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Manaus sedia eventos internacionais sobre "Terra Preta de Índio"

A Crítica (AM) - http://acritica.uol.com.br/
09 de Jul de 2012

Considerado um dos solos mais férteis do mundo, a terra preta do índio, de acordo com pesquisas, apresentam grande disponibilidade de nutrientes

Até a próxima sexta-feira (13), Manaus, sedia dois eventos sobre Terra Preta de Índio solos altamente férteis encontrados na Amazônia e que são alvo de interesse para diversas pesquisas voltadas para a temática da sustentabilidade na agricultura.

Um dos aspectos de interesse sobre as terras pretas é por serem consideradas entre os solos mais férteis do mundo. As pesquisas realizadas atestam que esses solos apresentam grande disponibilidade de nutrientes como cálcio, magnésio, zinco, manganês, fósforo e carbono e além disso, conservam sua fertilidade e resiliência por longo tempo, uma vez que sua origem está relacionada a ação humana de povos indígenas ancestrais pré-colombianos, e mesmo onde foram utilizadas ao longo do tempo não perderam sua fertilidade.

Os eventos sobre Terra Preta de Índio que ocorrem em Manaus nesta semana são realizados em parceria pela Wageningen University (Holanda), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - por meio das Unidades Embrapa Amazônia Ocidental e Embrapa Solos - e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Simpósio aberto ao público

Na quarta-feira (11), será realizado o "Simpósio Terra Preta de Índio" aberto a pesquisadores, estudantes e demais interessados no tema. O objetivo do simpósio é apresentar conhecimentos sobre o passado, o presente e o futuro das pesquisas sobre terra preta. O simpósio será realizado no auditório da Ciência, no Bosque da Ciência, Campus I do Inpa, no bairro Aleixo, Zona Centro-Sul de Manaus, das 8h30 às 18h.

Na programação do simpósio estão previstas onze palestras, agrupadas em três tópicos: Conversas sobre o Passado, Conversas sobre o presente e Conversas sobre o futuro.

Na abordagem sobre o passado, estão previstas as seguintes palestras : "O programa Terra Preta e reflexões sobre a relação entre terra preta e biocarvão", pelo Dr. Thom Kuyper, Universidade de Wageningen); "Paisagens domesticadas na Amazônia: características topográficas, uso do espaço, e a formação de solos antrópicos (terra preta) em assentamentos pré-históricos" , pelo Dr. Morgan Schmidt, Museu Paraense Emilio Goeldi ; "Como as Terras Pretas podem ter sido formadas a partir da ocupação humana pretérita" Dra. Dirse Kern, do Museu Paraense Emílio Goeldi ; "Terra Preta na Amazônia: uma perspectiva histórica sobre as Terras Pretas de Índio na Amazônia Central", pela Dra. Helena Lima, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

Na abordagem sobre o presente, constam as seguintes palestras: "Terra Preta de Índio na África", pelo Dr. James Fraser da Universidade Javeriana (Colombia) e University of Sussex (Inglaterra); "Efeitos da Terra Preta de Índio na composição, abundância e distribuição de samambaias, ervas e palmeiras de sub-bosque de uma floresta amazônica na Bolívia", por Estela Quintero, doutoranda da Universidade de Wageningen e do Instituto Boliviano de Investigacion Forestal; e "A Microbiota de terra preta e seu carvão vegetal", por Dra. Siu Miu Tsai, da Universidade de São Paulo (USP) e "As dimensões políticas entre terra preta e biochar - atores, interesses e estratégias" por Joana Bezerra (Unicamp/Fundação Getúlio Vargas)

Nas conversas sobre o futuro, serão apresentadas as palestras: "Biocarvão como um fator chave para a criação de Terra Preta Nova", pelo Dr. Newton Falcão (Inpa); "Nanoestruturas de carbono da Terra Preta de Índio", por Dr. Carlos Alberto Achete ( Inmetro) ; e " 'Receitas' não estão criando Terra Preta: o que está faltando?" , pelo Dr. Wenceslau Teixeira ( Embrapa Solos).

Workshop Internacional

No período de 9 a 13 de julho serão realizadas atividades do II Workshop Internacional do Programa Terra Preta, a fim de compartilhar os progressos realizados, tanto pelo programa quanto por pesquisadores que realizam pesquisas de doutorado sobre o tema. Parte da programação do workshop acontece no auditório da Biblioteca, Campus I do Inpa (Aleixo) e em trabalhos de campo onde são encontrados os solos de terra preta em sítios arqueológicos no campo experimental da Embrapa, no Caldeirão, e na localidade Costa do Laranjal, ambos áreas rurais do município de Iranduba - a 34 quilômetros de Manaus.

A programação do workshop é restrita a pesquisadores das diversas instituições ligadas ao programa internacional Terra Preta, que tem a participação de pesquisadores da Universidade de Wageningen, da Holanda, e de diversos pesquisadores de instituições do Brasil, Bolívia e Colômbia.

Os grupos de pesquisa com a terra preta da Embrapa Amazônia Ocidental (Manaus), Embrapa Solos (Rio de Janeiro) e do Inpa estão colaborando com o programa de pós-graduação em terra preta da Universidade de Wageningen, Holanda, bem como com a rede nacional e internacional dessas pesquisas.

O programa Terra Preta é um programa internacional e interdisciplinar, é um programa interdisciplinar da Universidade de Wageningen, Holanda, com foco em solos com alta fertilidade encontrados na bacia amazônica. O programa Terra Preta combina uma estrutura interdisciplinar que liga as ciências naturais e sociais com uma abordagem comparativa, trabalhando em vários países (Bolívia, Brasil e Colômbia) que diferem em condições ambientais e aspectos sociais.

O objetivo geral do programa Terra Preta é contribuir para a melhoria da subsistência de agricultores que vivem na Amazônia, através de informações sobre o uso sustentável e a conservação da Terra Preta e a criação de solos semelhantes. O programa conta com a participação de diversas instituições de pesquisa do Brasil, Colômbia e Bolívia. No total, o programa envolve 40 pesquisadores, 8 alunos de doutorado e um de pós-doutorado

Pesquisa

Na Embrapa, atualmente, é desenvolvido o projeto "As Terras Pretas de Índio da Amazônia: o entendimento de sua formação e evolução", com o objetivo de criar um modelo de formação e evolução desses solos focando os estoques e a dinâmica do carbono, fósforo e cálcio.

Este projeto é nacional e tem a liderança da Embrapa Amazônia Ocidental e a parceria de outras unidades da Embrapa (Embrapa Solos, Embrapa Acre, Embrapa Amazônia Oriental, Embrapa Rondônia, Embrapa Amapá, Embrapa Florestas) além das seguintes instituições: Universidade do Estado do Amazonas (UEA); Universidade Federal do Amazonas (Ufam); Serviço Geológico do Brasil (RJ e AM), Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (Mae-USP), Museu Paraense Emílio Goeldi, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq - USP), Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena-USP), Universidade Federal do Pará, Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade de Wageningen (Holanda).

De acordo com o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Orlando Paulino, que coordena esse projeto, a partir dessas pesquisas pretende-se se inspirar no modelo das Terras Pretas de Índio para reproduzir semelhante fertilidade em outras áreas e poder contribuir para melhorar os solos para a agricultura. Este projeto integra o Macroprograma 2 da Embrapa, para projetos relacionados a "Efeito das Mudanças Climáticas Globais nos Sistemas Produtivos, Sequestro de Carbono e Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE)".

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