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Mecias critica Ongs e convoca sociedade para definir solução pacífica e definitiva

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
06 de Fev de 2003

O presidente da Assembléia Legislativa aproveita o novo momento político em que vive o Estado e o país para afirmar que todos devem se unir ao governador Flamarion Portela (PSL) para que ele tenha força no sentido de buscar junto ao Governo Federal a solução para os dois principais problemas do estado: as demarcações de terras indígenas e o imbróglio da questão fundiária.

Para ele, os principais problemas de Roraima se convergem em duas correntes: a indefinição da demarcação de terras indígenas e a questão fundiária do Estado - a qual se subdivide em outros dois pontos: a fundiária indígena e a não indígena.
Além do fato de que mais de 50% das terras de Roraima estão comprometidas com finalidades diversas (reservas ambientais, áreas militares, indígenas, faixas de fronteira etc.), existem sérios outros problemas, incluindo pendências em relação a essas faixas de terras.

Mecias disse que dois episódios recentes - a morte ainda não esclarecida do indígena Aldo Motta e uma nova rodada de conflitos em Pacaraima - são capítulos de uma novela antiga, cujo final ainda é imprevisível.

"Chegamos ao cúmulo de cercar uma cidade. Ainda bem que a Justiça viu isso com a luz da sensibilidade, indo contrário ao que pensam as Ongs, Igrejas, países etc", afirmou se referindo a decisão do juiz federal Helder Girão Barreto, que mandou suspender a construção da cerca que estava sendo feita em Pacaraima e a liberação dos dois acusados de matar o índio Aldo Mota, por falta de provas.

Para ele, estas questões só estão acontecendo por que alguns setores determinados da Funai e de outras partes interessadas estão incitando uma parte dos índios para a briga. Mecias disse que conhece os principais atores destes temas e sabe, inclusive, quais os interesses que cada um deles defendem.

"Existem Ongs benéficas ao Estado e aos índios. Outras são maléficas, estas queremos fora do nosso Estado. Muitas Ongs se instalam no Estado com o suposto interesse de preservar o meio ambiente e demarcam cem mil hectares de terras. Essa Ong não é benéfica", destacou.

Mecias de Jesus defendeu um mutirão com a participação de todas as correntes políticas, envolvendo todos os segmentos sociais, para que essas ações pudessem resultar numa solução pacífica e definitiva.

Ele explica que o ideal é que direitos sejam respeitados, tanto os das populações indígenas quanto os dos não índios, que do mesmo modo são cidadão brasileiros e merecem ter seus direitos assegurados.

"Precisamos ver demarcadas todas as reservas indígenas e definida a responsabilidade sobre a titulação das terras não indígenas, pois somente assim poderemos de fato sonhar com um Estado em desenvolvimento", frisou.

O presidente da Assembléia afirmou que nenhum Estado justo pode ser construído sob as ruínas da injustiça. Em relação aos recentes episódios envolvendo a morte de um indígena e a situação de Pacaraima, diz que é necessário que as partes envolvidas dêem ouvido à razão.

"Chegamos a um momento em que não dá mais para esperar. Ou resolvemos nossos problemas agora ou mergulhamos num temeroso processo de apartheid social, com conseqüências graves para o nosso futuro", disse.

Disse também que é claro o interesse que algumas das partes envolvidas nutrem pelo acirramento dos ânimos. "Alguns praticam a política do quanto mais cadáver melhor, e ninguém ganha nada com isso, a não ser aqueles que não possuem compromissos com Roraima", atacou.

Mecias de Jesus afirmou que reconhece a luta legítima das instituições indígenas, igrejas, Ongs e segmentos sociais que dependem seus pontos de vista, mas reafirma que acima dessas questões deve prevalecer o interesse maior do Estado.

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