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Marco zero

O Globo, Opiniao, p.6
16 de Fev de 2005

Marco zero

A entrada em vigor, hoje, do Protocolo de Kioto, que durante algum tempo chegou a parecer inviável, devido à rejeição dos Estados Unidos e à posição ambivalente da Rússia, por isso mesmo é motivo para cauteloso otimismo. Ainda que não seja fácil para os países desenvolvidos alcançar a meta prevista — reduzir a emissão de gases do efeito estufa, até 2012, para 5,2% a partir do nível registrado em 1990 — a verdade é que o acordo tem mais valor simbólico do que eficácia real no combate ao aquecimento global.

Porque, pela sua amplitude — reúne 136 países — o protocolo não tem precedentes, como ação conjunta para enfrentar um problema que é de todo o planeta. Os dados preocupantes, senão alarmantes — degelo nos pólos, desmoronamento de geleiras na Patagônia, derretimento do permafrost no Alasca, inundação do pequeno Tuvalu (país formado por pequenas ilhas no Pacífico), devido à elevação do nível do mar — tornam cada vez mais insustentável o ceticismo que ainda persiste em alguns setores sobre a realidade do aquecimento global. Que tem mesmo confirmação direta nos registros históricos de temperatura.

Se o esforço for bem sucedido, seu efeito colateral mais importante, paralelamente ao desenvolvimento de novas tecnologias de geração de energia limpa, será o crescimento da pressão sobre os EUA para que acabem aderindo também. Neste caso, os países signatários do acordo terão conquistado sua maior vitória.

Em qualquer hipótese, Kioto é o indispensável primeiro passo num esforço que exigirá décadas para afastar a ameaça representada pela mudança do clima.

O Globo, 16/02/2005, Opinião, p.6

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