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Maré de algas azuis invade represa

OESP, Metrópole, p. C3
08 de Abr de 2007

Maré de algas azuis invade represa
Embora indicadores apontem aumento da poluição, Sabesp diz que situação é de alerta, mas está sob controle

Sérgio Duran

Documentos da Sabesp referentes ao acompanhamento da poluição da Barragem Paiva Castro, em Mairiporã, região metropolitana de São Paulo, indicam que em novembro passado houve um pico de infestação de algas azuis, conhecidas tecnicamente como cianobactérias. As algas azuis indicam que a poluição está alta na represa.

Registro de novembro apontava 74.186 células de cianobactérias por milímetro de água. O máximo recomendado para um reservatório como a barragem é 80 mil. A média observada nos últimos anos foi de 25 mil. Em março, há denúncias de que a quantidade de algas azuis extrapolou o limite, mas a Sabesp não informa quanto. O levantamento ao qual o Estado teve acesso vai até janeiro.

As cianobactérias são extremamente resistentes e nem sempre conseguem ser retiradas no sistema de purificação. Em alguns casos, nem a fervura mata os organismos. "As algas azuis são um mau sinal. Esses dados indicam que a qualidade da água está piorando", afirmaz Marussia Whately, do Instituto Socioambiental, que desenvolve trabalho de acompanhamento dos mananciais do Estado de São Paulo.

O superintendente de produção de água da Sabesp, Hélio Luiz Castro, ressalta, porém, que as algas azuis "nascem em qualquer corpo hídrico, mas que o tratamento desenvolvido pela companhia garante a limpeza da água". "Estamos cientes dos problemas, cuja solução depende também das prefeituras. Sabemos da gravidade, mas a situação está sob controle", afirma o superintendente da companhia.

O técnico rejeita a comparação com a situação da Guarapiranga, confirma a importância do Sistema Cantareira no abastecimento da região metropolitana, mas reafirma que a qualidade da água que chega à torneira do consumidor não mudou nem corre o risco por causa da tecnologia empregada na Estação de Tratamento de Água do Guaraú.

"Os picos de concentração de cianobactérias são pontuais. Vêm ocorrendo com maior freqüência, muito também por causa das condições climáticas", declara. "Temos feito inúmeras ações na região, parcerias com as prefeituras, com os comitês de bacia, com organizações não-governamentais, tudo para enfrentar esse problema de ocupação da região", explica o superintendente da companhia. "Mas são soluções que não dependem da Sabesp. A regularização dos loteamentos é um exemplo disso."

Custos acompanham poluição

Um dos maiores alertas dos documentos que fazem um diagnóstico da região da Barragem Paiva Castro é sobre a possibilidade de encarecimento do custo de tratamento da água.

Segundo a Sabesp, enquanto hoje mil metros cúbicos de água da Guarapiranga custam R$ 47,23 para serem tratados, na Cantareira essa mesma quantidade sai por R$ 12,26. Se a região se deteriorar ao ponto da represa da zona sul, a companhia terá um prejuízo de R$ 47 milhões por ano só com material para tratamento da água, custo que provavelmente será repassado aos consumidores.

Na Guarapiranga, o custo da limpeza da água subiu conforme a ocupação do entorno. Nos anos 80, a companhia usava 25 quilos de produtos químicos para cada mil metros cúbicos de água. Nos 90, a proporção subiu para 60 quilos de substâncias como sulfato de alumínio ou cloreto férrico. Hoje, são necessários aproximadamente 80 quilos.

OESP, 08/04/2007, Metrópole, p. C3

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