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Marubos querem cuidar de seus próprios povos

A Crítica (AM) - http://www.acritica.com.br
Autor: Antônio Ximenes
31 de Jan de 2010

Cansados do abandono histórico do Estado, os indígenas do Vale do Javari (Sudoeste do Amazonas) não esperam mais e vão à luta na busca de seus direitos. Artemiza Marubo, 29, fez vestibular para Medicina na Universidade Federal de Brasília (UnB) e está aguardando o resultado. Eliesio Marubo, 29, está estudando para fazer o vestibular de Direito. Cláudio Marubo, 26, fez vestibular para Enfermagem na UnB. Todos têm um mesmo objetivo: defender os seis povos (Marubo, Korubo, Mati, Mayuruna, Kulina e Kanamary) da reserva de 8,5 milhões de hectares, uma área maior que vários países da Europa, como Bélgica, Holanda e Suíça.

Descaso público

"Cansei de ver gente morrer nas aldeias. Quero eu mesma cuidar delas e como médica", disse Artemiza, que, além de Brasília também fará vestibular na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Ela, que é técnica de enfermagem e que atua nas aldeias Marubo e Mayuruna nos rios Curuçá e Pardo, está indignada com o descaso das autoridades federais de saúde, que não disponibilizam médicos no Vale do Javari, onde não há um sequer trabalhando, permanentemente, na região.

Meta

Cláudio Marubo, que trabalha na Casa do Índio de Atalaia do Norte, é outro que vem se desdobrando nas horas vagas para estudar Biologia, Química, Língua Portuguesa e outras matérias necessárias para vencer o obstáculo do vestibular. "Quero me formar e vir para cá. Minha gente precisa de mim". Eliesio Marubo, que é casado com uma professora de pedagogia da Ufam, e que acompanha as atividades das lideranças indígenas do Vale do Javari em Manaus, acaba de retornar de Portugal.

Em solo português, ele participou de um debate sobre o aproveitamento do crédito de carbono."Nós precisamos conhecer em profundidade o que os países e as empresas querem fazer com a natureza. Nossa região é muito rica em biodiversidade e em crédito de carbono".

Batalhas

Se de um lado os indígenas estão procurando se aperfeiçoar para melhor entender a sociedade de consumo, de outro eles não abandonam os conhecimentos tradicionais e, muito menos, deixam de lado às lutas pela ocupação plena dos seus territórios, cada vez mais ameaçados pelas incursões clandestinas de pescadores, caçadores, narcotraficantes, contrabandistas de armas e madeireiros ilegais.

"Meus filhos Eliesio e Beto estão dando continuidade ao movimento indígena que começamos na aldeia Maronal, nas cabeceiras do rio Curuçá, há mais de quarenta anos", disse Elizeu Carlos Vargas Marubo, 89. Ele, junto com o seu pai Carlos Vargas Marubo e João Tuxaua, foi um dos precursores das lutas pelo reconhecimento definitivo das terras ancestrais de seu povo na fronteira com o Peru. Em maio de 2011 fará dez anos que as terras do Vale do Javari foram demarcadas e homologadas.

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