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Mais da metade dos idiomas do mundo estão condenados à extinção

Jornal do Dia-Macapá-AP
06 de Jul de 2001

No Brasil, a língua arikapu hoje é falada por apenas seis índios. Quando os portugueses chegaram ao País, povos indígenas falavam mais de mil idiomas. Línguas faladas na Sibéria e Alaska também estão em extinção.Mais de metade de todas as línguas existentes no mundo estão condenadas à extinção até o final deste século. Os lingüistas crêem que entre 3.400 e 6.120 línguas podem desaparecer antes de 2100, o que supera a conhecida estatística de uma língua extinta a cada duas semanas. Atualmente existem 6.800 idiomas no mundo. Uma das razões para o desaparecimento é que a metade de todas as línguas é falada por comunidades pequenas, com menos de 2500 habitantes/idioma, segundo dados do Worldwatch Institute, uma organização privada que estuda as tendências culturais em todo o mundo. E, de acordo com a Unesco, para passar de uma geração a outra, uma língua precisa ser falada por pelo menos 100 mil nativos. Guerras, genocídios, desastres naturais, a difusão de línguas dominantes como o chinês e o russo, assim como as proibições oficiais de se falar uma língua, também contribuem para a extinção de um idioma. Em janeiro, por exemplo, um terremoto devastador na Índia matou 30 mil kutchi. Hoje sobram apenas 770 mil pessoas que falam esta língua. De certa forma, o processo de desaparecimento de uma língua é semelhante a de um animal, comenta Payal Sampat, investigador do Worldwatch. As perspectivas para os idiomas udihe, eyak e arikapu, falados na Siberia, Alaska e no Brasil, respectivamente, são as piores possíveis. Apenas cem pessoas falam o udihe, seis se comunicam em arikapu e somente uma fala o eyak, segundo o instituto Worldwatch. Hoje, os povos indígenas no Brasil falam mais de 170 línguas e dialetos diferentes. Acredita-se que quando os portugueses chegaram aqui, este número girasse em torno de mais de mil idiomas, segundo o Instituto Sócio Ambiental. Hoje se conhece a existência de dois grandes troncos lingüísticos, o Tupi e o Macro-Jê, e 36 famílias lingüísticas. Apenas nove línguas indígenas têm acima de 5 mil falantes: Guajajara, Sateré-Mawé, Xavante, Yanomami, Terena, Makuxi, Kaingang, Ticuna e Guarani, estes últimos com 30 mil indivíduos. Cerca de 110 línguas contam com menos de 400 falantes. Marie Smith, de 83 anos, residente na cidade de Anchorage (Alaska), diz que é a última pessoa do mundo capaz de falar o eyak. Os lingüistas confirmam. É horrível ser a única, disse Smith ao The Associated Press. A extinção de um idioma não afeta somente uma comunidade. Quando uma língua morre, lingüistas, antropólogos e outros estudiosos perdem uma rica fonte de material sobre a história e cultura dos povos. O mundo, do ponto de vista lingüístico, perde em diversidade. Atualmente, oito países reúnem mais da metade de todos os idiomas do mundo. São eles: Papua Nova Guinea, Indonésia, Nigéria, Índia, México, Camarão, Austrália e Brasil. A morte de idiomas não é um fenômeno novo. O que espanta é a rapidez com que as línguas morrem atualmente, afirmou Megan Crowhurst, diretora da comissão de línguas em extinção da Sociedade Lingüística dos Estados Unidos. Povos indígenas que não falam seu próprio idioma, já usam o português regional: Atikum, Kaimbé, Kaixana, Kantaruré, Kapinawá, Karapotó, Kariri, Kariri-Xocó, Kaxixó, Kiriri, Paiaku, Pankararé, Pankararu, Pankaru, Pataxó, Pataxó Hã-Hã-Hãe, Pitaguari, Potiguara, Tapeba, Tapuia, Tingui Botó, Tremembé, Truká, Tupiniquim, Tuxá, Wassu, Xukuru e Xukuru Kariri. Apenas nove línguas indígenas têm acima de 5 mil falantes: Guajajara, Sateré-Mawé, Xavante, Yanomami, Terena, Makuxi, Kaingang, Ticuna e Guarani.

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