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Madeireiros do Pará migram para Roraima

Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/
Autor: Andrezza Trajano
10 de Abr de 2010

Segundo dados do Ibama, no último ano a indústria madeireira dobrou na região sul do Estado. Madeireiros que atuavam no Pará estão migrando para Roraima, depois que a Polícia Federal apertou o cerco contra a atividade praticada por eles naquela localidade, compreendendo, inclusive, a extração ilegal.

Com o crescimento da extração aqui, a autarquia tem registrado constantes apreensões de madeiras retiradas de forma irregular da floresta amazônica. Em fiscalização realizada recentemente, técnicos do Ibama apreenderam 1.200 metros cúbicos de madeira no pátio de uma serraria em Rorainópolis, que não tinha origem legal. É neste Município que as principais irregularidades são detectadas.

De acordo com o chefe de fiscalização do Ibama, Cássio Mendes, alguns madeireiros têm licença ambiental para trabalhar, mas costumam pedir autorização para desmatar uma determinada área e, ao final, desmatam o dobrou ou triplo dela.

Além disso, também fazem retirada ilegal de madeira em unidades de preservação. A extração ilegal é feita a partir de Novo Paraíso (KM 500), em Caracaraí, até a divisa de Roraima com o Amazonas, explorando ainda áreas da terra indígena Waimiri-Atroari e da Floresta Nacional do Anauá, ambas em Rorainópolis. De lá, a madeira segue para o Amazonas, sendo levada depois para outras partes do país, "livres" de fiscalização.

"Eles extraem ilegalmente toda espécie de madeira que encontram, como maçaranduba, angelim e abiu. Aumentamos a fiscalização, mas temos dificuldade de pessoal e logística para executar a atividade", explicou. Em Rorainópolis existe um escritório do Ibama com apenas dois fiscais.

Quem for pego retirando madeira de forma irregular da floresta será multado em R$ 300,00 para cada metro cúbico apreendido. Depois do processo administrativo, é dado perdimento da madeira, que em seguida é doada a instituições sem fins lucrativos.

DESMATAMENTO - De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), no primeiro bimestre de 2010, 208 km² de florestas foram desmatados na Amazônia. Roraima aparece como segundo estado que mais desmatou.

O monitoramento, feito via satélite pelo sistema Deter, registrou 23 km² de desmatamento em janeiro e 185 km² em fevereiro. A quantidade registrada é menor do que o mesmo período do ano passado, quando o Inpe detectou 365 km² no primeiro bimestre do ano.

O estado em que foi registrada a maior quantidade de desmatamento foi Mato Grosso, que sozinho somou 143,4 km² desmatados, seguido de Roraima, com 26,9 km², e Pará, com 17,2 km2.

Como nesse período do ano a Amazônia vive a época de chuvas, é difícil a observação por satélites por causa da intensidade de nuvens que cobrem a região. O Pará, estado onde geralmente ocorrem mais desmatamentos, ficou com 96% do território coberto com nuvens em janeiro, por exemplo. Por causa delas, apenas 31% da Amazônia pôde ser monitorada em janeiro e 43% em fevereiro.

Conforme Cássio Mendes, o aumento do desmatamento neste período está ligado à autorização para desmate legal dada por órgãos ambientais para plantio. "Mesmo com todas as dificuldades, estamos de domingo a domingo com equipes de fiscalização em todas as áreas", pontuou.

Em 2008, o município de Mucajaí entrou na lista negra do Ministério do Meio Ambiente como um dos maiores desmatadores da Amazônia.

Madeireiros abrem estrada clandestina na Flona Anauá

Segundo o Ibama, mais de oito quilômetros de estrada foram abertos por madeireiros no interior da Floresta Nacional do Anauá, com o objetivo de dar acesso a caminhões que retiram madeira ilegalmente.

Um trator de esteiras, tipo D6, foi apreendido por fiscais da autarquia federal em operação de terraplenagem. Conforme observações no local, praticamente todas as vicinais que partem da BR-174 em direção à Flona Anauá estão sendo abertas pelos "cedreiros" (traficantes de madeira de cedro) com o objetivo de facilitar a extração ilegal de madeira.

A extração ilegal foi observada durante a Operação Apoema, executada pelo Ibama. Equipes compostas por oitos fiscais tiveram apoio da Polícia Federal e Polícia Militar.

Além das patrulhas, a fiscalização do Ibama monta barreiras físicas em pontos estratégicos. Nelas, foram apreendidos dois caminhões transportando dezenas de toras de cedro. Foram retidos ainda duas motosserras, equipamentos e ferramentas de serraria.

Foram lavrados oito autos de infração por crime ambiental e um auto de advertência, além de expedição de seis notificações por atividades ambientais irregulares. Ainda foram embargadas as instalações de uma serraria que atuava ilegalmente. Ao todo, foram apreendidos 1.299 metros cúbicos de cedro em tora e 226 metros cúbicos da mesma madeira já beneficiada em pranchas.

No início do ano, a operação se estendeu pelos municípios de Rorainópolis, São João da Baliza, São Luiz do Anauá e Caroebe. Em março, a área de atuação expandiu-se para o norte, envolvendo também os municípios de Caracaraí, Iracema e Mucajaí. Atualmente, o Ibama concentra a fiscalização em Rorainópolis, onde a ação dos "cedreiros" é facilitada pela ocupação irregular em áreas florestadas e pela proximidade Manaus.

http://www.folhabv.com.br/fbv/noticia.php?id=83971

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