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Manaus lidera crescimento populacional

OESP, Vida, p. A21
30 de Nov de 2010

Manaus lidera crescimento populacional
Novos negócios e oportunidades de trabalho atraem pessoas de fora; cidade sofre com a falta de qualificação do morador local

Liège Albuquerque / Manaus

O crescimento populacional de Manaus observado há pelo menos duas décadas tem nas oportunidades de emprego e novos negócios na zona urbana em desenvolvimento duas das principais explicações para o municípios passar da nona para a sétima posição no ranking das grandes cidades brasileiras. A população saltou de 1.405.835, em 2000, para 1.802.525, em 2010 - um crescimento de 22%. Foi a grande cidade que mais cresceu.
No início desta década, a Zona Franca de Manaus tinha cerca de 400 indústrias na capital. Hoje são 550 e uma média de 20 mil empregos gerados anualmente no setor, nos últimos dez anos.
"No comércio, nosso problema é a ausência de qualificação de pessoal local, o que acaba atraindo muita gente de fora. Hoje, por exemplo, temos 4,5 mil vagas no comércio em aberto por falta de gente qualificada", destaca o presidente da Federação das Câmaras dos Dirigentes Lojistas do Amazonas, Ralph Assayag.
Há três anos em Manaus, a dona de casa Marilene Gomes Nikuska, de 42 anos, saiu de Ponta Grossa com o marido Eduardo Nikuska, de 45 anos, e o filho Ramon, de 16. "Meu marido veio transferido pelo trabalho do Paraná e estamos adorando aqui."
Ela diz que o filho estranhou no início a falta da turma e acabou perdendo o ano passado na escola, mas já tem novos amigos e se adaptou. "De todas as cidades que já moramos, essa é onde sentimos o povo mais acolhedor com os novos moradores".
Há dois anos, o empresário paulista Anilton Silva, de 45 anos, chegou a Manaus para ministrar um treinamento num restaurante. Gostou tanto que tomou uma decisão radical, apoiada de início com desconfiança pela família: mudar-se para a capital amazonense e tornar-se sócio da franquia do restaurante onde trabalhava em São Paulo.
"Hoje, minha mulher e minha filha adoram Manaus, onde faz calor o ano inteiro, e não pensamos em sair daqui por nada. A cidade tem espaço para crescer em todas as áreas de negócios possíveis", opina Silva.
Atração. Segundo o geógrafo da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Marcos Castro, embora o crescimento populacional de Manaus tenha sido menor na última década do que entre 1991-2000, foi nesses últimos dez anos que a capital nitidamente teve a "cara" mudada. "A capital está ganhando feições de metrópole, com muita gente de fora chegando e investindo em negócios e franquias antes inéditas".
Para Castro, contudo, o que já é observado nos últimos anos deverá ser tendência para os próximos, da diminuição do crescimento de Manaus e a migração para as cidades maiores do interior. "Quanto mais aumentar a oferta de meios de transporte, como a ponte Manaus-Iranduba (deve ser inaugurada em 2011), ligando a capital a municípios da região metropolitana, mais fácil será essa migração para fora da capital", acredita o pesquisador.
98% do PIB. O economista e consultor empresarial, José Laredo, considera, contudo, que ainda deve demorar um pouco para a capital amazonense perder em crescimento para cidades do interior. "É uma cidade-Estado que responde por 98% do PIB do Amazonas. Num curto prazo é algo difícil de diluir, de interiorizar essa riqueza."
De acordo com Laredo, os incentivos fiscais oferecidos às empresas que se instalam no polo industrial de Manaus ainda são o atrativo mais cobiçado para as empresas se instalarem na cidade e, consequentemente, abrirem novos postos de trabalho. "Mesmo com as dificuldades na logística, ainda é uma vantagem matemática grande os ganhos com as isenções tributárias", afirma.
Faltam especialistas. A falta de qualificação ainda encontrada para diversos segmentos do comércio, apontada por Ralph Assayag, também surge na falta de gente local especializada para certos segmentos da indústria. "É a realidade: os postos de direção nas indústrias de Manaus são quase 100% de gente de outros Estados, sem falar em cargos de especialistas, que também chamam muitos do sul e sudeste, que mudam para a cidade com suas famílias", destaca Laredo.

OESP, 30/11/2010, Vida, p. A21

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101130/not_imp647132,0.php

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