por milhão, ou 20 vezes mais do que os aceitáveis para o consumo humano. Embora urgentes, alguns estudos só agora estão sendo realizados e as soluções propostas continuam mal delineadas.

Ao contrário da Guiana Francesa, que proibiu o uso de mercúrio em 2006, o Brasil parece encorajar a mineração ilegal e o uso de mercúrio só está aumentando. Assim, os peixes dos rios que alimentam as populações do Pará, Amapá, Roraima, Amazonas e Acre estão cada vez mais sob risco de intoxicação.

Este trabalho é uma chamada para refletir sobre como os povos indígenas estão protegidos em suas comunidades e terras demarcadas se não se trabalha para proteger todo o bioma e se proíbe os garimpos e a exploração ilegal de minerais e agrotóxicos no país.

A pergunta que devemos nos fazer é "o que comemos comida ou veneno?". Inclusive os que não são indígenas, já que muitos peixes amazônicos chegam à mesa dos não indígenas e os alimentos contaminados com agrotóxicos chegam às grandes cidades brasileiras.

Paula Klien: A artista plástica é uma das pioneiras na arte contemporânea no Brasil e no uso do NFT. Inspirada na filosofia oriental milenar, a artista utiliza água e nanquim para pintar papéis e telas de grandes dimensões. Também atua em fotografia e digigrafia.

Seu trabalho já foi exposto de forma relevante diversas vezes no Brasil e no exterior. Em Berlim, além da individual e das coletivas na galeria que a representa na cidade, participou das principais feiras de arte contemporânea e de uma mostra no Deutsche Bank. Expôs também em Nova York, Buenos Aires, em Londres, na Saatchi Gallery, e na Itália, em Bienais.

No Brasil, duas de suas exposições individuais contaram com curadorias de ponta. "Extremos Líquidos" teve assinatura de Marcus de Lontra Costa, e "Fluvius", de Denise Mattar. A exposição "Fluvius" contou com mais de cinquenta pinturas inéditas da artista, além das digigrafias, instalações e vídeo performance, rendendo recorde de público ao Centro Cultural Correios.

Além disso, expôs em importantes coletivas nacionais e nas maiores Feiras de Arte Contemporânea do País, como a SP-Arte, SP-Foto e a ArtRio. Obras de Paula Klien integram o acervo de dois importantes museus: o MON (Museu Oscar Niemeyer) abriga "O último retrato de Oscar Niemeyer", e o MACS (Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba), "ZigZag" e "Para onde você for eu vou".

Enquanto fotografa, a artista participou de laboratório com Steve McCurry, realizou campanhas e editoriais de moda, produziu quatro importantes exposições solo de caráter conceitual e publicou dois livros de retratos, intitulados "Pessoas Me Interessam" e "It's Raining Men". Fotografou muitos modelos e personalidades no Brasil e no exterior. É dela o último retrato de Oscar Niemeyer, em seu quarto, aos 104 anos. É representada pela Metaverse Agency.

Suponhamos que tudo seja uma simulação, um jogo, um experimento, uma farsa. Imaginemos que alguém esteja enganando nossos sentidos, que sejamos acertos, que sejamos erros. Suspeitamos que o espaço em nosso universo seja uma propriedade abstrata escrita em código e, partamos da hipótese de que a luz e sua velocidade máxima seja a caixa que vivemos cegamente para o propósito de alguém.

Imaginemos que somos algoritmos gerando qualia outputs e que, impotentes, não controlamos nada. Enquanto isso, o rio flui na linguagem da água. Caminho.

Moara Tupinambá: Artista e ativista das causas indígenas, natural de Mairi (Belém do Pará). Sua ancestralidade tupinambá origina-se da região do baixo Tapajós (Vila de Boim e Cucurunã). Atualmente, faz parte do coletivo de mulheres artistas paraense MAR, Nacional Trovoa, sócia do Colabirinto e vice-presidente da associação multiétnica Wyka Kwara.

Radicada em Campinas, é artista multiplataforma e utiliza: desenho, pintura, colagens, instalações, vídeo-entrevistas, fotografias e literatura. Sua poética percorre cartografias da memória, identidade, ancestralidade, resistência indígena e pensamento anticolonial.

Em 2022 foi selecionada para a residência "Pivô Pesquisa" com o projeto "Museu da silva para Museu de cucurunã". Fez parte da residência de artistas do MAM RIO 2021. Foi finalista ao Prêmio Sim de Igualdade Racial, na categoria Arte em Movimento. Recentemente participou de exposição individual na Áustria, em Kunstraum Innsbruck com a exposição "Ressurgences of Amazon, junto com Emerson Uyra.

Em 2020 foi selecionada com o projeto "Museu da Silva" para a 30 edição do Programa de Exposições CCSP. Participou, com Janaú, da Bienal "Nirin" em Sidney (curador Brook Andrew) com o vídeo da Marcha das Mulheres Indígenas (2019); do Seminário de Histórias Indígenas do MASP (2019); da Exposição "Agosto indígena" (2019) - São Paulo; da Teko Porã, na exp.coletiva "Re-antropofagia" com curadoria de Denilson Baniwa e Pedro Gradella em Niterói - Centro de Artes da UFF (2019).

Foi indicada ao Prêmio de Arte e Educação da Revista Select, em 2018, pelo projeto II Bienal do Ouvidor 63, ocorrido na maior ocupação artística de São Paulo. Recentemente lançou o seu livro "O sonho da Buya-wasú", da editora Miolo Mole.

Colagem digital da série Mirasawá, 2020. Esta série trata-se de uma produção de fotos com colagens e colagem com técnica mista que traz a força dos povos originários de de Abya Yala. Narrativas invisíveis de originárias, afirmação identitária, encantaria, indígenas urbanizados, memória ancestral, futurismo indígena compõem esta série. A artista retomou em Janeiro de 2020 a série de forma colaborativa, com co-autorias de indígenas retratados.

Pensando a partir do conceito de memória e identidade social de Michael Pollack (1992), que diz que a memória a princípio parece ser um fenômeno individual, algo relativamente íntimo, próprio da pessoa, através de outras referências ele chega a conclusão de que a memória deve ser entendida também, ou sobretudo, como um fenômeno coletivo e social, ou seja, como um fenômeno construído coletivamente e submetido a flutuações, transformações e mudanças.

Mirasawá é um povo em nheengatu, uma língua de origem do tronco tupi que foi falada por quase todo o território brasileiro, nos aldeamentos das missões religiosas. Colagem Digital colaborativa feita com Vandria Borari, Nivia Borari e Milena Tupi. Nascimento de Vênus é uma releitura da obra de Sandro Botticelli, só que trazendo uma personagem indígena Yanomami (foto de Claudia Andujar).

25% será doado para o povo Yanomami de Roraima.

Renata Tupinambá: Aratykyra, é jornalista, produtora, poeta, consultora, curadora, roteirista e artista visual. Nascida em Niterói, no Rio de Janeiro, há 15 anos atua na difusão das culturas indígenas e etnocomunicação.

Gosta de por meio das suas obras poéticas, visuais ou sonoras trazer cosmovisões, críticas sociais e temas como ancestralidade. Atualmente é fundadora da produtora indígena Originárias Produções e criadora do Podcast Originárias.

Roteirista da série "Sou Moderno, Sou Índio". É colaboradora do Visibilidade Indígena e membro do Levanta Zabelê, localizado em Una, na Bahia. Foi curadora do Festival Corpos da Terra(2021), Festival de Música Indígena no Indígenas BR 2021 (CCVM), Escuta Festival 2021 (IMS-RJ), Mostra de Etnomídia Indígena e Slam Coalkan (slam indígena mundial realizado pela FLUP)(2021).

Sua trajetória tem sido marcada por uma dedicação inspiradora pela arte feita por artistas originários, comunicação e também pelo envolvimento em projetos transformadores nesse cenário.

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