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Manifestação resulta em bloqueio de estradas e detenção de padres

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: MARILENA FREITAS
07 de Jan de 2004

Com a interdição das estradas muitas pessoas tiveram dificuldade em sair ou chegar a Boa Vista

A manifestação realizada ontem por diversos segmentos da sociedade organizada resultou no fechamento das principais rodovias que dão acesso ao Estado e Municípios, na detenção de dois padres e um irmão e na invasão da Sede da Funai (Fundação Nacional do Índio), por centenas de índios.

Dezenas de carros ficaram enfileirados nas BR-401 e BR-174, em direção aos municípios do Sul e ao Norte do Estado. Ao todo foram sete barreiras, sendo três em direção ao município de Pacaraima e duas em direção a cidade de Manaus (AM).

A detenção dos padres, Ronildo Pinto França e César Avllaneda e o irmão Juan Carlos Martinez, ocorreu por volta das 3h, da madrugada, segundo informou o padre Édson Damian. A invasão da Funai aconteceu nas primeiras horas da manhã de ontem.

O movimento em "Defesa do Estado de Roraima", encabeçado por agricultores, pecuaristas, índios favoráveis à homologação em ilha, madeireiros, comerciantes e a população de modo em geral, tem como finalidade chamar a atenção das autoridades federais sobre a homologação da área já demarcada Raposa/Serra do Sol, com 1,6 milhão hectares, localizada ao Nordeste do Estado, no Município de Uiramutã.

Os representantes dos órgãos governamentais e não-governamentais, inclusive indígenas de três entidades resolveram emplacar o movimento por entenderem que a classe política roraimense está fragilizada por supostos envolvimentos no "escândalo dos gafanhotos" e porque o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, declarou na mídia nacional que a homologação sairia este mês, em área contínua.

Na rodovia BR-401 cerca de 200 carros, sendo 50% dos manifestantes ocuparam aproximadamente um quilômetro de estrada a partir do final da ponte dos Macuxis, logo no início da manhã. Os condutores de cinco ônibus das empresas responsáveis pela linha intermunicipal foram obrigados a deixar os passageiros na bifurcação que dá acesso ao Haras Cunhã Pucá. Os moradores da Cidade Santa Cecília também foram impedidos de passar de carro para vir trabalhar.

Para se deslocar à cidade, os passageiros foram a pé, pediram ajuda de parentes que moram em Boa Vista, pegaram carona ou utilizaram o serviço de táxi, já que havia cerca de 15 taxistas - entre lotação e convencional - aproveitando o movimento para aumentar a renda, cobrando até ao Centro R$ 15,00 pela corrida.

Os pacientes que estavam visivelmente doentes tiveram o apoio do RUA (Resgate Urgente a Acidentes) e do resgate a acidentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Um dos responsáveis pelo movimento naquela rodovia, Agenor Faccio, disse que os carros que transportavam produtos perecíveis estavam sendo liberados, como o do leite.

Na BR-174 em direção ao Município de Pacaraima havia cerca de 70 carros parados por volta das 11h30, entre veículos grandes e pequenos, sendo a metade dos manifestantes, segundo estimativa da Polícia Rodoviária. A Polícia Militar e a Polícia Rodoviária Federal se posicionaram antes da barreira para orientar os carros a retornarem, avisando-os que o movimento poderia se estender por 48 horas.

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