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Manaus abandona projeto de Niemeyer

OESP, Vida, p. A16
12 de Mar de 2011

Manaus abandona projeto de Niemeyer
Memorial no Encontro das Águas, encomendado por R$ 600 mil ao arquiteto, deve dar lugar a construção para a Copa

Liège Albuquerque / Manaus

Um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer no valor de R$ 600 mil, encomendado e pago em 2006 pela prefeitura de Manaus, pode ser abandonado para dar lugar a uma área de Fun Park da Copa de 2014 - espaços exigidos pela Federação Internacional de Futebol (Fifa) para torcedores acompanharem as partidas, com telões, restaurantes e outros itens de lazer.
O coordenador da Unidade Gestora do Projeto da Copa de 2014, Miguel Capobiango, afirma que "estão avançadas" as conversas com a prefeitura para a cessão de uma área de vista privilegiada para o Encontro das Águas (a união das águas dos Rios Negro e Solimões), hoje patrimônio histórico.
"É um espaço belíssimo, com muito apelo turístico, ideal para um Fun Park", disse. No local, hoje, há um mirante desativado e antenas da Embratel.
A execução do projeto de Niemeyer, obra orçada em cerca de R$ 15 milhões, não ocorreu na época em que ele foi encomendado por falta de verbas, segundo o ex-prefeito de Manaus Serafim Corrêa (PSB). "É um trabalho lindíssimo, além de ser o único de Niemeyer na Amazônia, mas a prefeitura não teve verbas para realizar na época."
A atual administração afirma não ter interesse em dar continuidade ao projeto. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), a pasta tem outras prioridades. "Na época, o projeto estava orçado em R$ 16 milhões e ainda teriam de ser gastos mais R$ 8 milhões em proteção da encosta, o que totalizaria mais de R$ 24 milhões. Por isso a prefeitura desistiu", afirmou o governo municipal, em nota.
Tombamento. O Encontro das Águas foi tombado em novembro do ano passado, em uma decisão unânime dos 22 membros do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Rio. Pela decisão, ficam protegidos os 10 quilômetros contínuos do encontro das águas escuras do Rio Negro e das barrentas do Solimões, além de 30 quilômetros quadrados em seu entorno.
O tombamento ocorreu após uma longa batalha que envolveu a Justiça, a empresa Lajes Logística, ambientalistas e os técnicos do Iphan. A empresa é responsável pela construção de um porto a 2,4 quilômetros do fenômeno e chegou a questionar judicialmente o tombamento. As ações foram negadas.
O tombamento não inviabilizou a obra, mas a deixou sujeita a maiores restrições.

OESP, 12/03/2011, Vida, p. A16

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110312/not_imp690908,0.php

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