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Mais obras e menos gastos ambientais

O Globo, Economia, p. 38
30 de Out de 2011

Mais obras e menos gastos ambientais
Conservação não é prioridade para governo, diz estudo

Enquanto os investimentos de ministérios como o de Minas e Energia e o de Transportes crescem por conta das obras do PAC, o orçamento do Ministério do Meio Ambiente (MMA) vem caindo vertiginosamente. Averba do MMA em 2000 cresceu apenas 6%, enquanto em 2010, o incremento foi bem menor, de 2%. Já o Ministério dos Transportes, por exemplo, passou a administrar uma verba 37% maior só no ano passado. A conclusão é de estudo do Grupo de Economia do Meio Ambiente, da UFRJ.
- Logicamente, o gasto em controle ambiental deveria ter crescido, ao menos, na mesma proporção que as despesas do setor de infraestrutura. Mas o que constatamos foi uma estagnação do gasto em controle e preservação ambiental - afirma Carlos Eduardo Young, um dos autores do trabalho, admitindo que é "extremamente preocupante" que o gasto em expansão da infraestrutura em transportes, por exemplo, tenha crescido "quatro vezes", sem alteração significativa do gasto em controle ambiental.
A discussão não é de caráter ideológico, diz promotor
Antes mesmo de sair do papel, as usinas de Colíder e Teles Pires, que juntas vão gerar 3.120 MW e estão custando R$ 5,17 bilhões, ambas na fronteira do Pará com o Mato Grosso, já estão no alvo da Justiça. Até a prefeitura aderiu aos protestos e está cobrando recursos para minimizar os impactos na cidade.
- Não discutimos ideologicamente qual é a melhor matriz energética. O que defendemos são estudos de impactos socioambientais, só que o problema é que o órgão ambiental não tem demonstrado preocupação real com esta problemática - diagnostica o promotor Marcelo Caetano Vacchiano, do Ministério Público Estadual (MPE), do Mato Grosso.
O diretor de Meio Ambiente da Copel, Gilberto Fernandes Mendes, responsável pela usina de Colíder, critica as exigências, alegando que, muitas delas, são "absurdas":
- Em muitos casos, o MPE ultrapassa o limite da razão.
A Copel acabou cedendo às pressões e liberou R$ 1,2 milhão para bancar obras de infraestrutura na cidade, que já começa a receber uma população flutuante atraída pelas obras da usina.
- É impossível evitar os malefícios, mas precisamos minimizar os impactos na cidade - pondera o secretário de Meio Ambiente de Colíder, Vanderlei Aparecido Borges, acusando a Copel de não estar querendo "cumprir o contrato". - O interesse de ganhar a licitação não pode ser as custas da possível ignorância das populações afetadas. (Liana Melo)

O Globo, 30/10/2011, Economia, p. 38

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