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Medida de proteção ao Pantanal

CB, Brasil, p. 12
04 de Jan de 2007

Medida de proteção ao Pantanal

O governo do Mato Grosso do Sul decidiu conter o desmatamento no estado com uma medida polêmica. Irá proibir, durante 12 meses consecutivos, "atividades de corte raso, exploração ou supressão da cobertura vegetal nativa na área da planície alagável do Pantanal, com cota de altitude menor ou igual a 150 metros". Um estudo feito pela equipe do novo governo mostrou que os 91 mil quilômetros quadrados do Pantanal de Mato Grosso do Sul já estão mesclados de carvoarias, aproveitando a madeira gerada com o crescimento dos desmatamentos para formação de lavouras e de pastos para o rebanho bovino. Há pelo menos dois anos, levantamento semelhante foi feito na gestão Zeca do PT, que resultou na promulgação, no final de dezembro último, da Lei 3.348 que proíbe por 12 meses consecutivos o corte da cobertura vegetal. "Essa lei precisa ser regulamentada.
O prazo da proibição é de 12 meses, mas será que não é curto demais? Será que na área não-alagável do Pantanal o desmatamento é permitido? São essas entre outras dúvidas que terão de acabar. Estamos com uma equipe exclusivamente montando essa regulamentação, para colocar a lei em prática", disse Carlos Alberto Said de Negreiro, secretário de Meio Ambiente do estado.
Ele comentou que existem dois motivos principais para a devastação. Um deles é o grande potencial de consumo do carvão vegetal com a implantação do Pólo Mineiro-Siderúrgico de Corumbá, município conhecido como a capital do Pantanal. O outro é a expansão da pecuária de corte, para atender aos crescentes mercados consumidor nacional e internacional.

Reflorestamento

"Novos pastos exigem novos desmatamentos,
que produzem matéria-prima para a produção do carvão. E o reflorestamento onde fica? As indústrias que consomem carvão vegetal têm de ter suas próprias florestas. É preciso cercar e acabar com todas as fontes de degradação ambiental do Pantanal, mas de forma racional, bem planejada. Trata-se de um processo que está pressionando perigosamente a fauna e a flora pantaneiras, exigindo solução urgente", reconhece Negreiro.
Segundo a Embrapa-Pantanal (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), a devastação ambiental acontece também de fora para dentro da bacia pantaneira.
Da parte alta, a planície, descem toneladas de terra de lavouras que circundam a área inundável.
Uma das conseqüências mais desastrosas é o assoreamento de 70% do Rio Trabaquarí, que corta o Pantanal norte no Mato Grosso do Sul. Também esgotos domésticos e indústrias dos 17 municípios da região chegam ao local in natura.
O secretário preferiu não comentar dados de organizações não-governamentais. Ele informou que o desmatamento no Pantanal do Mato Grosso do Sul girava em torno de quase 1%/ano, até 2000, média superior a 4%/ano da vegetação nativa.
"Prefiro aguardar maiores informações, dados oficiais, para fazer um comparativo e orientar as ações".

CB, 04/01/2007, Brasil, p. 12

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