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Mais de trezentos índios estão reunidos nos 1º Jogos Interculturais Indígenas

24HorasNews
27 de Jun de 2007

Nove etnias de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul estão reunidas em Campo Novo dos Parecis (350 km a Noroeste de Cuiabá) para a primeira edição dos Jogos Interculturais Indígenas, que serão abertos nesta tarde, a partir das 17h, pelo governador Blairo Maggi, o prefeito Sérgio Stefanelo, autoridades municipais e estaduais e líderes indígenas, no estádio municipal Ary Tomazelli.

A abertura dos Jogos Indígenas que tem como tema "Celebrando as Tradições dos Primeiros Povos", marca a última etapa da passagem da Tocha do Pan-Rio 2007 que chegou à cidade hoje pela manhã. Depois de ser conduzido por quatro quilômetros, o símbolo dos jogos Pan-Americanos se unirá à tocha indígena na abertura da cerimônia.

Os jogos reúnem até sábado em Campo Novo dos Parecis, os povos paresí, de aldeias do município; xavante de Barra do Garças; bakairi da aldeia Pakuera em Paranatinga; enawenê-nawê, de Brasnorte e Juína; umutina, da aldeia de mesmo nome em Barra do Bugres; manoki, de Brasnorte; rikbaktsa, de Juína; nhambikwara, de Sapezal e terena, de Mato Grosso do Sul. Quarenta atletas participam dos jogos em cada uma das etnias mato-grossenses e outros 25 terenas representam Mato Grosso do Sul.

Mantendo a tradição e respeito às culturas

Os jogos promovidos pela Prefeitura de Campo Novo, Governo do Estado e Instituto Intertribal Memória e Ciência Indígena (ITC) quer reunir em torno das modalidades esportivas a celebração pelas tradições indígenas. Na avaliação do dirigente do ITC, Carlos Terena, o importante para as etnias não é ganhar o jogo, mas celebrar o momento de união.

"Queremos despertar nos jovens indígenas o reconhecimento de seus valores, além de promover a interação entre as sociedades", explicou Terena ao reforçar que a realização dos jogos se dá entre as etnias e não entre aldeias e que as modalidades são disputadas sem um preparação prévia, o atleta se apresenta conforme o que foi aprendendo e vivenciando ao longo de sua vida.

Os atletas disputarão modalidades tradicionais indígenas como o hipipi (arco e flecha), lutas corporais, jikunahati (cabeça-bol), arremesso de lança, corrida de tora, e natação de rio, além do futebol nas categorias masculino e feminino.

Como programação paralela ao evento, será realizado na quinta-feira (29), o fórum "Afirmação da Identidade Cultural Indígena como Valor Nacional", além de exposições fotográficas e de artes, pinturas corporais indígenas e apresentações culturais folclóricas.

Para a seleção das etnias participantes são avaliados diferentes critérios como o grau de preservação da língua, dos costumes e das manifestações culturais como cantos, danças, pinturas corporais, além do artesanato e esportes tradicionais. A edição desses jogos foi criada neste ano, depois da realização durante cinco anos de competições independentes nas Ednilson Aguiar/Secom-MT

Futebol também será outra modalidade disputada aldeias.

Conheça algumas modalidades:

Arco e flecha - A disputa de arco e flecha é uma das mais tradicionais entre os indígenas. Sua prática é encontrada nas mais diversas etnias. Não existe um modelo padrão para o arco. Eles são produzidos pelos próprios indígenas, a partir da transformação de matérias primas encontradas na natureza - a madeira e as penas. Cada povo possui sua própria tecnologia de produção. O que importa é a precisão de acerto do alvo, que geralmente é colocado a uma distância de 30 metros.

Natação - A natação também faz parte do dia-a-dia dos povos indígenas. As crianças aprendem a nadar muito cedo e passam grande parte do dia brincando nos rios que banham as aldeias. Para os Jogos Indígenas também não foi definido um estilo padrão de nado. Essa competição acontecerá em águas abertas (rio, lago..). A experiência em nado e o preparo físico são determinantes nessa modalidade.

Atletismo - Os Jogos Indígenas terão três modalidades de atletismo: corrida de fundo, 100 m livres e revezamento 4x100. A corrida de fundo tem 4 mil metros e é a única modalidade que não tem limite de participantes. A modalidade 4x100 é uma corrida de revezamento, onde ganha a equipe que concluir a prova no menor tempo. A prova dos 100 m rasos é uma das mais rápidas. O atleta é levado a empreender um grande esforço para atingir a maior velocidade possível nos 100 m de competição. Todas essas modalidades terão duas categorias: masculino e feminino.

Arremesso de lança - O arremesso de lança está ligado a um aspecto prático da vida indígena: a caça e a pesca. Nessa prova os atletas utilizarão lanças fornecidas pela Comissão Técnica. Cada participante terá direito a três arremessos. Os pontos são graduais, aumentando de acordo com a maior distância alcançada.

Cabo de força - A prova do cabo de força é uma das que geram maior expectativa no público. Isso porque os indígenas possuem uma admirável força de vontade e rivalidade esportiva. Essa prova consiste em um desafio de força física, onde duas equipes puxam uma corda em sentidos opostos. A equipe vencedora é aquela que consegue trazer os adversários para a sua área, ultrapassando a linha que delimita os campos das equipes.

Cabeça-bol - Também chamado de Jikunahati. Não se sabe ao certo a origem desse esporte. Cada etnia (Paresí, Enawenê-Nawê e Manoki) tem uma explicação diferente. O cabeça-bol é parecido com o futebol tradicional. O grande diferencial é que, ao invés dos pés, os participantes utilizam a cabeça para driblar os adversários e chegar ao gol. A bola também é exclusiva, confeccionada pelos próprios indígenas a partir da seringa da mangaba. A bola pode ser preparada no mesmo dia do jogo.

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