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Madeira roubada de terra indígena no Brasil pela empresa Forestal Venao ganha certificação SmartWood-FSC no Peru

Amazonia.org.br
Autor: Altino Machado
30 de Jul de 2007

Empresa causa danos ambientais, expõe a risco de extinção povos nativos, rios, animais e a biodiversidade, além de invadir área indígena e reserva extrativista em território brasileiro.

Os índios ashaninka, da comunidade Apiwtxa, no Acre, publicaram mais uma carta sobre as invasões na fronteira Brasil-Peru, na qual criticam duramente o Programa SmartWood, da Rainforest Alliance, que desconsiderou ilícitos cometidos pela madeireira Forestal Venao nos últimos anos, e, em abril de 2007, certificou a empresa, no Peru, com o padrão FSC.

O propósito do Programa SmartWood consiste em reconhecer o manejo dos recursos mediante avaliações independientes e certificação de práticas florestais. As operações florestais que obtêm a certificação utilizam os selos SmartWood e FSC para campanhas públicas de mercado e publicidade.

"No nosso ponto de vista, essa foi uma decisão equivocada, pois as atividades da Forestal Venao há vários anos vem causando graves problemas ambientais em nossa fronteira, colocando em risco de extinção vários povos nativos, rios de água doce, animais e a biodiversidade da floresta. E tem, em várias ocasiões, invadido nossa terra indígena e agora a Reserva Extrativista do Alto Juruá", afirma a carta publicada ontem no blog da comunidade.

Segundo os ashaninka, para tomar a decisão de certificar a Forestal Venao, o Programa SmartWood deveria ter feito uma consulta à população do entorno, para saber quais têm sido as práticas e as verdadeiros impactos ambientais, sociais e culturais da Venao, inclusive em território brasileiro.

A etnia se sente afetada não só pela "exploração devastadora" dos recursos naturais, mas pela cultura e pela relação política que parece cada vez pior e pode levar a sérios conflitos. "A empresa Forestal Venao está se utilizando do convênio e da regência florestal sobre os territórios de comunidades indígenas para expandir suas atividades em toda a fronteira, explorando madeira ilegalmente, mesmo dentro do território do Brasil".

Os ashaninka sustentam que a Forestal Venao também está apoiando a criação de novas terras indígenas do lado peruano, trazendo famílias de outras regiões. "As lideranças dessas comunidades estão aliadas com a empresa, com interesse de explorar madeira na fronteira do Brasil com o Peru. Isto, por exemplo, está acontecendo mais recentemente no rio Breu".

Para leitura da carta dos ashaninka, visite o blog da comunidade Apiwtxa.

Reportagem da Ucayalina TV, de Pucalpa, endossa a posição brasileira sobre o roubo da madeira do lado brasileiro.

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