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Meningite matou 18 índios no PA desde janeiro, acusam caciques

OESP, Nacional, p. A14
23 de Mar de 2007

Meningite matou 18 índios no PA desde janeiro, acusam caciques
Tribo aponta descaso da Funasa; órgão nega que haja falta de remédios

Carlos Mendes

Os caciques da tribo mundurucus em Jacareacanga, no oeste do Pará, denunciam que desde janeiro 18 índios, a maioria crianças, teriam morrido de meningite. Eles acusam suposto descaso dos órgãos que tratam da saúde indígena no município - a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a Fundação Esperança.

O número de mortes poderá aumentar, segundo o vice-prefeito do município, o índio José Xicri, se nenhuma providência for tomada. "Além da Funasa e da Fundação Esperança, que nada fazem para tratar os doentes, a Funai também é culpada porque deixa as coisas como estão", atacou Xicri. Para ele, o caso é de polícia e os responsáveis pelas mortes deveriam ir "parar na cadeia".

O cacique explicou que faltam medicamentos nas aldeias. "Tivemos várias reuniões com esse pessoal do governo, mas não fizeram nada", acusa.

O pólo Saicinza, da Funasa no município, é responsável pelo atendimento médico aos mundurucus de 12 aldeias onde vivem mais de sete mil índios. A situação começou a piorar no começo do ano. As mortes aconteceram principalmente nas aldeias Saicinza, Katõ e Missão Cururu.

A última morte foi no domingo, de um bebê de cinco meses. Segundo o cacique, também não há remédio contra malária. No ano passado, segundo ele, cinco índios morreram da doença por falta de tratamento.

Os doentes têm de sair das aldeias e buscar atendimento na sede do município, a 40 km, ou em Itaituba, a 400 km. Alguns morrem no caminho. O administrador da Funasa em Itaituba, Osimar Barros, confirmou as mortes, mas lança dúvida sobre as causas. "Pelo que soube, uma foi por meningite. As outras seriam por pneumonia e desnutrição."

O procurador da República de Santarém, Felipe Braga, pediu auditoria sobre o caso. O coordenador da Funasa em Belém, Florivaldo Vieira, nega falta de remédios nas aldeias. Uma equipe vai de Belém a Jacareacanga na segunda-feira para apurar as causas das mortes.

Saúde é prioridade, diz Funai

Roldão Arruda

O novo presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), o antropólogo Márcio Meira, que tomou posse na quinta-feira, considera urgente encontrar uma solução para os problemas que as comunidades indígenas vêm enfrentando na área da saúde. Em entrevista ao Estado, na véspera da posse, ele afirmou que suas primeiras ações serão voltadas para este setor - que está a cargo da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), vinculada ao Ministério da Saúde.

A proposta de Meira é juntar as forças da Funasa, Funai e de outros órgãos do governo federal com programas na área indígena "para dar conta de uma emergência", conforme definição dele.

Nos quatro anos do governo Lula o volume de recursos destinados para a saúde indígena cresceu quase três vezes. Apesar disso, aumentaram as denúncias sobre a piora no atendimento da Funasa. Também houve crescimento no número de casos de diferentes doenças, entre elas a hepatite e a malária, além da desnutrição infantil.

OESP, 24/03/2007, Nacional, p. A14

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