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Mais Indígena: Povos Tenharim e Jiahui reúnem-se com o MPF/AM

MPF - http://noticias.pgr.mpf.gov.br
11 de Abr de 2013

Visita faz parte de série de atividades realizadas pelo MPF no mês dos índios e promove a aproximação com os povos e o aprimoramento da atuação do Ministério Público

o mês em que se comemora o Dia do Índio (19 de abril), o Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/M) recebeu a visita de dez representantes dos povos indígenas Tenharim e Jiahui, que, em reuniões com o procurador da República Julio José Araujo Junior, apresentaram demandas específicas dos dois grupos, que habitam a calha do rio Madeira, no sul do Amazonas, região cortada pela rodovia BR-230 (Transamazônica).

As reuniões, realizadas ontem e hoje (10 e 11 de abril) fazem parte de uma série de atividades e eventos desenvolvidos durante todo o mês de abril relacionados às questões indígenas. O objetivo é estreitar as relações entre o MPF e os povos indígenas, contribuindo para uma maior compreensão da realidade desses grupos, valorizando os aspectos culturais e aprimorando o trabalho de defesa dos direitos dos povos indígenas. Reuniões com representantes de etnias, visitas a terras indígenas, exposições e palestras fazem parte da programação, que terá também a realização de uma audiência pública, em Brasília, no dia 19, sobre a demarcação das terras indígenas no Brasil.

A demarcação e a utilização das terras foram pontos apresentados pelos indígenas ao MPF durante a visita, ao destacarem a necessidade de mais ações governamentais para atender as demandas da população indígena do sul do Amazonas. "Entre as dificuldades que enfrentamos, está a precariedade nos serviços de educação, de saúde e no monitoramento dos limites territoriais", afirmou Aurélio Tenharim.

População reduzida - Os impactos causados pela convivência com a sociedade não indígena também constituem desafios para estes povos indígenas, que fazem parte do grupo autodenominado Kagwahiva, que reúne etnias com organização social semelhante. "A cultura da sociedade trouxe muitas influências ao nosso povo e trouxe também dificuldades de relacionamento. Hoje temos que nos adequar. Compramos roupas para vestir, calçados para as crianças, investimos em melhorias na habitação e na educação. Buscamos recursos de todas as maneiras para garantir a nossa subsistência", disse Aurélio.

Atualmente, a etnia Tenharim reúne cerca de 1.200 pessoas, divididas em 70 famílias. Já os Jiahui são um grupo menor, com 18 famílias que totalizam 84 índios. "A abertura da Transamazônica ocasionou uma redução muito grande do nosso povo, mais de 900 pessoas morreram, muitas em decorrência de doenças", explicou Nilcélio Jiahui, um dos líderes do povo.

Para enfrentar os desafios, Aurélio destaca a importância da aproximação dos povos com o MPF. "Avançamos muito ao chegarmos até aqui. Hoje, entendemos o papel do MPF como parceiro dos índios. É o órgão fiscalizador das leis e defensor dos povos indígenas e, por isso, é importante conhecermos bem o papel do MPF e o MPF nos conhecer bem também", declarou o líder Tenharim.

O cacique João Bosco Tenharim, de 62 anos, destacou que, apesar da dificuldade que a distância da aldeia à capital impõe, o grupo indígena tem todo interesse em atender aos convites do MPF. "É uma viagem muito longa, da aldeia até aqui, mas fizemos de tudo para chegar ao MPF e poder apresentar nossa situação", contou o cacique, que visita a capital do Amazonas pela primeira vez. Para chegar a Manaus, os indígenas viajaram, em estradas de terra, até a sede do município de Humaitá (distante 590 quilômetros da capital amazonense), de onde seguiram também por via terrestre até Porto Velho (RO). Da capital rondoniense é que a viagem continuou até Manaus.

Amazonas é + Indígena - Com base nos dados do Censo 2010, o Instituto Brasileiro da Geografia e Estatística (IBGE) revelou que a população indígena no país cresceu 205% desde 1991. Atualmente, o grupo atinge 896,9 mil, tem 305 etnias e fala 274 idiomas. Segundo a pesquisa, a maior concentração populacional indígena reside no Amazonas, com 168,7 mil pessoas (20,6%), e a menor no Rio Grande do Norte, com 2,5 mil pessoas (0,3%).

O Censo aponta ainda que a população dos índios tikuna, com 46.065 mil pessoas, é a maior entre as etnias do país, ultrapassando a população dos guarani-kaiowá, com 43.401 pessoas. Os tikuna representam 6,8% da população indígena do Brasil. Outras quatro etnias que vivem em território amazonense também estão entre as 15 mais populosas do Brasil: yanomami (que também ocupa o território do Estado de Roraima), sateré-mawé, mundurucu e mura.

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