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Marta defende prédio invadido por índios no Rio

OESP, Metrópole, p. C5
25 de Jan de 2013

Marta defende prédio invadido por índios no Rio
Ministra da Cultura recomenda tombamento de imóvel imperial; governo estadual diz que nunca recebeu orientação do Iphan pela preservação

FELIPE WERNECK / RIO

A ministra da Cultura, Marta Suplicy, defendeu a preservação do prédio do antigo Museu do Índio. Ela manifestou sua posição contrária à demolição do imóvel, construído em 1862, após conversar com o governador em exercício do Rio, Luiz Fernando Pezão. Em nota oficial, Marta afirmou que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) já recomendou ao Estado o tombamento do imóvel imperial.
"Esperamos que prevaleçam o interesse na preservação do patrimônio material e imaterial e a sensibilidade do governo do Estado", disse a ministra.
O governo estadual, no entanto, rebateu a declaração da ministra ontem à noite, também por meio de nota, e afirmou que "jamais recebeu recomendação do Iphan para preservar o prédio, que nem é tombado pelo próprio Iphan". "O governo do Estado lamenta que a ministra tenha se posicionado desta maneira", afirma o texto.
Ocupado por dezenas de índios desde 2006, o prédio fica ao lado do Estádio do Maracanã, na zona norte do Rio, e é chamado de "aldeia Maracanã". Apesar de recomendações de órgãos de patrimônio pela preservação, o governo do Estado quer retirar os índios e demolir o casarão. A justificativa oficial é a necessidade de "urbanização e mobilidade do público" no entorno do estádio para a Copa de 2014.
Na semana passada, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) negou pedido de restauração do prédio e autorizou sua demolição - pela primeira vez na história, um prefeito contrariou parecer do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural. "Há uma necessidade de se abrir aquele espaço", disse Paes, na ocasião.
O governador Sérgio Cabral (PMDB) já declarou que "chamar aquilo de aldeia indígena é um deboche". "É uma invasão recente, uma ação política", disse.
Na Justiça. As duas liminares que a Defensoria Pública da União havia obtido, uma para manter os índios no imóvel e outra para impedir a demolição, foram suspensas pelo Tribunal Regional Federal.
Hoje, a Advocacia-Geral da União deve se manifestar. O prazo de dez dias estipulado pelo governo do Estado para desocupação do imóvel, por meio de notificação, termina na segunda-feira. "A manifestação da ministra se mantém alinhada com órgãos técnicos", disse o defensor federal André da Silva Ordacgy.
História. O prédio abrigou o primeiro órgão de proteção indígena do País e foi transformado por Darcy Ribeiro em Museu do Índio nos anos 1950. Com a transferência do museu, o prédio foi doado à Companhia Nacional de Abastecimento na década de 1980 e ficou abandonado. Há dois meses, o imóvel foi comprado pelo governo do Estado.

OESP, 25/01/2013, Metrópole, p. C5

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