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Maranhão define áreas para mamona

GM, Rede Gazeta do Brasil, p. B14
04 de Ago de 2004

Maranhão define áreas para mamona

Plantio será feito em 30 mil hectares, dos quais 15 mil hectares em áreas de assentamentos com projetos sociais. O Maranhão deve começar ainda este ano o plantio de mamona destinada à produção de biodiesel. O projeto está sendo implantado pela Brasil Ecodiesel, que está estruturando uma cadeia de fornecimento para a produção do biodiesel com base com base na mamona como matéria-prima também nos estados do Ceará e Piauí, onde a colheita já iniciou a colheita da oleaginosa mês passado.
Este mês devem ser definidas as áreas para o plantio de mamona no Estado. O termo de compromisso entre a Brasil Ecodiesel e o governo do estado foi assinado há 60 dias. "O termo foi nos mesmos moldes do Ceará e do Piauí", diz o consultor da Brasil Ecodiesel, Paulo Mury, destacando que no Maranhão, foram incluídas no projeto áreas de assentamento.
No momento, a empresa está prospectando terras para a aquisição e iniciando o trabalho com os governos estadual e federal para a estruturação dos assentamentos já existentes. Paralelo à plantação, existe todo um trabalho voltado para as áreas de educação, saúde, cultura e lazer. "Vamos levar tecnologia, assistência técnica, além de escolas, saúde e cultura para os assentamentos. É um projeto de inclusão de renda e social", explica o presidente da Brasil Ecodiesel, Nelson Silveira.
De acordo com o projeto, o plantio de mamona no Maranhão deve alcançar uma área total de 30 mil hectares, dos quais 15 mil hectares em áreas de assentamentos já existentes no Estado. Os investimentos são estimados entre R$ 25 milhões a R$ 30 milhões só na parte agrícola. O projeto prevê ainda a implantação de uma esmagadora de mamona e uma unidade industrial para a produção do biodiesel. A parte industrial está estimada em R$ 15 milhões.
Unidade industrial
A previsão é que o plantio seja iniciado nos meses de novembro ou dezembro e a colheita prevista para julho ou agosto do próximo ano. Já a unidade industrial esmagadora de mamona deve entrar em funcionamento no final de 2005 e a indústria de biodiesel até 2006. A localização da fábrica de biodiesel ainda não foi definida, mas deve ser instalada em São Luís, com o objetivo de atender à indústria ao Norte do estado. Se a demanda for do setor automotivo, a unidade poderá ser implantada na região mais central e o produto distribuído pela Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN).
O plantio de mamona via ficar concentrado no Sul do Maranhão, em regiões de clima semi-árido, mas que não possuem atividade com grãos, conforme adianta Nelson Silveira. "Não vamos entrar nas regiões onde é plantada a soja para não competir com gêneros alimentícios", diz o presidente da Brasil Ecodiesel.
O projeto desenvolvido pela Brasil Ecodiesel tem a colaboração dos governos estadual e federal, por meio dos ministérios das Minas e Energia, Desenvolvimento Agrário e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.
O investimento é todo arcado pela empresa. Ao governo do estado assegura a concessão dos benefícios fiscais e dispensa do pagamento do ICMS. A expectativa é que sejam gerados 25 empregos industriais diretos e até cinco mil na área rural, além dos empregos indiretos gerados na fase da preparação técnica do projeto.
Semana passada, uma equipe da Secretária da Agricultura , Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seagro) e do presidente do Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma) visitou as plantações de mamona da empresa Brasil Ecodiesel, em Canto do Buriti, no Piauí. A visita teve como objetivo conhecer de perto a experiência de produção de biodiesel da empresa na região.
No Piauí, existem atualmente plantados 3 mil hectares. O projeto total prevê o plantio de 60 mil hectares, assim como no Ceará. No Maranhão, o plantio é menor em virtude das áreas disponíveis propícias à mamona também serem menores.
Conhecido como "combustível verde", o biodiesel é produzido a partir de matérias-primas renováveis como óleos vegetais e pode ser usado como aditivos em motores do ciclo diesel. Substitui o diesel e possui a vantagem, a exemplo do álcool, de ser renovável e não ser poluente.
Pode ser produzido a partir de diversos vegetais como o grão de amendoim, coco de dendê, coco de praia, caroço de algodão, mamona e semente de girassol. Estudos já demonstraram que a mamona possui a maior rentabilidade em cultura de sequeiro entre as grandes culturas. Tem ainda característica predominantemente familiar e que tem a capacidade de gerar um emprego direto a cada três hectares plantados. De acordo com o projeto da Brasil Ecodiesel, estima-se uma renda líquida de R$ 450 mensais por família.
O Maranhão também estuda a utilização de outra matéria-prima para a produção de biodiesel babaçu, palmeira nativa presente em quase um quarto do território maranhense. O processo seria agro-extrativista.
kicker: Mamona será plantada no semi-árido para evitar concorrência com a soja

GM, 04/08/2004, Rede Gazeta do Brasil, p. B14

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