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Marcha a Brasília e ação na Justiça são os próximos passos da resistência

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
12 de Jan de 2004

As lideranças indígenas contrárias à homologação da Raposa/Serra do Sol em área única organizam, a partir desta semana uma marcha a Brasília. Dirigindo-se a imprensa inicialmente na língua macuxi. O tuxaua, Jonas Marcolino, detalhou como tudo será feito.
Será realizada uma coleta de assinaturas, número da Carteira de Identidade, CPF e Título de Eleitor dos índios contrários à homologação, para ser apresentada ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos e ao presidente Lula.

Com essa coleta de assinaturas e número de documentos, Jonas Marcolino afirma querer mostrar para o ministro da Justiça a realidade, no que diz respeito à discordância em torno de como será homologada a reserva indígena. "O nosso objetivo é provar que somos maioria absoluta naquela região, contrária à homologação em área única, e não apenas 20% como disse o presidente nacional da Funai (Mércio Pereira Gomes)", explicou.

O tuxaua acusa o CIR (Conselho Indígena de Roraima) de fraudar o levantamento dos índios pró-homologação em área única. Conforme ele, o CIR está cadastrando crianças e recém-nascidos como se fossem adultos, para dizer que a maioria dos índios daquela região são favoráveis à homologação contínua.

Outra frente de atuação do movimento contra a homologação da Raposa/Serra do Sol em área única será entrar com uma ação na Justiça, com o objetivo de garantir o direito dos índios que preferem a homologação em ilhas, resguardando o Município de Uiramutã, as estradas e as áreas de produção de arroz.

A decisão de ingressar na Justiça foi tomada na tarde de sábado, 10, pelo conselho de 20 tuxauas que coordenavam o movimento. Reunidas na sala da diretoria da Funai, antes de desocuparem o prédio, as lideranças indígenas concluíram que não adiantava medir forças com a Polícia Federal e com a Justiça, restando apenas recorrer à via judicial.

"Vamos lutar agora através da Justiça. Pela baderna, pela via da força, nós perdemos essa causa", ponderou Silvestre Leocádio, presidente da Sodiur. "Nós não queremos conflito. Esse nosso movimento já atingiu seu objetivo. Não serviu apenas para chamar a atenção de Brasília para a nossa realidade, não. Chamou a atenção do mundo inteiro", complementou. (L.V)

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